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Anais VII SIC - UERN

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<strong>Anais</strong> do <strong>VII</strong> <strong>SIC</strong> 914<br />

casos. Arruda, Paula e Silva (2009) apontam a viabilidade dessa prática em função do hospital dia,<br />

da assistência domiciliar (home care) e das redes de apoio que abrigam a criança e sua família nesse<br />

período de tratamento ambulatorial. Assim, parte da assistência também é realizada pelos pais, em<br />

seus domicílios, havendo necessidade de orientações e apoios para que estes parceiros possam se<br />

sentir mais seguros para resolver problemas e atender as necessidades do filho(a).<br />

Quanto à situação conjugal, três mães eram casadas, uma estava divorciada, duas eram<br />

solteiras e uma era viúva. No geral quatro dessas mulheres acabavam sendo as responsáveis pelo lar<br />

e pelo sustento da família. Seabra (2009) aponta que a entrada da mulher no mercado de trabalho, as<br />

mudanças internas na família como as separações, os divórcios e a chefia familiar feminina são<br />

situações cada vez mais comuns. Pesquisas já demonstram que no Brasil 27,5% dos lares são<br />

gerenciados financeiramente pela figura da mulher, especialmente nas camadas menos favorecidas<br />

em nosso país. (FLECK; WAGNER, 2003)<br />

Pesquisa realizada com mulheres responsáveis pelo lar aponta que as múltiplas jornadas<br />

de trabalho, as estratégias para conciliar as responsabilidades domésticas com vida profissional, os<br />

diferentes níveis de exigências de produção do mercado, além da responsabilidade pelos cuidados<br />

aos filhos, são as suas principais dificuldades apontadas. (PERUCCHI; BEIRÃO, 2007)<br />

Em relação a escolaridade, três mulheres tinham segundo grau completo, três o ensino<br />

fundamental incompleto e apenas uma tinha nível superior com pós-graduação. Esse dado corrobora<br />

o estudo desenvolvido por Zago (2006) sobre a dificuldade ainda existente na população em realizar<br />

um curso superior, situação que tenderia a beneficiar a vida financeira das famílias.<br />

Considerando a ocupação, cinco das mães estavam sem realizar nenhum trabalho<br />

remunerado, enquanto apenas duas mantinham seus empregos após o diagnóstico do filho. É<br />

possível sugerir que a ausência de trabalho remunerado esteja relacionada com dois aspectos:<br />

primeiro com o diagnóstico da criança, sendo a mulher a principal responsável pelo cuidar, o que a<br />

faz deixar suas atividades em função da assistência aos outros. Outro aspecto diz respeito a<br />

caracterização da vida privada feminina, sendo a mulher responsável pelas atividades domésticas, o<br />

cuidado com a casa e os filhos, enquanto alguém se responsabiliza pelo provimento das<br />

necessidades financeiras do lar. Embora os cuidados com os filhos sejam tradicionalmente<br />

associados às mulheres, tem acontecido lentamente um rearranjo na sociedade, gerando um maior<br />

envolvimento dos pais com os filhos. (ARAÚJO; SCALON, 2005)<br />

No que diz respeito a quantidade de filhos, no geral, as mães tinham entre três e quatro<br />

filhos, sendo que três tinham apenas um filho e uma afirmou ter oito filhos. Quanto ao tempo de<br />

tratamento, havia crianças que se tratavam há um ano, enquanto outras estavam em<br />

acompanhamento há quase cinco anos, o que desvela ainda mais a peregrinação das famílias quando<br />

em tratamento oncológico, demandando mais tempo e paciência nesse percurso.<br />

Assim, no geral, as mulheres desse estudo não fogem a caracterização de outras<br />

pesquisas que apontam peregrinações e esforços, particularmente feminino, diante do tratamento de<br />

um familiar com problema oncológico. Oliveira, Santos e Marinho (2010) reforçam que de todos os<br />

familiares, quase sempre são as mães que acompanham a criança, passando a se dedicar<br />

exclusivamente ao filho doente e deixando em segundo plano as demais atividades diárias, desde a<br />

casa, o marido e os outros filhos e até o seu trabalho fora de casa. De fato, é preciso refletir a<br />

dinâmica cotidiana de atenção à saúde, inclusive nos serviços especializados, para que seja possível<br />

apoiar essas pessoas entendendo os seus contextos e necessidades e envolvendo outros atores nesse<br />

processo. (SANTOS; GONÇALVES, 2008)<br />

Sentimentos diante do problema oncológico: relato das mães<br />

Nos grupos focais, primeira aproximação com a amostra do estudo, pode-se elencar<br />

relatos relacionados aos sentimentos e anseios diante do diagnóstico de câncer no filho. Além disso,<br />

tornou-se evidente as diferentes formas de se posicionar diante dessa história familiar de<br />

ISBN: 978-85-7621-031-3

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