Ansiedade Normal e PatológicaA ansiedade pode ser definida como uma reacção normal ao stress e representa umaemoção comum nos humanos, quan<strong>do</strong> não excessiva e irracional (Pagnini, Manzoni,C<strong>as</strong>telnuovo & Molinari, 2009).Pode também ser definida como uma resposta adaptativa <strong>do</strong> organismo, caracterizada porum conjunto de respost<strong>as</strong> fisiológic<strong>as</strong>, vivenciais, comportamentais e cognitiv<strong>as</strong> que setraduzem num esta<strong>do</strong> de activação e alerta face a um sinal de perigo ou ameaça à integridadefísica ou psicológica. Assim, produz-se uma sensação subjectiva de desconforto, umamodificação neurofisiológica de activação <strong>do</strong>s mecanismos de controlo cerebral, alteraçõesperiféric<strong>as</strong> fisiológic<strong>as</strong> mediad<strong>as</strong> pelo sistema nervoso autónomo (aumento <strong>do</strong> tónussimpático) e sistema endócrino (Rosen & Schunlkin, 1998; Ruiz, Cuadra<strong>do</strong> & Rodriguez,2001).De acor<strong>do</strong> com Rosen e Schulkin (1998), a emoção <strong>do</strong>minante nos fenómenos ansiosos éo me<strong>do</strong>. Porém, na ansiedade normal, esse me<strong>do</strong> é adaptativo, na medida em que é dirigi<strong>do</strong> aacontecimentos desencadeantes e é mobiliza<strong>do</strong>r de respost<strong>as</strong> adaptad<strong>as</strong>. Por sua vez, ess<strong>as</strong>respost<strong>as</strong> podem ser reactiv<strong>as</strong> ou defensiv<strong>as</strong>.Segun<strong>do</strong> Barlow (2002, cit. por Cr<strong>as</strong>ke, Rauch & Ursano, 2009), a ansiedade é um esta<strong>do</strong>de humor orienta<strong>do</strong> para o futuro <strong>as</strong>socia<strong>do</strong> à preparação para a possibilidade de ocorrência deum acontecimento negativo, no qual o me<strong>do</strong> é a resposta de alarme ao perigo eminente oupresente, real ou percebi<strong>do</strong>.Sen<strong>do</strong> um fenómeno psíquico universal, a ansiedade torna-se patológica quan<strong>do</strong> deixa deser adaptativa, quan<strong>do</strong> o perigo a que pretende responder não é real ou quan<strong>do</strong> o nível deactivação e duração são desproporciona<strong>do</strong>s em relação à situação objectiva (C<strong>as</strong>tillo,Recon<strong>do</strong>, Asbahr & Manfro, 2000; Rosen & Schulkin, 1998; Ruiz et al., 2001).Segun<strong>do</strong> C<strong>as</strong>tillo et al. (2000), a ansiedade patológica pode ser definida como um esta<strong>do</strong>emocional desagradável de me<strong>do</strong>, apreensão, caracteriza<strong>do</strong> por um desconforto devi<strong>do</strong> àantecipação <strong>do</strong> perigo ou de algo desconheci<strong>do</strong>.Para Ruiz et al. (2001), a ansiedade patológica é qualitativa e quantitativamente diferenteda ansiedade normal, na medida em que há dificuldade na adaptação, deterioração <strong>do</strong>rendimento e há uma combinação de sintom<strong>as</strong> físicos e psicológicos que afectam níveis maisprofun<strong>do</strong>s da corporalidade e <strong>do</strong>s sentimentos vitais. Assim, há uma redução da liberdadepessoal <strong>do</strong> sujeito.61
A ansiedade patológica pode ser reactiva, na medida em que surge como uma reacção aum acontecimento precipitante, ou endógena, isto é, surge de forma não ligada e, neste c<strong>as</strong>o, odesconhecimento da razão pela qual se está ansioso é frequente (Ruiz et al., 2001).Em conclusão, a ansiedade patológica é, então, desadaptada e desproporcionada aoacontecimento, tem um carácter dura<strong>do</strong>uro, persistente e repetitivo e desorganiza a eficiênciacognitiva.De uma forma geral, o pensamento ansioso caracteriza-se por uma ideia constante deameaça face a um potencial perigo, me<strong>do</strong>, alerta e vigilância, orientan<strong>do</strong>-se, desta forma, parao futuro. Por outro la<strong>do</strong>, a experiência ansiosa está <strong>as</strong>sociada a comportamentos ansiosos, taiscomo inquietação motora, inquietação psíquica, desconcentração <strong>as</strong>sociada a taref<strong>as</strong>, e outr<strong>as</strong>manifestações físic<strong>as</strong> que resultam <strong>do</strong> excesso de actividade <strong>do</strong> sistema nervoso simpático(e.g. nause<strong>as</strong>, diarrei<strong>as</strong>, tremores, sudação excessiva, palpitações, <strong>do</strong>res no peito, taquicárdia,<strong>do</strong>res de barriga, cefalei<strong>as</strong>, <strong>do</strong>res de cost<strong>as</strong> e insónia inicial). Contu<strong>do</strong>, estes comportamentosaparecem de diferentes form<strong>as</strong> e intensidade em cada indivíduo e, mais ainda, para algunsindivíduos a ansiedade patológica é vivida pre<strong>do</strong>minantemente ao nível psicológico, enquantoque para outros, ela é vivida pre<strong>do</strong>minantemente ao nível comportamental.Importa ainda referir que a ansiedade normal ou patológica não são categori<strong>as</strong> diferentes.Existe, sim, um continuum, no qual é possível transitar de um esta<strong>do</strong> normal de ansiedadepara um esta<strong>do</strong> patológico e vice-versa.Ansiedade na Infância e A<strong>do</strong>lescênciaDe acor<strong>do</strong> com Rosen e Schulkin (1998), na infância e a<strong>do</strong>lescência a ansiedade surgecomo uma característica normal, permitin<strong>do</strong>-lhes uma boa adaptação a situações nov<strong>as</strong>,inesperad<strong>as</strong> ou perigos<strong>as</strong>. No entanto, a ansiedade pode aumentar de intensidade, tornan<strong>do</strong>-sedisfuncional <strong>do</strong> ponto de vista socio-emocional (Ferreira, 1996, cit. por Borges, Manso, Tomé& Matos, 2008).Segun<strong>do</strong> Bees<strong>do</strong>, Knappe e Pine (2009), a infância e a a<strong>do</strong>lescência são a etapa <strong>do</strong> ciclode vida de maior risco para o desenvolvimento de sintom<strong>as</strong> ansiosos, que podem transitar demeros sintom<strong>as</strong> para perturbações de ansiedade propriamente dit<strong>as</strong>.Face às característic<strong>as</strong> desenvolvimentais da infância e a<strong>do</strong>lescência, segun<strong>do</strong> Wilson,Pritchard e Revalee (2005, cit. por Borges et al., 2008), alguns indivíduos não conseguemalcançar um ajustamento psicossocial saudável, poden<strong>do</strong> apresentar diferentes62
- Page 1 and 2:
A RELAÇÃO ENTRE FACTORES PSICOLÓ
- Page 3:
AGRADECIMENTOSEm primeiro lugar, n
- Page 7 and 8:
LISTA DE TABELASTabela 1. Análise
- Page 9 and 10:
Neste sentido, face às intensas al
- Page 11 and 12:
2. MÉTODO2.1. Delineamento de Inve
- Page 13 and 14:
Sozinho/a 5 6,3%Colégio 1 1,3%Esta
- Page 15 and 16:
Perturbação do Comportamento Alim
- Page 17 and 18: nenhum diagnóstico de PCA, as nota
- Page 19 and 20: 2) Aceitação Social - AC (2. 10,
- Page 21 and 22: entanto, segundo Spence (1997), é
- Page 23 and 24: Para a análise das PCA, Insatisfa
- Page 25 and 26: Quanto ao Sexo, verificaram-se dife
- Page 27 and 28: Tabela 6. Distribuição da Compet
- Page 29 and 30: Para a Raça, foram encontradas dif
- Page 31 and 32: 4. DISCUSSÃOO primeiro objectivo e
- Page 33 and 34: vários estudos, segundo os quais,
- Page 35 and 36: Observa-se também que o Autoconcei
- Page 37 and 38: Perturbações de Ansiedade General
- Page 39 and 40: poderão estar relacionados com o f
- Page 41 and 42: 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASAssu
- Page 43 and 44: Croll, J. (2005). Body Image and Ad
- Page 45 and 46: Lewis-Fernandez, R., Hinton, D., La
- Page 47 and 48: Shaw, H., Ramirez, J., Trost, A., R
- Page 49 and 50: ANEXO A“Revisão de Conceitos”C
- Page 51 and 52: Associadas às mudanças pubertári
- Page 53 and 54: De acordo com a perspectiva de Erik
- Page 55 and 56: modificada por factores pessoais (e
- Page 57 and 58: CAPÍTULO III - PERTURBAÇÕES DO C
- Page 59 and 60: Perturbações do Comportamento Ali
- Page 61 and 62: Outro aspecto que parece estar rela
- Page 63 and 64: atribuído pela pessoa a essa mesma
- Page 65 and 66: categorias; 2) é multidimensional,
- Page 67: comportamentais. Por outro lado, o
- Page 71 and 72: de perder o controlo ou de enlouque
- Page 73 and 74: ou tensão interior; 2) Fadiga fác
- Page 75 and 76: Candeias, M. (1999). A auto-represe
- Page 77 and 78: Grogan, S. (2008). Body Image: Unde
- Page 79 and 80: Russo, J., Brennan, L., Walkley, J.
- Page 81 and 82: ANEXO B“Consentimento Informado
- Page 83 and 84: II. Perceived Competence for Adoles
- Page 85 and 86: Exacta/ComoeuMais ouMenoscomoeuםם
- Page 87 and 88: III Inventário de Perturbação do
- Page 89 and 90: NuncaRaramenteÀs vezesComfrequênc
- Page 91 and 92: NuncaÀs VezesFrequentementeSempre1
- Page 93 and 94: Fiabilidade dos InstrumentosReliabi
- Page 95 and 96: ValidNíveis de Autoconceito Global
- Page 97 and 98: Estado CivílTests of NormalityKolm
- Page 99 and 100: Test Statistics aCE AS CA AR C AI A
- Page 101 and 102: CEASCAAFARCAIAETests of NormalityPr
- Page 103 and 104: scasT SA SP PA GAMann-Whitney U 361
- Page 105 and 106: Análise da Relação entre Imagem
- Page 107: Model Summary bModel R R Square Adj