De acor<strong>do</strong> com a literatura, <strong>as</strong> raparig<strong>as</strong> tendem a estar mais insatisfeit<strong>as</strong> com o seucorpo, a<strong>do</strong>ptan<strong>do</strong> frequentemente estratégi<strong>as</strong> para perder peso, nomeadamente diet<strong>as</strong>restritiv<strong>as</strong>, prática excessiva de exercício físico e outros méto<strong>do</strong>s de controlo de peso poucosaudáveis (e.g., vómito, uso de laxantes). No entanto, os rapazes também apresentam níveisde insatisfação corporal, <strong>as</strong>piran<strong>do</strong> um corpo mesomórfico, isto é, viril e com um bomdesenvolvimento muscular, a<strong>do</strong>ptan<strong>do</strong>, frequentemente estratégi<strong>as</strong> como excesso de exercíciofísico e consumo de esteróides anabolizantes (Dam<strong>as</strong>ceno et al., 2006; Del Ciampo & DelCiampo, 2010; Ogden, 2002).Estes comportamentos, poderão colocar os jovens em risco para o desenvolvimento deperturbações <strong>do</strong> comportamento alimentar, perturbações dismórfic<strong>as</strong> corporais e dismorfi<strong>as</strong>musculares, comprometen<strong>do</strong>, dessa forma, a sua saúde (Croll, 2005; Dam<strong>as</strong>ceno et al., 2006;Del Ciampo & Del Ciampo, 2010; Weinshenker, 2002).De acor<strong>do</strong> com alguns estu<strong>do</strong>s, existem diversos <strong>factores</strong> psicológicos que estãorelaciona<strong>do</strong>s com a insatisfação corporal, nomeadamente baixa auto-estima, autoconceito,ansiedade, depressão e tendênci<strong>as</strong> obsessivo-compulsiv<strong>as</strong> em relação à alimentação(Costarelli, Antonopoulou & Mavrovounioti, 2011; Dam<strong>as</strong>ceno et al., 2010; Martins, Nunes& Noronha, 2008; Perrin, Boone-Heinone, Field, Coyne-Be<strong>as</strong>ley & Gor<strong>do</strong>n-Larsen, 2010;Silva et al., 2009; Weinshenker, 2002). A insatisfação corporal parece constituír um <strong>do</strong>sprincipais <strong>factores</strong> de risco para o desenvolvimento de perturbações <strong>do</strong> comportamentoalimentar (Costarelli et al., 2011; Lawler & Nixon. 2011).Um outro <strong>as</strong>pecto que parece estar significativamente <strong>as</strong>socia<strong>do</strong> à insatisfação corporal éo índice de m<strong>as</strong>sa corporal (IMC). Neste senti<strong>do</strong>, os estu<strong>do</strong>s apontam para que quanto maiorfor o IMC, maior será o nível de insatisfação corporal (Branco, Hilário & Cintra, 2006;Downs, DiNallo, Savage & Davison. 2007; Lawler & Nixon, 2011).Por fim, a prática de actividade física também parece ser uma factor relevante para aimagem corporal, no senti<strong>do</strong> em que indivíduos fisicamente activos parecem ter níveissuperiores de satisfação corporal (Mati<strong>as</strong>, Rolim, Kretzer, Schmoetz & Andrade, 2010).49
CAPÍTULO III – PERTURBAÇÕES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR (PCA)DefiniçãoAs Perturbações <strong>do</strong> Comportamento Alimentar (PCA) são perturbações complex<strong>as</strong> emultidimensionais que reflectem a interacção <strong>entre</strong> <strong>factores</strong> psicológicos, biológicos e socioculturais.Manifestam-se por comportamentos alimentares patológicos e têm consequênci<strong>as</strong>séri<strong>as</strong> na qualidade de vida (Maximiano et al., 2004), saúde física e psicossocial (Costarelli etal., 2011; Ogden, 2002). Caracterizam-se ainda por uma preocupação intensa não só com ocorpo, m<strong>as</strong> com o peso e com os alimentos (Souto & Ferro-Bucher, 2006, cit. por Carvalho,Amaral & Ferreira, 2009; Ferreira & Veiga, 2010).Dentro d<strong>as</strong> PCA destacam-se a Anorexia Nervosa (AN) e a Bulimia Nervosa (BN). Noentanto, dependen<strong>do</strong> da intensidade e frequência <strong>do</strong>s sintom<strong>as</strong>, estes podem não preencher ocritério completo para o diagnóstico de AN ou BN, sen<strong>do</strong>, dessa forma, incluí<strong>do</strong>s n<strong>as</strong>Perturbações <strong>do</strong> Comportamento Alimentar Sem Outra Especificação (PCASOE).Anorexia Nervosa (AN)Etimologicamente, Anorexia deriva <strong>do</strong> Grego an (“privação” ou “negação”) e orexis(“apetite”), significan<strong>do</strong>, portanto, a negação <strong>do</strong> desejo de comer. No entanto, o termo clínicoAnorexia Nervosa, que designa a negação <strong>do</strong> desejo de comer devi<strong>do</strong> a uma condição mental,apen<strong>as</strong> foi utiliza<strong>do</strong> a partir de 1874 (Costin, 2007). Na realidade, o termo anorexia épara<strong>do</strong>xal na medida em que raramente existe uma perda de apetite m<strong>as</strong> sim um intensodesejo de controlá-lo (Costin, 2007).Os indivíduos com AN apresentam geralmente uma obsessão pela magreza e comida,me<strong>do</strong> (por vezes patológico) de ganhar peso, um controlo rígi<strong>do</strong>, somatização de emoções eprocuram a perfeição (Costin, 2007). Brady e Rieger (1972, cit. por Ogden, 2002) sugeremque nestes indivíduos, comer provoca ansiedade e, consequentemente, a anorexia permitereduzi-la através <strong>do</strong> evitamento da comida. Assim, com o evoluír da <strong>do</strong>ença, a dieta é cadavez mais rigorosa, tornan<strong>do</strong>-se a perda de peso uma fonte de sucesso e a ingestão excessiva dealimentos uma fonte de frac<strong>as</strong>so (Costin, 2007).De acor<strong>do</strong> com o DSM-IV-TR (2002), os critérios diagnósticos para a AN são: A) recusaem manter um peso corporal igual ou superior ao mínimamente normal para a idade e altura(e.g., perda de peso excessiva ou incapacidade para ganhar o peso espera<strong>do</strong>); B) me<strong>do</strong> intenso50
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