Claudia Rocha-CamposTony MartinFigura 29. Olho seco de boto, comercializado no mercado deBelém/PA.PEQUENOS CETÁCEOSespinhel para ser usado como isca na pesca detubarões. A dificuldade tem sido afirmar queessa captura é direcionada. Segundo relatóriodo CMA, as redes são do tipo caçoeira para apesca de pescada-amarela, Cyonoscion acoup,pescada-gó, Macrodon ancylodon, peixe-serra,Scomberomorus spp, e cação, Carcharinus sp.Embora essa atividade seja ilegal noBrasil, há também relatos de capturas deStenella frontalis e Kogia sima no Ceará paraconsumo humano, assim como para o usocomo isca e utilização de olhos como amuletose dentes para artesanato (MEIRELLES etal., 2009). TOSI et al., (2009) reportou umespécime de Lagenodelphis hosei encalhadovivo na Praia do Caburé, Barreirinhas/MA, emque os pescadores utilizaram a carcaça paraconsumo humano e como isca.No Brasil e Colômbia, o boto-cor-derosa(Figura 30) tem sido utilizado ilegalmentecomo isca na pesca do bagre conhecido comopiracatinga, Calophysus macropterus, um peixeque ocorre praticamente em toda a Amazônia.A captura direcionada de botos-vermelhospara serem usados como isca na captura dapiracatinga não é nova, mas se agravou naúltima década. Essa espécie de bagre nãoé consumida pelos ribeirinhos amazônicos,mas é exportada para a Colômbia, onde ébastante apreciada pela população. Entretanto,Figura 30. Boto-cor-de-rosa, I. geoffrensis, capturado para servirde isca para a pesca da piracatinga, AM.acredita-se que já esteja sendo distribuídaem mercados do Nordeste, Centro e Sudestebrasileiro (Figuras 31 e 32).Um projeto de longa duração (1994 a2007) tem sido realizado na RDS de Mamirauá,com o monitoramento de botos-vermelhos etucuxis. Até 2000 a curva de contagens nãodemonstrava uma queda significante. Porém,entre 2000 e 2006, o número médio de botosna área de estudo foi reduzido de 50.3 a 26.6botos, o equivalente a 49% de perdas e umaredução média anual de 10% na população.Figura 31. Piracatinga, C. macropterus, no centro da foto,comercializada no mercado de Manaus/AM.Claudia Rocha-Campos44PLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DOS MAMÍFEROS AQUÁTICOS
Tony MartinFigura 32. Caixote de madeira utilizado para a manutenção da piracatinga viva até o momento de seu abate.Entretanto, outras ameaças também têm sidoatribuídas a esse declínio da população, taiscomo: a competição com outros grandespredadores (pirarucu) pelos mesmos recursos,e, principalmente, as capturas incidentais emredes de pesca, sendo a principal ameaça aoboto-cor-de-rosa (DA SILVA & MARTIN, 2007).As capturas intencionais, mencionadasanteriormente, envolvem de alguma maneira o usoda fauna, diferentemente dos abates provocadospor competição pelos mesmos recursos, tradiçãoou simplesmente sem justificativa alguma,apresentados no próximo tópico.Abate por competiçãoA crença de que os mamíferosmarinhos competem com humanos pelosrecursos induziu, no passado, operaçõesde abates em diversas regiões do mundo,como belugas no Canadá, orcas na Islândia evários odontocetos no Japão (REEVES et al.,2003; CULIK, 2004). Em algumas áreas, ospescadores matam mamíferos marinhos emretaliação não somente à competição pelosrecursos, mas também por causarem danosàs redes de pesca (REEVES et al., 2003). NaAmazônia colombiana e peruana, pescadorestêm abatido e envenenado botos-vermelhospara evitarem interações com a pesca e danosàs redes (CULIK, 2004).Várias espécies de cetáceos seguem asembarcações, alimentando-se de organismospresos nas redes, assim como de descartes,muitas vezes causando danos às redes de pesca,o desenvolvimento da opinião negativa pelospescadores a respeito dos animais, a perdade tempo e dinheiro para a reparação dosequipamentos de pesca e danos aos animais.Na pesca de espinhel também hárelatos de depredação por orcas sobre atunsno Oceano Índico, no Pacífico equatorialnorte e sul, no Atlântico Norte e sobre atuns ePEQUENOS CETÁCEOSPLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DOS MAMÍFEROS AQUÁTICOS45
- Page 1: BOTO-CINZASotalia guianensisORCAOrc
- Page 5 and 6: PLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA A CON
- Page 7 and 8: CONSERVAÇÃO DOS PEQUENOS CETÁCEO
- Page 10 and 11: IMAININPAIUCNIWCMCTMECMERCOSULMMAMO
- Page 12 and 13: Figura 27 Golfinho pantropical, S.
- Page 14 and 15: ESPÉCIES-ALVO DO PAN PEQUENOS CET
- Page 16 and 17: PEQUENOS CETÁCEOStipos de dentes:
- Page 18 and 19: distribuída em alguns mercados do
- Page 20 and 21: que atingem a maturidade sexual, ma
- Page 22 and 23: Boto-cinzaDDNome científico Sotali
- Page 24 and 25: concentrações hepáticas compará
- Page 26 and 27: Bastida et al., 2007Figura 11. Dist
- Page 28 and 29: Golfinho-rotadorDDNome científicoF
- Page 30 and 31: cadeia de montanha submarina de Fer
- Page 32 and 33: Ameaças à espécieMundialmente ex
- Page 34 and 35: As orcas se destacam por uma extrao
- Page 36 and 37: AMEAÇAS MUNDIAIS AOS PEQUENOS CET
- Page 38 and 39: PEQUENOS CETÁCEOSNos locais onde o
- Page 40 and 41: capturados incidentalmente são des
- Page 44 and 45: PEQUENOS CETÁCEOSespadarte no sude
- Page 46 and 47: PAULY, 2004). No Mar Mediterrâneo,
- Page 48 and 49: Marcos C. O. SantosFigura 35. Embar
- Page 50 and 51: PEQUENOS CETÁCEOSAnselmo D’Affon
- Page 52 and 53: Alexandre AzevedoFigura 41. Boto-ci
- Page 54 and 55: Acervo PARNA Lagoa do PeixeFigura 4
- Page 56 and 57: PEQUENOS CETÁCEOSAcervo AQUASISFig
- Page 58 and 59: PEQUENOS CETÁCEOScursos d’água
- Page 60 and 61: Quadro 1. Ameaças sofridas mundial
- Page 62 and 63: Paulo A. C. FloresFigura 46. : Grup
- Page 64 and 65: PARTE IIPLANO DE CONSERVAÇÃOGOLFI
- Page 66 and 67: AÇÃO: atividade operacional neces
- Page 68: 2. METAS E AÇÕES DE CONSERVAÇÃO
- Page 71 and 72: Nº Ações Data limite1.3Avaliar e
- Page 73 and 74: Nº Ações Data limite1.10Criar e
- Page 75 and 76: Nº Ações Data limite2.2Quantific
- Page 77 and 78: PLANO DE AÇÃO PARA A CONSERVAÇÃ
- Page 79 and 80: PLANO DE AÇÃO PARA A CONSERVAÇÃ
- Page 81 and 82: PLANO DE AÇÃO PARA A CONSERVAÇÃ
- Page 83 and 84: Nº Ações Data limite5.7Investiga
- Page 85 and 86: Nº Ações Data limite5.12Identifi
- Page 87 and 88: Nº Ações Data limite5.21Investig
- Page 89 and 90: Nº Ações Data limite5.29Estimar
- Page 91 and 92: Nº Ações Data limite5.35Avaliar
- Page 93 and 94:
PLANO DE AÇÃO PARA A CONSERVAÇÃ
- Page 95 and 96:
PLANO DE AÇÃO PARA A CONSERVAÇÃ
- Page 97 and 98:
Nº Ações Data limite7.97.107.117
- Page 99 and 100:
Nº Ações Data limite7.18Articula
- Page 101 and 102:
Nº Ações Data limite7.267.27Arti
- Page 103 and 104:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBOTO-CO
- Page 105 and 106:
BEST, R. C. & DA SILVA, V. M. F. 19
- Page 107 and 108:
DALLA ROSA, L. 1999. Estimativa do
- Page 109 and 110:
GODWIN, H. 1996. In pursuit of ecot
- Page 111 and 112:
LUIZ-JR., O. J. 2009. Estudo de Cap
- Page 113 and 114:
MORITA, K. & YAMAMOTO, S. 2002. Eff
- Page 115 and 116:
RICE, D. W. 1998. Marine Mammals of
- Page 117 and 118:
SILVA, F. J. L. & SILVA JR., J. M.
- Page 119 and 120:
ANEXOSGOLFINHO-ROTADORStenella long
- Page 121 and 122:
Parágrafo único. Os Planos de Aç
- Page 123 and 124:
II - Centros com expertise técnico
- Page 125 and 126:
ANEXO IBases Avançadas:a. Base Ava
- Page 127 and 128:
PORTARIA Nº 86, DE 27 DE AGOSTO DE
- Page 129:
O Plano de Ação Nacional dos Mam