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AULA 04_Filosofia_da_Religiao_II.pdf

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DEFESA DA DIALÉTICA<br />

“Há uma fábula alegórica sobre a raposa, a qual se tomou proverbial entre o povo. Conta-<br />

se que certo dia a raposa avistou uma cerejeira e procurou subi-la para regalar-se com os<br />

frutos. Como não pudesse alcançar as cerejas e caísse no chão, despeitou-se e disse: Não<br />

me interessam as cerejas, pois têm um sabor abominável. Do mesmo modo certos<br />

doutores de hoje, incapazes de perceber o valor dos argumentos dialéticos, desprezam-<br />

nos ao ponto de considerarem to<strong>da</strong>s as suas doutrinas como sofismas e de as reputarem<br />

por decepções ao invés de razões. Estes guias cegos de cegos, como já dizia o Apóstolo,<br />

não sabem do que falam, nem têm idéia <strong>da</strong>quilo que afirmam; condenam o que ignoram e<br />

censuram o que desconhecem. Cui<strong>da</strong>m ser mortal um sabor que jamais provaram.<br />

Chamam de estultice tudo aquilo que não entendem, e, de loucura o que são incapazes de<br />

compreender. Visto ser impossível refutar com a razão a quem carece de razão,<br />

trataremos, pelo menos, de sopear-lhes a presunção pelos testemunhos <strong>da</strong>s santas<br />

Escrituras em que pretendem apoiar-se.<br />

As diversi<strong>da</strong>des de opiniões na dialética, e também muitas erros na fé cristã se originam do<br />

fato de os hereges, com sua loquaci<strong>da</strong>de e com as armadilhas de suas afirmações,<br />

aliciarem muitas pessoas simples para as diversas seitas; é que tais pessoas destituí<strong>da</strong>s<br />

de todo treino na arte <strong>da</strong> argumentação, confundem a aparência com a ver<strong>da</strong>de, e o erro<br />

com o argumento. Para debelar esta peste é necessário que nos adestremos na disputa,<br />

consoante a advertência dos próprios doutores eclesiásticos; não é suficiente implorar do<br />

Senhor, pela oração, a inteligência <strong>da</strong>quilo que não compreendemos nas Escrituras, senão<br />

que devemos pesquisar, disputando uns com os outros. Por isso, ao expor as palavras do<br />

Senhor. Pedi e recebereis; procurai e achareis; batei e abrirse-vos-á , S. Agostinho diz (no<br />

Tratado sobre a Misericórdia): pedi rezando, procurai disputando, batei rogando, isto é,<br />

perguntando.<br />

Com efeito, não seremos capazes de rebater as investi<strong>da</strong>s dos hereges ou de quaisquer<br />

infiéis, se não soubermos refutar suas argumentações e invali<strong>da</strong>r seus sofismas com<br />

argumentos ver<strong>da</strong>deiros para que o erro ce<strong>da</strong> à ver<strong>da</strong>de e os sofismas recuem perante os<br />

dialéticos: sempre prontos, segundo a exortação de S. Pedro, a satisfazer a quem quer<br />

que nos peça razões <strong>da</strong> esperança ou <strong>da</strong> fé que nos anima.<br />

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claudiordutra@hotmail.com

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