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Cade o brincar (FINAL).indd - Prefeitura de Santo André

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56 FLÁVIA CRISTINA OLIVEIRA MURBACH DE BARROS<br />

Essa repercussão travada na década <strong>de</strong> 1990 se apresenta como<br />

um alicerce processual da transferência do Ensino Fundamental<br />

para a Educação Infantil que, juntamente com a pressão da política<br />

dominante, com o passar dos anos e utilização dos RCNEI como<br />

receituários e com um formato antecipatório, tornou clara a obrigatorieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sta última em preparar as crianças para a primeira, o<br />

que po<strong>de</strong>mos traduzir como uma preparação da criança para etapas<br />

mais antecipadas. A antecipação da alfabetização, o disciplinamento<br />

das crianças, o uso <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s enfadonhas e sem sentido, apenas<br />

com função gráfica, fazem que diminua o envolvimento das crianças<br />

com ativida<strong>de</strong>s que tenham sentido e significado a elas, essenciais ao<br />

seu <strong>de</strong>senvolvimento, como as brinca<strong>de</strong>iras, as cantigas, as ativida<strong>de</strong>s<br />

artísticas e <strong>de</strong> expressão, pren<strong>de</strong>ndo-se apenas às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>codificação.<br />

Mesmo com tantos estudos e pesquisas direcionados à relevância<br />

do <strong>brincar</strong> e das ativida<strong>de</strong>s lúdicas para o <strong>de</strong>senvolvimento infantil,<br />

tais procedimentos ainda não são valorizados pela nossa socieda<strong>de</strong>.<br />

As alavancas políticas neoliberais e os i<strong>de</strong>ários dominantes introduzem,<br />

em diversos âmbitos da socieda<strong>de</strong>, a supervalorização do<br />

homem capitalista, reduzindo a relevância do homem – que, antes<br />

<strong>de</strong> tudo, é humano, forjado por suas apropriações socioculturais.<br />

Consequentemente, a educação escolar se reduz à <strong>de</strong>tenção <strong>de</strong> saberes<br />

e ao cumprimento <strong>de</strong> conteúdos, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando as especificida<strong>de</strong>s<br />

infantis. Salienta Mello (2005, p.39):<br />

É importante lembrar que a passagem do <strong>brincar</strong> ao estudar como<br />

ativida<strong>de</strong> por meio da qual a criança mais apren<strong>de</strong> não acontece num<br />

passe <strong>de</strong> mágica, <strong>de</strong> um momento pra outro. Ao contrário, é um<br />

processo por meio do qual, aos poucos, a criança vai <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> se<br />

relacionar com o mundo por meio da brinca<strong>de</strong>ira e começa a fazer<br />

do estudo a forma explícita <strong>de</strong> sua relação com o mundo.<br />

Por conseguinte, a escola, como espaço <strong>de</strong> múltiplas relações,<br />

precisa ser um espaço também para o <strong>brincar</strong>, oportunizando sua<br />

interação com o mundo.

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