PAULY, 2004). No Mar Mediterrâneo, 100.000embarcações de pesca artesanal de emalhe têmsobrexplotado numerosas espécies de peixes,crustáceos e moluscos (REEVES et al., 2003).Pescarias com traineiras no Mar deBering têm reduzido os estoques de peixese alterado a composição da fauna da região,implicando no rápido declínio na abundânciada população do leão-marinho-do-norte,Eumetopias jubatus, que, por sua vez, temforçado as orcas, Orcinus orca, a predarem maislontras marinhas, Enhydra lutris. Atualmente,a população de lontras das Ilhas Aleutas estácolapsada, sendo difícil prever o próximo impactodesse efeito em cadeia (REEVES et al, 2003).Turismo de observaçãodesordenadoO turismo de observação tem sidoempregado mundialmente como umainteressante alternativa econômica, etambém como importante ferramentapara a conservação, por colaborar nodesenvolvimento de uma consciênciaambiental em relação à sobrevivência dasespécies selvagens e conservação do seu hábitat(Figura 34). Portanto, assim como funcionacomo entretenimento para milhões de pessoas,o turismo de observação da vida selvagemtambém representa uma fonte significativa derenda e emprego para um número crescentede comunidades, particularmente em paísesem desenvolvimento (REEVES et al., 2003).Numerosos negócios em dezenas de países sãodependentes da disponibilidade de cetáceosvivos e livres na natureza (REEVES et al., 2003;UNEP, 2006).No início do século 21, o turismode observação de cetáceos movimentavaanualmente por volta de US$ 1 bilhão nomundo (HOYT, 2001). Na América Latina,o turismo de observação de cetáceos temmostrado um crescimento forte e constantedesde 1998, com um aumento de 11,3% nataxa anual. De 1998 a 2006, 885.679 pessoasparticiparam de atividades de turismo deobservação, gerando US$ 278.128.214 emgastos totais (HOYT & IÑÍGUEZ, 2008).PEQUENOS CETÁCEOSPaulo A. C. FloresFigura 34. Turismo de observação em Florianópolis/SC.48PLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DOS MAMÍFEROS AQUÁTICOS
O tráfego intensivo, não-regulamentado epersistente de embarcações que visa à observaçãodos animais enquanto eles estão se alimentando,socializando, amamentando e descansando podeperturbar essas atividades e causar prejuízos emlongo prazo para essas populações (REEVES et al.,2003). Portanto, torna-se um grande desafio aliara conservação e a proteção do ambiente e dafauna marinha ao atendimento das necessidadesdos turistas (CONSTANTINE et al., 2004).O turismo de observação pode afetar aspopulações selvagens de três principais formas,causando efeitos adversos no comportamento,fisiologia ou afetando seu hábitat.Indivíduos que estão sujeitos a perturbaçõespermanecerão menos tempo alimentando-seou descansando, e gastarão mais energia napartida desses locais, podendo mudar paraáreas menos produtivas ou mais distantes.Nessas áreas eles podem estar sujeitos tambémà competição com outras espécies ou àpredação em locais menos favoráveis. Duranteperíodos reprodutivos, interferências nocomportamento da corte ou do acasalamento,e, mais tarde, no cuidado parental, reduzem osucesso reprodutivo, e desta forma, são umaséria ameaça à manutenção e à sobrevivênciada espécie. Estudos recentes demonstrarammudanças fisiológicas e alterações dabioquímica do sangue, como o aumento nosníveis de hormônios de stress em animaissujeitos a perturbações (UNEP, 2006).Estudos sobre o comportamento deorcas expostas a embarcações de pesquisademonstraram o uso de táticas semelhantesao escape das presas de seus predadores(WILLIANS et al., 2002). Mãe e filhote deTursiops truncatus demonstraram aumentaro tempo de mergulho na presença deembarcações em estudo na Baía de Sarasota,Flórida, EUA (NOWACEK et al., 2001), assimcomo uma tendência de diminuição docomportamento de descanso com o aumentoda quantidade de embarcações, na NovaZelândia (CONSTANTINE et al., 2004). EmPorpoise Bay, Nova Zelândia, golfinhos-dehector(Cephalorhynchus hectori) foram diversasvezes observados formando grupos coesos napresença de embarcações, comportamento jáobservado com outros golfinhos em situações desurpresa, ameaça e perigo (BEJDER et al., 1999).A perseguição de golfinhos-rotadores, Stenellalongirostris, por embarcações de turismo emFernando de Noronha, provocou a divisãodos grupos e aceleração do deslocamento dosanimais (SILVA-JR., 1996). Em um estudo delongo prazo em Santa Catarina, pesquisadoresobservaram reações negativas de botos-cinzas,Sotalia guianensis, a embarcações em 64,3%dos casos, com a realização de mergulhosprolongados, afastamento e partida da áreaantes ocupada (PEREIRA et al., 2007). EmCananéia/SP, um local de crescente turismo deobservação de Sotalia guianensis (Figura 35),pesquisadores observaram a presença rara de umgrupo de toninhas, que reagiu negativamente edesapareceu após a passagem de um barco emalta velocidade (SANTOS et al., 2007).No Brasil diversos projetos de pesquisase monitoramento dos impactos das atividadesde turismo de observação no comportamentode cetáceos têm gerado importantes subsídiospara o desenvolvimento de instrumentoslegais de proteção. Várias espécies têm sido ofoco desses projetos, como as baleias-francasem Santa Catarina (PALAZZO et al., 1999,GROCH et al., 2003), baleias-jubartes, na Bahia(ENGEL, 2003), baleias-de-bryde, em São Paulo(AUGUSTOWSKI & PALAZZO, 2003), golfinhosrotadores,em Fernando de Noronha (SILVA-JR.,1996; SILVA, F. J. L. & SILVA-JR., 2002).Alguns dos instrumentos legaisdesenvolvidos para a regulamentação doturismo de observação podem ser citados,tais como a Portaria IBAMA nº 117, de26/1/1996, que regulamenta a Lei nº 7.643,de 18/12/1987, que proíbe qualquer formade molestamento de cetáceos em águasjurisdicionais brasileiras; a Portaria IBAMAnº 5, de 25/01/1995, que estabelece normaspara proteção dos golfinhos-rotadores, Stenellalongirostris, no arquipélago de Fernando dePEQUENOS CETÁCEOSPLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DOS MAMÍFEROS AQUÁTICOS49
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