(“quem/o que sou eu?”) e componentes avaliativos (“como é que me sinto comigo?”). Osprimeiros incluem crenç<strong>as</strong> sobre atributos específicos de uma pessoa em relação a si própria,papéis, valores e competênci<strong>as</strong> pessoais. Os segun<strong>do</strong>s incluem a auto-estima e auto-avaliaçãoglobal <strong>do</strong> indivíduo. Ou seja, o autoconceito teria um carácter essencialmente cognitivo ecorresponderia ao conjunto de crenç<strong>as</strong> que os indivíduos possuem acerca de si próprios,enquanto a auto-estima seria a componente afectiva da representação que a pessoa constrói(Campbell & Lavalle, 1993, cit. por Peixoto, 2003).De acor<strong>do</strong> com Coopersmith (1967, cit. por Avanci, Assis, César <strong>do</strong>s Santos & Oliveira,2007), a auto-estima pode ser entendida como a avaliação que a pessoa faz em relação a siprópria, reflecte uma atitude de aprovação ou desaprovação em relação a si e envolve o autojulgamentoem relação à competência e valor, o qual é expresso através d<strong>as</strong> atitudes que apessoa tem consigo mesma. Rosernberg (1986, cit. por Janeiro, 2008) considera a auto-estimacomo uma atitude positiva ou negativa em relação ao self, a qual implica um sentimento devalor. No mesmo senti<strong>do</strong>, Harter (1993a, cit. por Peixoto, 2003) compreende a auto-estimaenquanto a visão global que a pessoa tem de si própria, com uma componente essencialmenteafectiva.Em suma, de acor<strong>do</strong> com Peixoto (2003), a distinção <strong>entre</strong> autoconceito e auto-estima éclara quer <strong>do</strong> ponto de vista conceptual quer <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong>s instrumentos de avaliação.Em termos conceptuais, pode-se definir o autoconceito como o conjunto derepresentações, resultantes de avaliações de cariz cognitivo, relativ<strong>as</strong> a <strong>do</strong>mínios específicosde competência e ao seu sumatório (i.é., autoconceito global). Por outro la<strong>do</strong>, a auto-estimapossui uma forte componente afectiva e corresponde a avaliações de cariz global.Relativamente às questões meto<strong>do</strong>lógic<strong>as</strong>, em alguns instrumentos de avaliação <strong>do</strong>autoconceito global este é obti<strong>do</strong> através <strong>do</strong> sumatório <strong>do</strong>s autoconceitos n<strong>as</strong> diferentesdimensões <strong>do</strong> mesmo (e.g., Escala de Piers Harris). Por seu turno, em escal<strong>as</strong> de avaliação daauto-estima global (e.g., Rosernberg; Perfis de Autoconceito de Susan Harter), esta é obtida apartir de respost<strong>as</strong> a itens que apelam a uma auto-avaliação global por parte <strong>do</strong> sujeito, nãosen<strong>do</strong>, portanto, inferida por <strong>do</strong>mínios específicos de competência.Característic<strong>as</strong> <strong>do</strong> Autoconceito e da Auto-estimaDe acor<strong>do</strong> com Shavelson, Hubner e Stanton (1976, cit. por Peixoto, 2003), oautoconceito apresenta <strong>as</strong> seguintes característic<strong>as</strong>: 1) é organiza<strong>do</strong> e estrutura<strong>do</strong>, na medidaem que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> categorizam a informação sobre si propri<strong>as</strong> e inter-relacionam ess<strong>as</strong>57
categori<strong>as</strong>; 2) é multidimensional, ou seja, é constituí<strong>do</strong> por diferentes dimensões (e.g.,autoconceito social, autoconceito físico); 3) é hierárquico, encontran<strong>do</strong>-se o autoconceitoglobal no topo da hierarquia; 4) é estável no topo da hierarquia embora essa estabilidade setorne progressivamente menor à medida que se desce na hierarquia; 5) torna-seprogressivamente multifaceta<strong>do</strong> com a idade; e 6) possui uma dimensão descritiva eavaliativa.O modelo hierárquico de organização <strong>do</strong> autoconceito proposto inicalmente porShavelson et al. (1976, cit. por Peixoto, 2003) sugere que o autoconceito global se subdivideem autoconceito académico e autoconceito não académico, os quais, por sua vez, sesubdividem, por exemplo, em autoconceito matemático e autoconceito da língua materna, eautoconceito físico e autoconceito social, respectivamente. No entanto, alguns autores foramefectuan<strong>do</strong> algum<strong>as</strong> alterações quanto à sua organização (e.g., Marsh, 1997).Outros autores (e.g., Harter, 1985, cit. por Candei<strong>as</strong>, 1999), defendem uma organizaçãoconcêntrica <strong>do</strong> autoconceito. Assim, de acor<strong>do</strong> com este modelo, o essencial é compreender odiferente significa<strong>do</strong> que os vários <strong>as</strong>pectos <strong>do</strong> autoconceito têm para cada indivíduo, bemcomo a forma como estes valorizam <strong>as</strong> diferentes facet<strong>as</strong> <strong>do</strong> self. Este modelo b<strong>as</strong>eia-se nopressuposto de que nem tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> dimensões <strong>do</strong> autoconceito contribuem da mesma forma parao sentimento d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>, existin<strong>do</strong> dimensões determinantes para o valor que cada pessoaatribui a si própria e outr<strong>as</strong> menos relevantes. Neste senti<strong>do</strong>, o peso e contribuição de cadadimensão depende da sua centralidade.Relativamente à auto-estima, esta pode ser considerada como o resulta<strong>do</strong> de umaavaliação global <strong>do</strong> indivíduo, é unidimensional e tem uma forte componente afectiva. Destaforma, pode ser cl<strong>as</strong>sificada como positiva/negativa ou elevada/baixa (Peixoto, 2003).Relação <strong>entre</strong> o Autoconceito e a Auto-estima e sua Relação com Outr<strong>as</strong> VariáveisPara alguns autores que distinguem autoconceito e auto-estima, esta última engloba oautoconceito, constituin<strong>do</strong> a sua componente afectiva (e.g., Osborne, 1996, cit. por Peixoto,2003). Outros autores (e.g., Harter, 1999) consideram que a auto-estima resulta não <strong>do</strong> merosumatório d<strong>as</strong> diferentes auto-percepções, m<strong>as</strong> da relação dest<strong>as</strong> com a importância atribuidaàs diferentes facet<strong>as</strong> <strong>do</strong> autoconceito.Com b<strong>as</strong>e no modelo de James, Harter considera que a auto-estima resulta dadiscrepância <strong>entre</strong> a percepção de competência nos diferentes <strong>do</strong>mínios <strong>do</strong> autoconceito e aimportância dada a esses <strong>do</strong>mínios. Considera ainda que o autoconceito apen<strong>as</strong> é influencia<strong>do</strong>58
- Page 1 and 2:
A RELAÇÃO ENTRE FACTORES PSICOLÓ
- Page 3:
AGRADECIMENTOSEm primeiro lugar, n
- Page 7 and 8:
LISTA DE TABELASTabela 1. Análise
- Page 9 and 10:
Neste sentido, face às intensas al
- Page 11 and 12:
2. MÉTODO2.1. Delineamento de Inve
- Page 13 and 14: Sozinho/a 5 6,3%Colégio 1 1,3%Esta
- Page 15 and 16: Perturbação do Comportamento Alim
- Page 17 and 18: nenhum diagnóstico de PCA, as nota
- Page 19 and 20: 2) Aceitação Social - AC (2. 10,
- Page 21 and 22: entanto, segundo Spence (1997), é
- Page 23 and 24: Para a análise das PCA, Insatisfa
- Page 25 and 26: Quanto ao Sexo, verificaram-se dife
- Page 27 and 28: Tabela 6. Distribuição da Compet
- Page 29 and 30: Para a Raça, foram encontradas dif
- Page 31 and 32: 4. DISCUSSÃOO primeiro objectivo e
- Page 33 and 34: vários estudos, segundo os quais,
- Page 35 and 36: Observa-se também que o Autoconcei
- Page 37 and 38: Perturbações de Ansiedade General
- Page 39 and 40: poderão estar relacionados com o f
- Page 41 and 42: 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASAssu
- Page 43 and 44: Croll, J. (2005). Body Image and Ad
- Page 45 and 46: Lewis-Fernandez, R., Hinton, D., La
- Page 47 and 48: Shaw, H., Ramirez, J., Trost, A., R
- Page 49 and 50: ANEXO A“Revisão de Conceitos”C
- Page 51 and 52: Associadas às mudanças pubertári
- Page 53 and 54: De acordo com a perspectiva de Erik
- Page 55 and 56: modificada por factores pessoais (e
- Page 57 and 58: CAPÍTULO III - PERTURBAÇÕES DO C
- Page 59 and 60: Perturbações do Comportamento Ali
- Page 61 and 62: Outro aspecto que parece estar rela
- Page 63: atribuído pela pessoa a essa mesma
- Page 67 and 68: comportamentais. Por outro lado, o
- Page 69 and 70: A ansiedade patológica pode ser re
- Page 71 and 72: de perder o controlo ou de enlouque
- Page 73 and 74: ou tensão interior; 2) Fadiga fác
- Page 75 and 76: Candeias, M. (1999). A auto-represe
- Page 77 and 78: Grogan, S. (2008). Body Image: Unde
- Page 79 and 80: Russo, J., Brennan, L., Walkley, J.
- Page 81 and 82: ANEXO B“Consentimento Informado
- Page 83 and 84: II. Perceived Competence for Adoles
- Page 85 and 86: Exacta/ComoeuMais ouMenoscomoeuםם
- Page 87 and 88: III Inventário de Perturbação do
- Page 89 and 90: NuncaRaramenteÀs vezesComfrequênc
- Page 91 and 92: NuncaÀs VezesFrequentementeSempre1
- Page 93 and 94: Fiabilidade dos InstrumentosReliabi
- Page 95 and 96: ValidNíveis de Autoconceito Global
- Page 97 and 98: Estado CivílTests of NormalityKolm
- Page 99 and 100: Test Statistics aCE AS CA AR C AI A
- Page 101 and 102: CEASCAAFARCAIAETests of NormalityPr
- Page 103 and 104: scasT SA SP PA GAMann-Whitney U 361
- Page 105 and 106: Análise da Relação entre Imagem
- Page 107: Model Summary bModel R R Square Adj