Boto-cinzaDDNome científico Sotalia guianensis(van Bénéden, 1864)FamíliaDelphinidaeStatus de conservaçãoIUCN (2008) Dados InsuficientesCITESApêndice ILista Nacional (2003) Espécie não-in cluídaPaulo A. C. FloresFernando Weber RosasFigura 7. Boto-cinza, S. guianensis, em Florianópolis/SC.Características geraisPEQUENOS CETÁCEOSA recente separação dos ecótiposmarinho e fluvial de S. fluviatilis e a ausência dedados populacionais de S. guianensis levaram àIUCN (2011) a considerar esta espécie comoinsuficientemente conhecida (DD). Contudo,face à intensa pressão antrópica sofridapela espécie ao longo de sua distribuiçãosugere-se que seu status de conservação sejacriteriosamente avaliado.MONTEIRO-FILHO et al. (2002)e FETTUCCIA (2010), utilizando análisemorfométrica tridimensional e morfometriaclássica, revelaram diferenças específicas entreos ecótipos marinho e fluvial do gênero Sotalia, oque foi geneticamente confirmado por CUNHAet al. (2005) e CABALLERO et al. (2007). Arecente separação do antigo ecótipo marinhodo gênero Sotalia como espécie distinta daforma fluvial requer considerações acerca dosnomes comuns utilizados para a espécie.Amplamente conhecida na costabrasileira, Sotalia guianensis é chamada deboto-cinza (Figura 7) desde o litoral do Paráaté Santa Catarina (ROSAS, 2000). Como opróprio nome vernacular indica, a espécieapresenta coloração cinza no dorso, com duasbandas laterais mais claras. A região ventralpode variar entre uma cor rosada até um cinzamuito claro, num padrão muito semelhanteao descrito para o tucuxi. O comprimentototal máximo registrado para a espécie é de220 cm (FLORES, 2000), com um peso totalmáximo de 121 kg (ROSAS & MONTEIRO-FILHO, 2002a). De acordo com ROSAS et al.(2003), embora os machos possam alcançarcomprimentos assintóticos um pouco maioresque as fêmeas, as diferenças observadas nãoforam significativas.A longevidade estimada para a espécieé de cerca de 30 a 35 anos (ROSAS et al.,2003). O peso relativo dos testículos podechegar a 3,3% do peso total dos indivíduosadultos, o que, de acordo com ROSAS &MONTEIRO-FILHO (2002a), sugere um sistemareprodutivo promíscuo, com competiçãode espermatozóides. Machos atingem amaturidade sexual em torno dos sete anos deidade, com comprimentos totais entre 170 e175 cm. As fêmeas estão sexualmente madurasentre os cinco e oito anos, com comprimentostotais entre 164 e 169 cm, apresentandoum ciclo reprodutivo estimado em dois anos(ROSAS & MONTEIRO-FILHO, 2002a).Ovários senescentes foram registrados em24PLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DOS MAMÍFEROS AQUÁTICOS
fêmeas com idade acima de 25 anos (ROSAS& MONTEIRO-FILHO, 2002a). A gestação éde aproximadamente 11 a 12 meses e as criasnascem com 90 a 106 cm de comprimentototal (ROSAS et al., no prelo).A espécie alimenta-se principalmente depeixes teleósteos e lulas. Foram identificadaspelo menos 70 espécies diferentes depeixes, pertencentes a 25 famílias, com fortepredomínio de espécies da família Sciaenidaee cinco gêneros de cefalópodes, pertencentes aquatro famílias (ROSAS et al., no prelo). Restosde crustáceos pertencentes à família Panaeidaesão eventualmente encontrados nos estômagosde S. guianensis, porém se trata de um itemalimentar com baixa frequência de ocorrência(DI BENEDITTO, 2000; OLIVEIRA, 2003).O boto-cinza é um golfinho costeiro,com distribuição registrada desde Honduras,na América Central (da SILVA & BEST, 1996),até o estado de Santa Catarina, no sul do Brasil(SIMÕES-LOPES, 1987) (Figura 8).Bastida et al., 2007Figura 8. Distribuição geográfica de S. guianensis.Ameaças à espécieA distribuição costeira de S. guianensis atorna extremamente vulnerável às redes de pesca.SICILIANO (1994) relatou capturas incidentaisdesta espécie em diversas localidades ao longodo litoral do Brasil. Contudo, estudos descritivose sistemáticos acerca das capturas incidentaisdo boto-cinza foram apenas desenvolvidos nolitoral norte do Rio de Janeiro e litoral do Paraná(DI BENEDITTO et al., 1998; ROSAS, 2000;DI BENEDITTO, 2001), sendo necessário odesenvolvimento de estudos mais detalhados aeste respeito nos demais estados onde o botocinzase distribui. A descrição qualitativa equantitativa das capturas incidentais ao longo dadistribuição da espécie tem especial importânciapara sua conservação, uma vez que CUNHA etal. (2005) e FETTUCCIA (2010) identificaramdiferentes estoques no litoral brasileiro.O hábito costeiro e a ocorrênciafrequente do boto-cinza em ambientesestuarinos tornam a espécie susceptíveltambém aos efeitos da poluição (Figura 9).KAJIWARA et al. (2004), estudando os níveisde organoclorados na gordura de botoscinzaincidentalmente capturados no litoraldo Paraná, revelaram a presença de DDT emconcentrações de até 150 µg/g e de PCBs emconcentrações de até 79 µg/g. Tais valores sãocomparáveis aos observados em cetáceos doHemisfério Norte, refletindo provavelmenteo alto grau de industrialização e conseqüentepoluição na região (KAJIWARA et al., 2004).Existem fortes evidências de que diversoselementos-traço desorganizam os receptoresde alguns hormônios reprodutivos, compossíveis efeitos adversos à reprodução dasespécies. KUNITO et al. (2004), estudando asconcentrações de alguns elementos-traço nosfígados dos mesmos exemplares analisadospor KAJIWARA et al. (2004), encontraramPEQUENOS CETÁCEOSPLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DOS MAMÍFEROS AQUÁTICOS25
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SILVA, F. J. L. & SILVA JR., J. M.
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