Anais VII SIC - UERN
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<strong>Anais</strong> do <strong>VII</strong> <strong>SIC</strong> 1001<br />
aumentando sua abrangência a cada ano, assim como há disseminação das infecções por<br />
estafilococcias.<br />
O tempo médio de permanência no hospital foi de 4,9 dias no estudo de Harris et al.<br />
(2011), sendo um pouco mais baixa que a encontrada no presente estudo, pois em âmbito local os<br />
pacientes ficaram internados por um tempo médio de 6,4 dias, enquanto que em nível estadual a<br />
média de permanência foi de 5,5 e federal de 5,7. Vale ressaltar que em nosso estudo houve<br />
correlação positiva significativa (p=0,006) entre tempo de internação e número de antibióticos<br />
utilizados, mas não houve correlação com idade do paciente (p=0,276).<br />
Outro aspecto importante a ser destacado refere-se ao diagnóstico das infecções, tendo<br />
em vista nortear diretamente a conduta terapêutica. O diagnóstico das infecções por estafilococcias<br />
na maioria das vezes foi realizada empiricamente, pois o exame clínico foi a única prova<br />
diagnóstica utilizada para determinar a doença e o tratamento em 96% (n=108) dos casos. Além<br />
disso, apenas 25% (n=5) dos exames foram requisitados pelo Hospital Regional, o que denota a<br />
fragilidade do sistema de saúde no que concerne à confirmação diagnóstica e, consequentemente,<br />
escolha do tratamento terapêutico. Devido a isso, em 95% (n=107) dos casos, houve cadastros com<br />
o CID (Classificação Internacional de Doenças) “A49.0 - Infecção estafilocócica não<br />
especificada”, de maneira que nenhum dos prontuários apresentava especificação da espécie<br />
bacteriana (Staphylococcus coagulase negativo, S. aureus MRSA ou MSSA), tendo como<br />
diagnóstico principal apenas “estafilococcia” em 65% (n=73) dos registros. Assim, esses resultados<br />
refletem a ausência de exames microbiológicos limitando a adequada classificação das infecções e,<br />
consequentemente, a terapêutica antibiótica apropriada à situação clínica apresentada.<br />
Além do diagnóstico, é importante identificar os locais mais comumente acometidos<br />
pelas estafilococcias. No presente estudo, as infecções encontraram-se instaladas em diferentes<br />
regiões do corpo, sendo as extremidades mais freqüentemente acometidas, com os membros<br />
inferiores representando 53% (n=60) e os membros superiores 9% (n=10). Além disso, houve<br />
preseça de lesões disseminadas na pele, na face, nádegas, infecções pós-cirúrgicas, costas, pálpebra,<br />
entre outros locais. No laboratório, 15% da coleta do material foi retirada dos membros inferiores e<br />
50% não discriminaram o local da coleta, confirmando que muitas vezes a falta de detalhes e de<br />
critério na hora do preenchimento ou requisição prejudicam a execução da pesquisa. Os sinais e<br />
sintomas locais e sistêmicos da infecção foram diversos, podendo ser destacados dor, odor, edema,<br />
sinais puriginosos, necrose de tecido, palidez local e sistêmica, desitratação, febre, entre outras<br />
manifestações. Vale salientar que 73% (n=83) dos pacientes de 2009 apresentaram alterações<br />
sistêmicas registradas no prontuário. Entre os sinais apresentandos, houve associação significativa<br />
apenas entre tempo de internação e presença de secreção purulenta, denotando o favorecimento de<br />
desenvolvimento de carbúnculos e celulites quando há internação mais prolongada.<br />
No estudo de Stevens et. al. (2010) realizado no Alasca, ao avaliar infecções por<br />
estafilococos, verificaram-se nas nádegas e coxas furúnculos isolados (45,9%) e múltiplos (41,2%),<br />
além de 66% das infecções serem celulite nas extremidades do corpo. Nesse contexto, entre as<br />
infecções frequentemente associadas ao S. aureus, encontram-se furúnculo, carbúnculo, hordéolo<br />
(terçol) e abscessos em diferentes locais do corpo. A foliculite simples e impetigo, bem como<br />
furúnculos e carbúnculos que atingem tecidos subcutâneos podem desenvolver sintomatologia<br />
sistêmica como febre. Por outro lado, as infecções pós-cirúrgicas de feridas podem atuar como foco<br />
para desenvolvimento de infecções sistêmicas. (KONEMAN et al, 2008; TORTORA; FUNKE &<br />
CASE, 2005)<br />
Apesar de o diagnóstico ser prioritariamente clínico e haver ausência de solicitação de<br />
antibiograma para testes de sensibilidade bacteriana, a antibioticoterapia foi utilizada como<br />
tratamento em 100% dos casos em todos os anos, sendo utilizados pelo menos dois tipos de<br />
antibióticos para cada paciente. Os grupos das penicilinas (45% em 2008; 60% em 2009 e 36% em<br />
2010) e das cefalosporinas (100% em 2008; 93% em 2009 e 86% em 2010) foram os mais<br />
presentes. Outros grupos de antibióticos foram prescritos, tais como: aminoglicosídeos, quinolonas,<br />
ISBN: 978-85-7621-031-3