Marcos C. O. SantosFigura 35. Embarcação de turismo de observação de boto-cinza, S. guianensis, no Estuário de Cananéia/SP.PEQUENOS CETÁCEOSNoronha; o Decreto nº 528, de 20/05/1992,que cria a APA de Anhatomirim/SC; o Decretos/n, de 14/09/2000, que cria a APA da BaleiaFranca, também em Santa Catarina, e outros,que estão listados no Anexo I desse PAMA.Entretanto, medidas mais eficazesdevem ser conduzidas para que a legislaçãoseja cumprida, como a adequada fiscalizaçãodas unidades de conservação e a revisãoperiódica dos instrumentos legais, visando oseu aprimoramento. Vale ressaltar que um novoinstrumento legal de ordenamento do turismode observação de cetáceos está em curso peloICMBio, com a contribuição do conhecimentode diversos pesquisadores da comunidadecientífica e do terceiro setor.A busca pelo contato mais próximo comos mamíferos aquáticos tem sido cada vez maiscomum, porém, a proximidade necessáriapara a sua observação em mergulhos podeultrapassar a fronteira da simples observaçãopara uma interferência prejudicial.O ecoturismo, em seu senso estrito, visa àobservação da natureza por meio da realizaçãode atividades ecologicamente sustentáveis,ambientalmente educativas e que contribuamcom a conservação da biodiversidade(GODWIN, 1996). Entretanto, há uma tendênciarelativamente recente em direção a outro tipode atividade, o “turismo de aventura”, em queas pessoas não se satisfazem apenas em observar,mas desejam também interagir com a natureza(SAMUELS & BEJDER, 2004). Oportunidades decontato direto por meio de programas de interaçãocom cetáceos de vida livre (swim-with-dolphinprograms) têm proliferado ao redor do mundo,como o que tem ocorrido com B. acutorostrata naAustrália, T. truncatus nas Bahamas e na Flórida,EUA, S. longirostris no Havaí, M. densirostris nasIlhas Canárias, M. novaeangliae no Pacífico Sul,e T. truncatus, D. delphis e L. obscurus na NovaZelândia (SAMUELS & BEJDER, 2004).BEJDER e colaboradores (1999) nãoencontraram evidências claras de mudança decomportamento de C. hectori na presença deturistas, no programa de nado com golfinhosem Porpoise Bay. Entretanto, os autoresacreditam que os impactos desse tipo deatividade podem ser acumulativos, ao invés decatastróficos, e que análises devem ser feitascom muita cautela em estudos em curto prazo.50PLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DOS MAMÍFEROS AQUÁTICOS
Esse tema costuma gerar muita controvérsia,pois há quem argumente que a interação com osanimais aumenta o respeito pela vida selvagem,levando ao ativismo ambiental e benefícios parao meio ambiente (ORAMS, 1997). A legislaçãonos EUA permanece obscura nesse tema,pois não define esse tipo de atividade como“molestamento” (SAMUELS & BEJDER, 2004),fato que ocorre também no Brasil.Atividades de nado ou programascomerciais de alimentação de cetáceosselvagens, como os que acontecem emPanama City Beach, Flórida, EUA (SAMUELS& BEJDER, 2004), são ainda piores e têmsido mundialmente motivo de preocupação.A alimentação fornecida como atração decetáceos tem implicações no comportamentode forrageamento natural e fortes indicaçõescom mortalidade de juvenis (IFAW, 1995). Ocontato direto com os animais é motivo depreocupação porque as espécies não possuemimunidade suficiente a doenças humanas(UNEP, 2006), assim como podem representarum perigo para a saúde e segurança humana.No Brasil, em 1994, foi extensamentedivulgado na mídia, um incidente levou à mortede um banhista no litoral norte de São Paulo,que insistiu em interagir com um golfinho-narizde-garrafa,Tursiops truncatus, frequentador daregião, conhecido como “Tião”. O golfinhoatingiu o estômago do banhista, que morreuhoras mais tarde de hemorragia interna.Segundo SANTOS (1997), o golfinho já haviasofrido diversos tipos de molestamento porbanhistas, desde tentativas de monta noanimal até a introdução de palitos de picoléem seu orifício respiratório. Após o incidente,um programa de manejo foi conduzido com acolaboração do pesquisador, de membros doIBAMA, de uma organização não-governamental(FUNDAMAR) e da Prefeitura de São Sebastião,visando à sensibilização da população local.No Brasil, atividades de nado ealimentação de botos-vermelhos têm ocorridono Estado do Amazonas, como atração turísticade determinados hotéis e restaurantes à beirados rios, inclusive ocorrendo ilegalmente dentroe no entorno de unidades de conservação deProteção Integral, como o que ocorre no PARNAde Anavilhanas, em Novo Airão (Figuras 36 e 37).O comitê científico da IWC manifestoupreocupação sobre os programas de alimentaçãode cetáceos selvagens e recomendou quetais atividades sejam proibidas. Um enfoquecomum a esses programas tem sido o de baniressa atividade no Brasil, na Argentina e naÁfrica do Sul, ou limitar a atividade a certasespécies, como proposto para Nova Zelândia eAçores (IWC, 2001; CSIRO, 2003).Desta forma, o planejamento adequadodo turismo de observação e seu monitoramentosão vitais para manter a qualidade dessaatividade, evitar danos às populações deanimais que estão sendo observados e manteras pessoas distantes de áreas vulneráveis ousensíveis à vida selvagem (UNEP, 2006).Na medida em que o turismo deobservação, principalmente de cetáceos,cresce no Brasil, possíveis colisões com osanimais observados passam a ser uma ameaçaa se considerar (CAMARGO & BELLINI, 2007).Figura 36. Atividades de nado e alimentação de botos-vermelhos,I. geoffrensis, em Novo Airão/AM.Vera M. F. da SilvaPEQUENOS CETÁCEOSPLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DOS MAMÍFEROS AQUÁTICOS51
- Page 1: BOTO-CINZASotalia guianensisORCAOrc
- Page 5 and 6: PLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA A CON
- Page 7 and 8: CONSERVAÇÃO DOS PEQUENOS CETÁCEO
- Page 10 and 11: IMAININPAIUCNIWCMCTMECMERCOSULMMAMO
- Page 12 and 13: Figura 27 Golfinho pantropical, S.
- Page 14 and 15: ESPÉCIES-ALVO DO PAN PEQUENOS CET
- Page 16 and 17: PEQUENOS CETÁCEOStipos de dentes:
- Page 18 and 19: distribuída em alguns mercados do
- Page 20 and 21: que atingem a maturidade sexual, ma
- Page 22 and 23: Boto-cinzaDDNome científico Sotali
- Page 24 and 25: concentrações hepáticas compará
- Page 26 and 27: Bastida et al., 2007Figura 11. Dist
- Page 28 and 29: Golfinho-rotadorDDNome científicoF
- Page 30 and 31: cadeia de montanha submarina de Fer
- Page 32 and 33: Ameaças à espécieMundialmente ex
- Page 34 and 35: As orcas se destacam por uma extrao
- Page 36 and 37: AMEAÇAS MUNDIAIS AOS PEQUENOS CET
- Page 38 and 39: PEQUENOS CETÁCEOSNos locais onde o
- Page 40 and 41: capturados incidentalmente são des
- Page 42 and 43: Claudia Rocha-CamposTony MartinFigu
- Page 44 and 45: PEQUENOS CETÁCEOSespadarte no sude
- Page 46 and 47: PAULY, 2004). No Mar Mediterrâneo,
- Page 50 and 51: PEQUENOS CETÁCEOSAnselmo D’Affon
- Page 52 and 53: Alexandre AzevedoFigura 41. Boto-ci
- Page 54 and 55: Acervo PARNA Lagoa do PeixeFigura 4
- Page 56 and 57: PEQUENOS CETÁCEOSAcervo AQUASISFig
- Page 58 and 59: PEQUENOS CETÁCEOScursos d’água
- Page 60 and 61: Quadro 1. Ameaças sofridas mundial
- Page 62 and 63: Paulo A. C. FloresFigura 46. : Grup
- Page 64 and 65: PARTE IIPLANO DE CONSERVAÇÃOGOLFI
- Page 66 and 67: AÇÃO: atividade operacional neces
- Page 68: 2. METAS E AÇÕES DE CONSERVAÇÃO
- Page 71 and 72: Nº Ações Data limite1.3Avaliar e
- Page 73 and 74: Nº Ações Data limite1.10Criar e
- Page 75 and 76: Nº Ações Data limite2.2Quantific
- Page 77 and 78: PLANO DE AÇÃO PARA A CONSERVAÇÃ
- Page 79 and 80: PLANO DE AÇÃO PARA A CONSERVAÇÃ
- Page 81 and 82: PLANO DE AÇÃO PARA A CONSERVAÇÃ
- Page 83 and 84: Nº Ações Data limite5.7Investiga
- Page 85 and 86: Nº Ações Data limite5.12Identifi
- Page 87 and 88: Nº Ações Data limite5.21Investig
- Page 89 and 90: Nº Ações Data limite5.29Estimar
- Page 91 and 92: Nº Ações Data limite5.35Avaliar
- Page 93 and 94: PLANO DE AÇÃO PARA A CONSERVAÇÃ
- Page 95 and 96: PLANO DE AÇÃO PARA A CONSERVAÇÃ
- Page 97 and 98: Nº Ações Data limite7.97.107.117
- Page 99 and 100:
Nº Ações Data limite7.18Articula
- Page 101 and 102:
Nº Ações Data limite7.267.27Arti
- Page 103 and 104:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBOTO-CO
- Page 105 and 106:
BEST, R. C. & DA SILVA, V. M. F. 19
- Page 107 and 108:
DALLA ROSA, L. 1999. Estimativa do
- Page 109 and 110:
GODWIN, H. 1996. In pursuit of ecot
- Page 111 and 112:
LUIZ-JR., O. J. 2009. Estudo de Cap
- Page 113 and 114:
MORITA, K. & YAMAMOTO, S. 2002. Eff
- Page 115 and 116:
RICE, D. W. 1998. Marine Mammals of
- Page 117 and 118:
SILVA, F. J. L. & SILVA JR., J. M.
- Page 119 and 120:
ANEXOSGOLFINHO-ROTADORStenella long
- Page 121 and 122:
Parágrafo único. Os Planos de Aç
- Page 123 and 124:
II - Centros com expertise técnico
- Page 125 and 126:
ANEXO IBases Avançadas:a. Base Ava
- Page 127 and 128:
PORTARIA Nº 86, DE 27 DE AGOSTO DE
- Page 129:
O Plano de Ação Nacional dos Mam