5. CONSIDERAÇÕES FINAISO presente estu<strong>do</strong> procurou compreender a relação <strong>entre</strong> a Imagem Corporal,Autoconceito, Auto-Estima, Ansiedade e <strong>as</strong> PCA na a<strong>do</strong>lescência.Pode-se concluír que a percepção de excesso de peso, insatisfação corporal, a diminuiçãoda auto-estima e da percepção de competência nos <strong>do</strong>mínios da aparência física, competênciaatlética, atracção romântica, aceitação social, competência escolar e o aumento de sintom<strong>as</strong> deansiedade, sobretu<strong>do</strong> relaciona<strong>do</strong>s com a Fobia Social, estão significativamente relaciona<strong>do</strong>scom o aumento risco de PCA. Por outro la<strong>do</strong>, pode-se constatar que a insatisfação corporalestá <strong>as</strong>sociada à diminuição da auto-estima e ao aumento de sintom<strong>as</strong> de ansiedade. Por fim, ainsatisfação corporal, a auto-estima e a Fobia Social emergiram como fortes predictores derisco de PCA. Estes resulta<strong>do</strong>s vão ao encontro <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s por outros estu<strong>do</strong>s que,embora utilizem diferentes meto<strong>do</strong>logi<strong>as</strong>, abordam os mesmos constructos.Na medida em que a obesidade constitui um problema de saúde pública actual, importaainda realçar a relação encontrada <strong>entre</strong> o aumento <strong>do</strong> IMC e o risco de PCA e insatisfaçãocorporal. Estu<strong>do</strong>s recentes têm demonstra<strong>do</strong> que a<strong>do</strong>lescentes com excesso de peso eobesidade apresentam maior insatisfação corporal, níveis mais baixos de auto-estima, níveiseleva<strong>do</strong>s de ansiedade, mais atitudes alimentares perturbad<strong>as</strong> e maior risco para desenvolverPCA (Bjornely et al., 2011; Branco et al., 2006; Downs et al., 2007; Huang et al., 2006;Lawler & Nixon, 2011; Russo et al., 2011).Como mais-valia <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong>, destaca-se o facto de relacionar <strong>factores</strong>psicológicos fundamentais durante a a<strong>do</strong>lescência e <strong>as</strong> PCA, cujo pico de desenvolvimento seencontra nesta f<strong>as</strong>e <strong>do</strong> ciclo de vida. No entanto, salientam-se algum<strong>as</strong> limitações.Em primeiro lugar, face à baixa consistência interna encontrada n<strong>as</strong> subescal<strong>as</strong> Obsessão-Compulsão e Me<strong>do</strong> de Danos Físicos <strong>do</strong> Spence Children’s Anxiety Scale, não foi possívelutilizá-l<strong>as</strong>. Possíveis caus<strong>as</strong> para esta situação podem estar relacionad<strong>as</strong> com o contexto deaplicação da prova, investiga<strong>do</strong>r, com a dimensão reduzida da amostra ou com característic<strong>as</strong>da própria escala (Urbina, 2007). Assim, é importante aferir novamente <strong>as</strong> qualidadespsicométric<strong>as</strong> <strong>do</strong> Spence Children’s Anxiety Scale numa amostra de maior dimensão, nosenti<strong>do</strong> de compreender se é o instrumento mais adequa<strong>do</strong> para avaliar a ansiedade ema<strong>do</strong>lescentes.Em segun<strong>do</strong> lugar, os baixos níveis de Risco de PCA, Obsessão por Emagrecer, Bulimia,Insatisfação Corporal e Ansiedade e os níveis eleva<strong>do</strong>s de Autoconceito e Auto-Estima31
poderão estar relaciona<strong>do</strong>s com o facto da recolha da amostra ter decorri<strong>do</strong> em contexto desaúde, poden<strong>do</strong> levar a efeitos de desejabilidade social. Por outro la<strong>do</strong>, a morosidade <strong>do</strong>preenchimento <strong>do</strong>s questionários, poderá ter leva<strong>do</strong> a enviesamentos n<strong>as</strong> respost<strong>as</strong> <strong>do</strong>sparticipantes.Por fim, <strong>as</strong> diferenç<strong>as</strong> encontrad<strong>as</strong> <strong>entre</strong> grupos (raça, sexo, prática de exercício físico)devem ser interpretad<strong>as</strong> com precaução, na medida em que os grupos não têm, em geral, umadimensão estatisticamente significativa (i.é., N>30). Por essa mesma razão, não foi possívelanalisar algum<strong>as</strong> variáveis sociodemográfic<strong>as</strong>. Mais, apesar de não ser possível generalizar osresulta<strong>do</strong>s à população, acrescenta-se o facto da amostra ser constituída maioritariamente porraparig<strong>as</strong>, tornan<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong> menos sensível às possíveis relações <strong>entre</strong> variáveis para o sexom<strong>as</strong>culino.Estu<strong>do</strong>s futuros poderão focar <strong>as</strong> relações <strong>entre</strong> o Autoconceito, Auto-Estima, ImagemCorporal, Ansiedade e <strong>as</strong> PCA, procuran<strong>do</strong> compreender <strong>as</strong> diferenç<strong>as</strong> de género, utilizan<strong>do</strong>uma amostra mais representativa, bem como outros instrumentos.A pertinência de estudar <strong>as</strong> diferenç<strong>as</strong> de género prende-se com o facto de vários estu<strong>do</strong>sapontarem para um aumento gradual de atitudes alimentares perturbad<strong>as</strong> no sexo m<strong>as</strong>culino(e.g., Herpetz-Dahlnann et al., 2008, cit. por Costarelli et al., 2011) e, por outro la<strong>do</strong>, deexistirem algum<strong>as</strong> contradições na literatura.Por exemplo, no que diz respeito à auto-estima, alguns estu<strong>do</strong>s apontam para a nãoexistência de diferenç<strong>as</strong> de género na magnitude d<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociações <strong>entre</strong> auto-estima e PCA(Kerremans et al., 2010) e outros sugerem que a auto-estima está significativamente <strong>as</strong>sociadaao risco de PCA, apen<strong>as</strong> no sexo feminino (Russo et al., 2011). Por outro la<strong>do</strong>, o estu<strong>do</strong>realiza<strong>do</strong> por Neumark-Szttainer, Wall, Haines, Story, Sherwood e Berg (2007) demonstrouque a auto-estima é um factor protector para o desenvolvimento de PCA em a<strong>do</strong>lescentesfeminin<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> não tem qualquer <strong>as</strong>sociação com PCA em a<strong>do</strong>lescentes m<strong>as</strong>culinos.Relativamente à ansiedade, de acor<strong>do</strong> com Whitehead (2008, cit. por Russo et al., 2011),esta parece aumentar os comportamentos para emagrecer e a compulsão alimentar ema<strong>do</strong>lescentes feminin<strong>as</strong> com peso normal. Já nos resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s por Russo et al. (2011), aansiedade está significativamente correlacionada com o risco de PCA em ambos os sexos.Em conclusão, a Imagem Corporal, o Autoconceito, a Auto-Estima e a Ansiedade, paraalém de serem <strong>as</strong>pectos fundamentais no bem-estar <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes, devem ser considera<strong>do</strong>sna compreensão e prevenção de PCA nesta f<strong>as</strong>e <strong>do</strong> ciclo de vida.Deste mo<strong>do</strong>, promover uma imagem corporal positiva, aumentar a auto-estima e acompetência percebida nos seus diversos <strong>do</strong>mínios, diminuír os níveis de ansiedade e32
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