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versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG

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Ocorrência <strong>de</strong> Úlcera <strong>de</strong>...INTRODUÇÃOA Lesão da Medula Espinhal (LME) é reconhecida comouma das condições mais difíceis para o ser humano, poisproduz alterações fisiológicas, <strong>em</strong>ocionais, sociais eeconômicas na vida dos indivíduos, as quais persist<strong>em</strong>para s<strong>em</strong>pre, afetando não somente a pessoa, mas toda afamília. (1)O trauma é responsável pela maior parte das lesõesmedulares agudas e as causas mais freqüentes são os aci<strong>de</strong>ntes<strong>de</strong> trânsito, ferimentos por arma <strong>de</strong> fogo, quedas,mergulhos <strong>em</strong> água rasa ou outros esportes. (2)A população mais atingida é a dos adultos jovens, comida<strong>de</strong> entre 18 e 35 anos e na proporção <strong>de</strong> 4 homenspara 1 mulher. (3,4)A pessoa com lesão medular apresenta alterações significativas<strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> e sensibilida<strong>de</strong> tendo um riscoelevado para <strong>de</strong>senvolver Úlcera <strong>de</strong> Pressão (UP). Estacomplicação po<strong>de</strong> acarretar d<strong>em</strong>ora no processo <strong>de</strong> reabilitação<strong>de</strong>stes pacientes, requerendo assistênciainterdisciplinar e especializada para a sua prevenção etratamento. (5)Outro fator para a ocorrência da UP, nesta população,é que a LME interfere na biossíntese e no catabolismo docolágeno diminuindo a elasticida<strong>de</strong> da pele, <strong>de</strong>ixando- aincapaz <strong>de</strong> adaptar- se às agressões mecânicas e com maiorfragilida<strong>de</strong> na região corporal abaixo do nível da lesão. (6)A UP <strong>em</strong> pacientes hospitalizados é consi<strong>de</strong>rada comoum indicador da qualida<strong>de</strong> do serviço; medidas são recomendadaspara avaliar a prevalência e incidência do probl<strong>em</strong>a,b<strong>em</strong> como para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> programas<strong>de</strong> redução dos índices encontrados. (7)A incidência e prevalência <strong>de</strong> U.P <strong>em</strong> pacientes comLME varia muito, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do nível da lesão, do comprometimentoneurológico e das condições do tratamento,assim como do método usado para coleta <strong>de</strong> dados. (8)Estudos do centro <strong>de</strong> estatística nacional <strong>de</strong> LME, nos EstadosUnidos, mostram que 34% dos indivíduos admitidos<strong>em</strong> um sist<strong>em</strong>a mo<strong>de</strong>lo, até 24 horas após a LME, <strong>de</strong>senvolveramno mínimo uma UP durante a fase aguda ou nareabilitação. (6) Outro estudo americano i<strong>de</strong>ntificou que aUP era a complicação secundária mais comum <strong>em</strong> todosos anos após a lesão medular, e sua prevalência estavaassociada com o número <strong>de</strong> anos após a lesão. (9) Nos EUAestima-se que 50% a 80% das pessoas com LME apresentaramUP pelo menos uma vez <strong>em</strong> sua vida e a maioria dasúlceras ocorreram nos primeiros dois anos após a lesão. (10)Estudo retrospectivo realizado <strong>em</strong> um hospital dointerior paulista, durante o período <strong>de</strong> três anos, apresentouque nos pacientes atendidos com LME, sete(22,5%) <strong>de</strong>senvolveram úlcera <strong>de</strong> pressão durante a primeirainternação após o aci<strong>de</strong>nte. (11)Pesquisa que analisou os registros feitos pelos enfermeiros,nos históricos <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> dos pacientes comLME, atendidos <strong>em</strong> uma instituição paulista para reabilitação,i<strong>de</strong>ntificou que o diagnóstico <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> potencialpara prejuízo na integrida<strong>de</strong> da pele ocorreu <strong>em</strong>100% dos pacientes. Estabeleceu ainda que os fatores <strong>de</strong>risco, os quais <strong>em</strong>basavam a elaboração <strong>de</strong>ste diagnósticoforam: alterações da motricida<strong>de</strong> e sensibilida<strong>de</strong>, incontinênciaurinária, alterações no turgor e elasticida<strong>de</strong>da pele, história prévia <strong>de</strong> úlcera <strong>de</strong> pressão e presença<strong>de</strong> flictena <strong>em</strong> pro<strong>em</strong>inência óssea. Diante <strong>de</strong>stes fatores<strong>de</strong> risco, as intervenções <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> para prevençãodo probl<strong>em</strong>a que mais se <strong>de</strong>stacaram foram: orientar/treinar o paciente enfocando a mudança <strong>de</strong> <strong>de</strong>cúbito,posicionamento no leito, higienização, alimentação ehidratação. (4,5)No Reino Unido, dos 144 pacientes com LME admitidos<strong>em</strong> unida<strong>de</strong> especializada para tratamento, 32% tinhamUP na admissão, enquanto 38% apresentaram oprobl<strong>em</strong>a durante a hospitalização. (12)As ativida<strong>de</strong>s envolvidas no tratamento das pessoascom LME são complexas e englobam mudanças nas condições<strong>de</strong> vida. Muitas intervenções necessárias para aprevenção da úlcera <strong>de</strong> pressão requer<strong>em</strong> entendimento,cooperação e iniciativa do paciente e <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> iráajudá-lo. Os cuidados <strong>de</strong> prevenção pod<strong>em</strong> estar comprometidoscom a falta <strong>de</strong> suporte social e financeiro. (6)Estratégias <strong>de</strong> prevenção para UP, as quais <strong>de</strong>v<strong>em</strong> seriniciadas logo após o diagnóstico <strong>de</strong> LME e perdurar paratoda a vida, objetivam a redução da pressão exercidacontra os tecidos pelas pro<strong>em</strong>inências ósseas mantidassobre uma superfície dura como a ca<strong>de</strong>ira ou o leito, pormeio <strong>de</strong> uso apropriado <strong>de</strong> colchão, travesseiros e almofadas;mudança <strong>de</strong> <strong>de</strong>cúbito e <strong>de</strong>scompressão isquiáticaquando sentado; higienização a<strong>de</strong>quada da pele mantendo-as<strong>em</strong>pre seca e hidratada; e garantia <strong>de</strong> uma dietarica <strong>em</strong> proteínas e vitaminas.Nos Estados Unidos, estima-se que os gastos anuaispara tratamento da UP <strong>em</strong> pessoas com LME estão aoredor <strong>de</strong> 1,3 bilhão <strong>de</strong> dólares. (13) Naquele país entretanto,a socieda<strong>de</strong> t<strong>em</strong> se <strong>em</strong>penhado para reverter a situaçãoe a população t<strong>em</strong> pressionado o Estado para assumirsua responsabilida<strong>de</strong>. Des<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 80, CentrosEspecializados <strong>em</strong> Trauma Raquimedular que fornec<strong>em</strong>assistência da fase aguda à reabilitação vocacional são criadosnas diferentes regiões do país, com apoio <strong>de</strong> universida<strong>de</strong>se do governo. (9)No Brasil, <strong>em</strong>bora o probl<strong>em</strong>a tenha sido pouco estudado,sabe-se que a prática precisa incorporar as evidênciasdisponíveis para redução dos índices encontrados.Nesse sentido, um projeto <strong>de</strong> pesquisa associado aativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> extensão, com participação <strong>de</strong> alunos <strong>de</strong>graduação <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong>, enfermeiros e outros profissionais<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, v<strong>em</strong>- se <strong>de</strong>senvolvendo nos últimos cincoanos, <strong>em</strong> um hospital universitário do interior paulista,para impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> protocolos <strong>de</strong> assistência. (14) Nestapublicação apresentamos os resultados iniciais da pesquisareferentes ao período pré- intervenção .OBJETIVOS• Caracterizar o perfil dos pacientes hospitalizadoscom LME <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> trauma <strong>em</strong> alguns aspectosd<strong>em</strong>ográficos e clínicos.• I<strong>de</strong>ntificar a ocorrência <strong>de</strong> úlcera <strong>de</strong> pressão e osfatores associados.METODOLOGIAO projeto <strong>de</strong> pesquisa foi aprovado pela comissão <strong>de</strong>regulamentação e normas éticas da instituição. Inicialmen-30 REME – Rev. Min. Enf; 9(1):29-34, jan/mar, 2005

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