distribuída em alguns mercados do Nordestebrasileiro (CAMARGO & DA SILVA, 2004; DASILVA & MARTIN, 2007) e mais recentementeno centro-oeste do Brasil. De acordo cominformações fornecidas pela Fundação Omacha(Colômbia), a população de Bogotá, onde estepeixe é mais vendido naquele país, desconhecea forma como é capturado, assim como de quese trata de um peixe carniceiro, que se alimentade animais em decomposição. Os colombianosutilizam esse pescado, acreditando ser umaoutra espécie de peixe liso, antes abundante nosrios da Colômbia, cujo estoque foi drasticamentereduzido pela sobrepesca.Um relatório de monitoramento daRDS Mamirauá (ESTUPIÑÁN & VIEIRA, 2005)revelou que uma nova categoria de atividadena pesca, a de caçadores de boto, está seestabelecendo na cadeia produtiva da pescana região, com a finalidade de fornecer a iscapara a captura da piracatinga. Uma reduçãode cerca de 10% do número de botos quefrequenta o Sistema Mamirauá na RDS vemsendo registrada anualmente desde 2000 (DASILVA & MARTIN, 2007). Persistindo esta taxade mortalidade é muito provável que os botosvermelhostenham o mesmo fim que outrasespécies de golfinhos de água doce do mundo.Além disso, o boto-cor-de-rosa aindaenfrenta a destruição e degradação ambientalem certas áreas da região, causada peloaumento do tráfego de embarcações, comopor exemplo, com os grandes cargueiros no rioTrombetas e com as atividades petroquímicas,como a exploração e transporte de óleo e gásentre Coari e Manaus.Os projetos para implantação de novasusinas hidrelétricas, que fragmentam aspopulações, reduzindo o seu potencial genéticoe os projetos no setor hidroviário visando ligara região Centro-oeste ao Oceano Atlântico,aumentando a ocupação humana na Amazôniae a demanda por proteína animal, são ameaçasao ambiente aquático que afetam diretamenteo boto e a sua sobrevivência nos rios da baciaAmazônica. Além das atividades impactantes,também podem ser citadas as mineradoras, ogarimpo, a contaminação por agrotóxicos e osfertilizantes e os programas de agricultura emlarga escala, como o caso do plantio de soja naAmazônia, assim como a criação de búfalos emáreas de várzea (DA SILVA, 2004).PEQUENOS CETÁCEOS20PLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DOS MAMÍFEROS AQUÁTICOS
T ucuxiDDNome científico Sotalia fluviatilis(Gervais, 1853)FamíliaDelphinidaeStatus de conservaçãoIUCN (2008) Dados InsuficientesCITESApêndice ILista Nacional (2003) Quase ameaçadaMichael GouldingVera Maria Ferreira da SilvaFigura 3. Tucuxi, Sotalia fluviatilis.Características geraisAté recentemente o gênero Sotaliaera considerado monoespecífico, com doisecótipos; um marinho e outro fluvial. Estudosrecentes de morfologia craniana (MONTEIRO-FILHO et al., 2002; FETTUCCIA et al., 2009)e de genética molecular (CUNHA et al., 2005;CABALLERO et al., 2007) separaram o gêneroem duas espécies, restabelecendo a espéciemarinha (Sotalia guianensis) e separando-ada espécie fluvial (Sotalia fluviatilis), de ondederiva o nome específico.Sotalia fluviatilis é conhecidapopularmente na Amazônia como bototucuxiou simplesmente tucuxi (Figura 3). Éa única espécie da família Delphinidae quevive exclusivamente em águas interiores. Éconsiderado o menor dos delfinídeos e atingeno máximo 150 cm de comprimento e 45 a 50kg de peso. Não apresenta dimorfismo sexualevidente e só é possível diferenciar machosde fêmeas com o exame da região genital.Seu corpo é hidrodinâmico e robusto, comoo dos outros delfinídeos. O melão é redondoe bem definido, e o rosto, curto e largo nabase. A nadadeira dorsal triangular, localizadana região mediana do dorso, é curta na base ealta, ligeiramente falcada na ponta. A nadadeirapeitoral é mais larga que de outros delfinídeose pontuda na extremidade; a nadadeira caudalé típica da família. A coloração do corpo podevariar de cinza-escuro a cinza-claro, com aregião ventral rosada ou esbranquiçada e osflancos mais claros, com uma linha cinza quesepara a região ventral da dorsal e que vaidesde o rostro, passando pelo canto da boca epela linha logo abaixo dos olhos até a nadadeirapeitoral. Os olhos apresentam um contornode coloração escura, fazendo que aparentemser maiores. Apresenta entre 25 e 35 dentes<strong>pequenos</strong> e cônicos em cada hemimandíbula.Diferentemente do boto-cor-de-rosa, o tucuxitem as vértebras atlas e axis fundidas (comum atodos os membros da família Delphinidae) e asoutras cinco vértebras cervicais anquilosadas,contribuindo para a reduzida mobilidade lateralda cabeça (DA SILVA, 1983; 1994; DA SILVA &BEST, 1996, FLORES e DA SILVA, 2009).Não se conhece ainda o tamanhopopulacional, a taxa de mortalidade e denascimento, e a estrutura social do tucuxi,assim como a sua biologia. Estudos preliminaressobre a biologia da reprodução (BEST & DASILVA, 1984; DA SILVA, 2004) sugerem que otucuxi apresenta uma estratégia reprodutiva dotipo promíscuo, com competição espermática.Desconhece-se a idade e o tamanho comPEQUENOS CETÁCEOSPLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DOS MAMÍFEROS AQUÁTICOS21
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