ESPÉCIES-ALVO DO <strong>PAN</strong> PEQUENOS CETÁCEOSPaulo A. C. FloresPEQUENOS CETÁCEOSOs <strong>pequenos</strong> cetáceos formam um gruporelativamente heterogêneo e polifilético (comvárias origens e histórias evolutivas) com cercade 69 espécies distribuídas em nove famílias,ocorrendo em todas as bacias oceânicas emares do mundo, além de bacias hidrológicasna América do Sul e Ásia. Exemplificando,esses <strong>pequenos</strong> cetáceos variam da orca(Orcinus orca), cujo macho atinge 9 metrosde comprimento, com ocorrência cosmopolita(em todo o globo terrestre) ao tucuxi (Sotaliafluviatilis), com cerca de 1,7 metro decomprimento e restrito à bacia Amazônica.Os <strong>pequenos</strong> cetáceos enfrentam umnúmero crescente de ameaças antrópicas.Centenas de milhares de indivíduos morremtodos os anos devido às capturas incidentaisem todo o mundo e também por capturasintencionais em algumas regiões, sem contaras outras ameaças bem conhecidas, comoa degradação de hábitat, a poluição dosambientes aquáticos e o aumento do tráfegode embarcações. Como agravante, a maioriadas espécies de <strong>pequenos</strong> cetáceos aindacarece de dados e informações científicas sobrea história de vida, como a sua distribuição eabundância. Esta falta de informações ofusca,muitas vezes, o real estado de conservação dos<strong>pequenos</strong> cetáceos, visto que algumas espéciesvêm sofrendo um declínio semelhante aoobservado entre as baleias de grande porte, porexemplo. Recentemente, a IUCN declarou obaiji ou golfinho do Yangtze (Lipotes vexillifer),como a primeira espécie de cetáceo extintapelo Homem.Dentre as 69 espécies de <strong>pequenos</strong>cetáceos reconhecidas pela IUCN, 40 (58%) sãoclassificadas como Deficiente em Dados, o quesignifica que simplesmente não há informaçãosuficiente disponível para determinar seelas estão ou não ameaçadas. Entretanto, éimportante ressaltar que a classificação de umaespécie como Deficiente em Dados não significaque ela não esteja ameaçada, mas que aindanão se conseguiu avaliar a sua real situação. ALista Vermelha da IUCN mostra que as espéciesde <strong>pequenos</strong> cetáceos com informações sobretendência populacional estão em declínio.Visto que esta informação é desconhecida paraa maioria das espécies de <strong>pequenos</strong> cetáceos,fica evidente o cenário gerado pela carência deinformações consistentes sobre as populaçõesde <strong>pequenos</strong> cetáceos, devendo servir de alertapara a necessidade de maior atenção sobre asameaças a esses animais e sua conservação.Os dados existentes para o Brasil não sãodiferentes: das sete espécies de cetáceos queconstam no Livro Vermelho da Fauna BrasileiraAmeaçada de Extinção (MMA, 2008), apenasuma é de pequeno cetáceo (toninha, Pontoporiablainvillei). O mesmo livro aponta as principaisameaças aos mamíferos aquáticos em geral: aintensa atividade antrópica na região marinhocosteira,o retorno da caça comercial em águasinternacionais (caso a moratória seja revogada),a prospecção e a exploração sísmica nas áreasde migração e de reprodução, a colisão comembarcações, a poluição e a degradação dosambientes marinhos e costeiros. Aos <strong>pequenos</strong>cetáceos ressalta-se ainda a captura incidental eintencional em artefatos de pesca.Os <strong>pequenos</strong> cetáceos desempenhamum papel crítico nos ecossistemas em quehabitam, estabilizando e garantindo um sistemaprodutivo saudável. Apresentam também papelprincipal no turismo de observação (whale edolphin watching), que gera mais de um bilhãode dólares por ano, envolvendo mais de 492comunidades em 87 países.16PLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DOS MAMÍFEROS AQUÁTICOS
Boto-cor-de-rosaNome científico Inia geoffrensis (Blainville, 1817)FamíliaIniidaeStatus de conservaçãoIUCN (2008) Dados InsuficientesCITESApêndice IILista Nacional (2003) Quase ameaçadaTony MartinVera Maria Ferreira da SilvaFigura 1. Boto-cor-de-rosa, I. geoffrensisCaracterísticas geraisO boto-vermelho, boto-da-amazônia,ou ainda, como é mais conhecido no restantedo Brasil, boto-cor-de-rosa (Figura 1),pertence à família Iniidae, considerada pormuitos autores como monoespecífica, comtrês subespécies. Sua taxonomia, no entanto,ainda é questionada. Estudos morfológicos(DA SILVA, 1994) e moleculares (BANGUERA-HINESTROZA et al., 2002; HAMILTONet al., 2001) mais recentes sustentam amanutenção de duas espécies: Inia boliviensispara a população acima das cachoeiras do rioMadeira, e Inia geoffrensis para o restante daAmazônia. Esta última apresentaria ainda duassubespécies: I. g. geoffrensis para a populaçãoda bacia do rio Amazonas e I. g. humboldtianapara a população da bacia do rio Orinoco.O boto-vermelho, essencialmente fluvial, éo maior dos golfinhos de rio, sendo endêmico dasbacias dos rios Amazonas e Orinoco (Figura 2).Machos adultos são bem maiores e mais robustosque as fêmeas, atingindo no máximo 2,55 mde comprimento e podendo pesar 200 kg. Asfêmeas chegam a medir 2,25 m de comprimentoe pesar 155 kg (MARTIN E. DA SILVA, 2006).Seu corpo é robusto, hidrodinâmico e bastanteflexível quando comparado com outrosgolfinhos. Por possuir as sete vértebras cervicaisnão-fusionadas é capaz de mover a cabeça emtodas as direções. A cabeça é relativamentegrande e robusta, como um melão pequeno,que se contrai por ação muscular; o rostro élongo e apresenta cerdas curtas e esparsas.Os olhos são <strong>pequenos</strong>, mas possuem boaacuidade visual tanto dentro quanto fora daágua. A nadadeira caudal é larga e possante;e as nadadeiras peitorais são grandes, largas eespessas. A nadadeira dorsal é longa e baixa,similar a uma quilha de barco. Possui doisFigura 2. Distribuição geográfica de I. geoffrensis.Bastida et al., 2007PEQUENOS CETÁCEOSPLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DOS MAMÍFEROS AQUÁTICOS17
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