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versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG

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cias clínicas e traumáticas. Dispõe <strong>de</strong> três leitos fixos,três macas, uma sala <strong>de</strong> expurgo e um sanitário <strong>de</strong> pacientes.Além dos serviços médicos tradicionais, ofereceatendimento com especialistas nas áreas <strong>de</strong> neurologia,traumatologia, pediatria, cirurgia geral e especializada.O estudo foi realizado através <strong>de</strong> observação participantelivre e <strong>de</strong> entrevista s<strong>em</strong>i-estruturada e gravada.Todas as informações colhidas das entrevistas foram transcritas,organizadas na forma <strong>de</strong> um diário <strong>de</strong> campo, analisadasagrupando-se as idéias convergentes e fazendorelação com a bibliografia disponível.Cada família foi i<strong>de</strong>ntificada com a letra F seguida donúmero que correspon<strong>de</strong> à ord<strong>em</strong> <strong>em</strong> que apareceu noestudo (F1, F2 ou F3). Os pesquisadores permitiram queos investigados escolhess<strong>em</strong> um nome fictício para a participaçãono estudo a fim <strong>de</strong> preservar suas i<strong>de</strong>ntificaçõespessoais. Assim, a i<strong>de</strong>ntificação da família seguiu estaord<strong>em</strong>: nome fictício do familiar – número correspon<strong>de</strong>nteda família na entrevista (F1, F2 ou F3) – grau <strong>de</strong>familiarida<strong>de</strong> com o paciente. Ex<strong>em</strong>plo: Alice – F2 – Neta.RESULTADOS E DISCUSSÕESEm 2002, o Ministério da Saú<strong>de</strong>, reconhecendo a relevânciado setor <strong>de</strong> urgências e <strong>em</strong>ergências na saú<strong>de</strong>pública, publicou a Portaria 2048/2002 4 . Através <strong>de</strong>la,reconhece-se o aumento da d<strong>em</strong>anda <strong>de</strong> atendimento, ainsuficiente estruturação <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> assistencial e a gran<strong>de</strong>distância entre os municípios, prejudicando os primeirosatendimentos. Resolveu-se criar os chamados Sist<strong>em</strong>asEstaduais <strong>de</strong> Urgência e Emergência, contribuindopara a regionalização da assistência, tão preconizada pelaNorma Operacional Básica (NOB) 01/2002 do Sist<strong>em</strong>aÚnico <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.Segundo a Portaria, as urgências e <strong>em</strong>ergências nopaís serão coor<strong>de</strong>nadas pelos estados e municípios, quese responsabilizam pelo recebimento dos recursos, suaaplicação a<strong>de</strong>quada (serviços <strong>de</strong> r<strong>em</strong>oção, ampliação dare<strong>de</strong> pré-hospitalar e intra-hospitalar e a capacitação/recapacitaçãodos profissionais), além da fiscalização noandamento das propostas.As urgências e <strong>em</strong>ergências nos r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> às condições<strong>de</strong> atendimento que exig<strong>em</strong> medidas terapêuticasmediatas e imediatas, <strong>em</strong> que existe risco <strong>de</strong> vida. Nessesentido, pod<strong>em</strong>os classificá-las como procedimentos <strong>de</strong>alta complexida<strong>de</strong>, havendo a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> aparatos tecnológicos que reabilit<strong>em</strong> pessoas<strong>em</strong> menor t<strong>em</strong>po possível e com o menor grau <strong>de</strong>seqüelas.Contudo, mesmo que a atenção seja voltada ao paciente,o familiar ali presente também necessita <strong>de</strong> atenção.Eles perceb<strong>em</strong> e se preocupam com o que está acontecendo,s<strong>em</strong>, muitas vezes, enten<strong>de</strong>r a gravida<strong>de</strong> e ocomportamento dos profissionais da saú<strong>de</strong>. As seguintesfalas dos familiares <strong>em</strong>basam nossa preocupação:Eu acho que o paciente quando chega, se é um casoque é <strong>em</strong>ergência, entra direto, tá? Só que eu achoque <strong>de</strong>pois que tu tocou nele, viu mais ou menos aprimeira vista... já fala então, uma pequena notícia...dizer alguma coisa, falar alguma coisa... a pessoa ficaali trancada, não po<strong>de</strong> entrar, não po<strong>de</strong> falar também..quando tiver<strong>em</strong> boa vonta<strong>de</strong> eles te chamam, ou <strong>em</strong>certos casos... só chamam quando morreu.. (Brenda –F1 – Filha).Quando a gente entra está tudo calmo, então elesestavam todos brincando, então na hora que t<strong>em</strong>movimento eu não sei o que eles estão fazendo, eu nãosei <strong>de</strong> nada (choros). Essa é a realida<strong>de</strong>, qu<strong>em</strong> te garanteque eles estão vendo, se a minha vó está vomitando alise eles estão lá no canto? Então o único momento queeu tenho contato eu não tenho contato, eu só fico paradaolhando, dois minutos no máximo, porque tu tens queentrar rápido e sair rápido... eu quero saber, eu não tosabendo, eu só entrei ali e saí e não sei <strong>de</strong> nada econtinuo lá na frente, naquele horror, sentada, olhando,sofrendo... se eu tivesse espírito eu seria médica, nãoseria uma pessoa comum, eu não tenho espírito praisso, não tenho condições <strong>de</strong> estar ali, exposta aquilotudo... ... qualquer atenção às pessoas que tão aliesperando, a mínima atenção que tu tiver, mínima, tunão esquece, sabe? (Alice – F2 – Neta).... eu penso assim... eles (profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>) quer<strong>em</strong>que morra mesmo pra ser menos um, é, eu acho queé, os médicos não estão n<strong>em</strong> aí, ainda ficam rindo umpro outro, e eu choro quando eu chego <strong>em</strong> casa, euchoro que n<strong>em</strong> sei... (Patrícia – F1 – Esposa).No ambiente <strong>de</strong> atendimento intensivo há umasupervalorização dos procedimentos técnicos <strong>em</strong> prejuízodo relacionamento com o paciente e seus familiares.Diante <strong>de</strong>ssas situações, os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> apresentamos mais variados comportamentos, os quais constitu<strong>em</strong>estratégias que representam uma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesapsicológica contra a dor e o sofrimento psíquico do outroe que geram um distanciamento afetivo-<strong>em</strong>ocional,b<strong>em</strong> como uma impessoalida<strong>de</strong> do cuidado (4,11,12) .Entend<strong>em</strong>os que durante a internação <strong>em</strong> uma unida<strong>de</strong>crítica, como UTI ou <strong>em</strong>ergência, o profissional<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> se vê diante da complicação potencial do quadroclínico e das necessida<strong>de</strong>s psicossociais <strong>de</strong> pacientese familiares. As mo<strong>de</strong>rnas tecnologias <strong>em</strong> equipamentos,como os novos antibióticos e os respiradoresartificiais, são ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> instrumentais que visam apreservar a vida que está <strong>em</strong> risco. Assim, o profissional<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> acaba priorizando, <strong>em</strong> princípio, a manutençãodas condições vitais do paciente, distanciandosedo vínculo, do acolhimento e do relacionamentoterapêutico não somente com o próprio paciente, comotambém com sua família, <strong>de</strong>sestabilizada com a situação,que também carece <strong>de</strong> atenção e <strong>de</strong> acompanhamentosist<strong>em</strong>ático e contínuo.Os usuários que necessitam <strong>de</strong> atendimento nas unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> Pronto-Socorro conviv<strong>em</strong>, diariamente, commuitas contradições. Os pacientes esperam aresolutivida<strong>de</strong>, porém observam um atendimento pura-4BRASIL, Ministério da Saú<strong>de</strong>. Portaria 2048 <strong>de</strong> 05 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2002. Dispõe sobre a Regulamentação Técnica dos Sist<strong>em</strong>as Estaduais <strong>de</strong> Urgência eEmergência; 2002.REME – Rev. Min. Enf; 9(1):07-12, jan/mar, 2005 9

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