Anais VII SIC - UERN
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<strong>Anais</strong> do <strong>VII</strong> <strong>SIC</strong> 974<br />
INTRODUÇÃO<br />
Nas últimas décadas tem crescido vertiginosamente a busca por alternativas para<br />
conter a devastação dos recursos naturais, assim como o desenvolvimento de sistemas de manejo<br />
sustentável para a manutenção da diversidade biológica. Muitas formas de manejo dos<br />
ecossistemas têm sido propostas ao longo do tempo. Entretanto muitas delas se caracterizam pela<br />
desvinculação das populações humanas que habitam e vivem tradicionalmente nos diversos<br />
ecossistemas. Baseados em uma visão holística dos fenômenos biológicos, vários estudiosos se<br />
dedicam a revelar o conhecimento que comunidades tradicionais, especialmente as indígenas<br />
possuem em seu entorno (TOLEDO et a, 1995).<br />
Neste contexto, a etnobiologia associa os conhecimentos das ciências naturais e<br />
sociais para captar a amplitude de conhecimentos, classificação e uso dos recursos naturais<br />
vindos das sociedades e indígenas (POSSEY, 1987). No âmbito da etnobiologia, um dos campos<br />
com maior concentração de trabalhos é a Etnobotânica, ao lado de outros como a<br />
etnofarmacologia (BEGOSSI, 1993). Inclui todos os estudos concernentes a relação mútua entre<br />
populações tradicionais e as plantas. Apresenta como característica básica de estudo, o contato<br />
direto com as populações tradicionais, procurando uma aproximação em vivência que permitam<br />
conquistar a confiança das mesmas, resgatando assim, todo o conhecimento possível sobre a<br />
relação de afinidade entre o ser humano e as plantas de uma comunidade COTTON, (1996).<br />
A população brasileira, de um modo geral, guarda um saber significativo a respeito<br />
de métodos alternativos de cura das doenças mais frequentes. As comunidades tradicionais<br />
possuem uma bagagem maior sobre o assunto, porém sofre ameaça constante devido à influência<br />
direta da medicina ocidental moderna e pelo desinteresse dos jovens da comunidade,<br />
interrompendo assim o processo de transmissão do saber entre as gerações (AMOROSO, 1996).<br />
A partir de levantamentos das potencialidades dos recursos vegetais disponíveis a<br />
uma determinada comunidade, pode-se traçar planos de recuperação e de conservação da área<br />
estudada, assim como a otimização dos usos originais atribuídos pelos moradores,<br />
complementando a renda da população ao mesmo tempo em que ampliam as perspectivas das<br />
gerações futuras usufruírem destes recursos (ROQUE et al, 2010).<br />
Desta forma, este trabalho realizou o levantamento etnobotânico de espécies vegetais<br />
utilizadas para fins medicinais por especialistas locais na comunidade rural de Areia Branca,<br />
município de Assú, RN. Também se objetivou conhecer: 1) as partes das plantas utilizadas nas<br />
preparações; 2) as principais doenças combatidas; 3) as formas de preparo dos medicamentos; 4)<br />
os valores de uso de cada espécie.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
A Floresta Nacional de Assú (FLONA/Assú-RN) se localiza no sudoeste do sítio<br />
urbano da cidade de Assú, região central do Estado do Rio Grande do Norte a (16º54’33’’W;<br />
5º34’20’’S), apresenta uma área de aproximadamente 518,18 ha (ver MELO, 2005). Mantém<br />
ligação (corredor ecológico) com a principal fonte de recursos hídricos da área: a Lagoa do<br />
Piató. Segundo a classificação de Köeppen, o clima é do tipo "Bswh", seco, muito quente e com<br />
estação chuvosa de Março a Abril (PORTAL BRASIL, 2010). Caracteriza-se como um<br />
ecossistema típico de caatinga hiperxerófila, com um aspecto fisionômico marcado por uma<br />
ISBN: 978-85-7621-031-3