1. INTRODUÇÃOA a<strong>do</strong>lescência é marcada por profund<strong>as</strong> alterações biológic<strong>as</strong>, psicológic<strong>as</strong> e sociais, queexigem aos jovens a realização de uma série de taref<strong>as</strong> desenvolvimentais, no senti<strong>do</strong> deadquirir uma identidade estável e um sentimento de autonomia interior (Ferreira & Nel<strong>as</strong>,2006; Sprinthall & Collins, 2011). Segun<strong>do</strong> Cordeiro (2009), a a<strong>do</strong>lescência é uma f<strong>as</strong>e comalguns riscos, apesar da sua normalidade, e com alguma carência de <strong>factores</strong> protectores,resiliência e conhecimento. É uma f<strong>as</strong>e caracterizada por uma normal instabilidade, dúvid<strong>as</strong>,angústi<strong>as</strong> e “abanões” afectivos. Porém, dificuldades na adaptação às transformaçõescaracterístic<strong>as</strong> desta f<strong>as</strong>e, poderão tornar os jovens mais vulneráveis para diferentes tipos deproblem<strong>as</strong> emocionais e comportamentais, tais como insatisfação corporal, ansiedade, baixaauto-estima e problem<strong>as</strong> <strong>do</strong> comportamento alimentar (Kerremans, Claes & Bijttebier, 2010).De acor<strong>do</strong> com a literatura, a maior prevalência de Perturbações <strong>do</strong> ComportamentoAlimentar (PCA) encontra-se <strong>entre</strong> os 12 e 25 anos de idade (Rodriguez-Fernandez & Goñi,2012), embora o pico para o seu desenvolvimento se situe <strong>entre</strong> os 16/17 anos (Bravender etal., 2010; Ogden, 2002).As PCA podem ser entendid<strong>as</strong> como perturbações complex<strong>as</strong> e multidimensionais quereflectem a interacção <strong>entre</strong> <strong>factores</strong> psicológicos, biológicos e socio-culturais. Manifestam-sepor comportamentos alimentares patológicos e têm consequênci<strong>as</strong> séri<strong>as</strong> na qualidade de vida(Maximiano, Miranda, Tomé, Luís & Maia, 2004), saúde física e psicossocial (Costarelli,Antonopoulou & Mavrovounioti, 2011; Ogden, 2002). Caracterizam-se ainda por umapreocupação intensa não só com o corpo, m<strong>as</strong> com o peso e com os alimentos (Souto & Ferro-Bucher, 2006, cit. por Carvalho, Amaral & Ferreira, 2009; Ferreira & Veiga, 2010).Um <strong>as</strong>pecto central para o desenvolvimento dest<strong>as</strong> perturbações é a Imagem Corporal.Esta pode ser entendida como um constructo dinâmico e multidimensional (Croll, 2005;Dam<strong>as</strong>ceno, Vianna, Vianna, Lacio, Lima & Novaes, 2006), que reflecte a concepção internae subjectiva sobre o próprio corpo (Carvalho et al., 2009) e engloba <strong>as</strong> percepções,pensamentos, atitudes, comportamentos e emoções de uma pessoa em relação ao seu corpo(Carvalho et al., 2009; Del Ciampo & Del Ciampo, 2010; Grogan, 2008; Weinshenker, 2002).Segun<strong>do</strong> Maximiano et al. (2004), o conceito de Imagem Corporal n<strong>as</strong> PCA envolve du<strong>as</strong>componentes principais: avaliação <strong>do</strong> tamanho <strong>do</strong> corpo (tarefa perceptiva) e atitudes ousentimentos em relação ao corpo.1
Neste senti<strong>do</strong>, face às intens<strong>as</strong> alterações corporais que ocorrem na a<strong>do</strong>lescência e aospadrões de beleza estabeleci<strong>do</strong>s pela sociedade, alcançar um corpo ideal torna-se uma tarefadifícil, poden<strong>do</strong> levar a níveis eleva<strong>do</strong>s de insatisfação corporal (Croll, 2005; Dam<strong>as</strong>ceno etal., 2006; Grogan, 2008). Consequentemente, muitos jovens recorrem a estratégi<strong>as</strong> decontrolo de peso, tais como diet<strong>as</strong> restritiv<strong>as</strong>, excesso de exercício físico, uso de esteróidesanabolizantes e outros méto<strong>do</strong>s pouco saudáveis (e.g., vómito, laxantes), tornan<strong>do</strong>-os maisvulneráveis para o desenvolvimento de outr<strong>as</strong> perturbações, nomeadamente PCA (Dam<strong>as</strong>cenoet al., 2006; Del Ciampo & Del Ciampo, 2010).Para além da relação <strong>entre</strong> a Imagem Corporal e <strong>as</strong> PCA na a<strong>do</strong>lescência, os estu<strong>do</strong>s têmprocura<strong>do</strong> relacionar esta problemática com outros <strong>factores</strong> psicológicos, nomeadamenteAuto-Estima, Autoconceito e Ansiedade.Segun<strong>do</strong> Peixoto (2003), o Autoconceito pode ser defini<strong>do</strong> como o conjunto derepresentações resultantes de avaliações de cariz cognitivo, relativamente a <strong>do</strong>míniosespecíficos de competência e ao seu sumatório (i.é., autoconceito global). Por seu turno, aAuto-Estima corresponde a avaliações de cariz global e possui uma forte componenteafectiva.Relativamente à Ansiedade, esta pode ser definida como uma resposta adaptativa <strong>do</strong>organismo, caracterizada por um conjunto de respost<strong>as</strong> fisiológic<strong>as</strong>, vivenciais,comportamentais e cognitiv<strong>as</strong>, que se traduzem num esta<strong>do</strong> de activação e alerta face a umsinal de perigo ou ameaça à integridade física ou psicológica (Ruiz, Cuadra<strong>do</strong> & Rodriguez,2001). No entanto, a ansiedade pode tornar-se patológica quan<strong>do</strong> deixa de ser adaptativa,quan<strong>do</strong> o perigo a que pretende responder não é real ou quan<strong>do</strong> o nível de activação e duraçãosão desproporciona<strong>do</strong>s em relação à situação objectiva (C<strong>as</strong>tillo, Recon<strong>do</strong>, Asbahr & Manfro,2000; Rosen & Schulkin, 1998; Ruiz et al., 2001).De acor<strong>do</strong> com o estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por Costarelli et al. (2011), os a<strong>do</strong>lescentes comatitudes alimentares perturbad<strong>as</strong> apresentaram níveis eleva<strong>do</strong>s de ansiedade, maiorpreocupação com o peso e menor percepção de competência nos <strong>do</strong>mínios da aparência físicae atracção romântica. Est<strong>as</strong> dimensões revelaram-se fortes predictores de atitudes alimentaresperturbad<strong>as</strong>. No entanto, em relação à auto-estima, embora esta tenha si<strong>do</strong> <strong>as</strong>sociada aatitudes alimentares negativ<strong>as</strong>, <strong>as</strong> correlações não se mostraram significativ<strong>as</strong>.Em contrapartida, os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s por Kerremans et al. (2010) revelaram não só aexistência de relações significativ<strong>as</strong> <strong>entre</strong> sintom<strong>as</strong> de perturbação alimentar e a percepção decompetência no <strong>do</strong>mínio da aparência física, m<strong>as</strong> também <strong>entre</strong> estes sintom<strong>as</strong> e a autoestimaglobal.2
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A ansiedade patológica pode ser re
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