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Cade o brincar (FINAL).indd - Prefeitura de Santo André

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100 FLÁVIA CRISTINA OLIVEIRA MURBACH DE BARROS<br />

Nessa mesma época (1870-1952), a médica Maria Montessori<br />

se <strong>de</strong>staca por valorizar os jogos sensoriais, <strong>de</strong> linguagem e matemáticos.<br />

O material dourado, tão conhecido nas escolas, foi criado<br />

por ela. Suas contribuições para a construção <strong>de</strong> materiais diversos<br />

trouxeram, para a época, subsídios para a educação especial.<br />

Essa contextualização histórica do <strong>brincar</strong> enfatiza ainda, <strong>de</strong> certa<br />

forma, o aparecimento <strong>de</strong> uma nova fase, principiada no século XVI,<br />

que, segundo Postman (1999), constitui o aparecimento da infância.<br />

No século XXI, essa etapa do ser humano parece estar <strong>de</strong>saparecendo,<br />

ante a ebulição capitalista e do consumo, que não valorizam as especificida<strong>de</strong>s<br />

da infância. Po<strong>de</strong>mos evi<strong>de</strong>nciar essa questão na própria<br />

forma como a criança é vista hoje. Não tem vez e voz na socieda<strong>de</strong> e<br />

suas necessida<strong>de</strong>s são moldadas pelos interesses do sistema que rege.<br />

As escolas intensificam a antecipação das etapas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

não tendo preocupações com as questões da psicologia, como se<br />

fosse um retorno ao século XVI, quando, em movimentos muito<br />

lentos, começava-se a perceber a criança, conceito que se firma, no<br />

Século das Luzes. Nos séculos XIX e XX, tais aspectos são incluídos<br />

diretamente no campo educacional, relacionando-se <strong>de</strong> modo mais<br />

concreto, com as práticas educativas. Atualmente, parece ocorrer<br />

um <strong>de</strong>smoronamento da construção da concepção <strong>de</strong> criança ativa<br />

e capaz, que, ao longo dos séculos, foi tentando se alicerçar. Nesse<br />

sentido, o <strong>brincar</strong> toma um valor pedagogizante ou, muitas vezes,<br />

nem sequer é realizado, em razão das gran<strong>de</strong>s exigências do mercado,<br />

uma vez que se retorna à questão <strong>de</strong> que essa ativida<strong>de</strong> é apenas um<br />

<strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> energia, numa visão naturalista <strong>de</strong> homem, sem conexão<br />

com suas experiências sociais.<br />

A cultura lúdica, durante a história, passou por várias transformações,<br />

sendo essas relevantes para a concepção <strong>de</strong> criança que temos<br />

hoje. Mesmo com tantas mudanças, a ativida<strong>de</strong> lúdica, <strong>de</strong>stacando<br />

o <strong>brincar</strong>, ainda não é vista como ativida<strong>de</strong> principal da criança. O<br />

<strong>brincar</strong> contribui para o processo <strong>de</strong> formação da subjetivida<strong>de</strong> do<br />

indivíduo, consi<strong>de</strong>rando que somos formados por nossas experiências<br />

sociais pelo contato com os objetos da cultura, durante nossa<br />

história <strong>de</strong> vida.

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