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versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG

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s<strong>em</strong>blantes <strong>de</strong> tristeza ficaram evi<strong>de</strong>ntes. Havia um sentimento<strong>de</strong> inconformismo <strong>em</strong> razão do fim dos trabalhos,conforme expresso pelo grupo. Isso justifica-se pelofato <strong>de</strong> termos <strong>de</strong>senvolvido uma relação <strong>de</strong> carinho,respeito e construção coletiva do conhecimento.Ressaltamos a importância da gradativa quebra <strong>de</strong> vínculoscom qualquer tipo <strong>de</strong> grupo que t<strong>em</strong> encontros <strong>de</strong>periodicida<strong>de</strong> mais freqüente, inclusive grupos <strong>de</strong> pesquisa,pois, na experiência vivida, <strong>em</strong>bora fosse um grupo<strong>de</strong> investigação, relações foram estabelecidas efortificadas. Aquele momento <strong>de</strong> pesquisa virou um espaço<strong>de</strong> expressão <strong>de</strong> sentimento dos adolescentes, tornando-seterapêutico para alguns <strong>de</strong>les.Ao som <strong>de</strong> uma música suave, e estando todosposicionados confortavelmente, iniciamos o relaxamento.Falamos para o grupo: “Nesse momento, vamos nospreparar para fazer uma viag<strong>em</strong> pelo nosso imaginário...”.E agora expresse como foi essa viag<strong>em</strong> para você, o quevocê encontrou, s<strong>em</strong>pre pensando no t<strong>em</strong>a da pesquisa”.Em seguida, fiz<strong>em</strong>os a restituição dos dados produzidose analisados pelo grupo-pesquisador. Todos escutaramatentamente o que falávamos, confirmando tudo aquiloque havíamos produzido com os diversos dispositivos utilizados.Após esse momento <strong>de</strong> restituição dos dados,tiv<strong>em</strong>os a certeza <strong>de</strong> que estávamos nos separando.CONSIDERAÇÕES FINAISToda essa construção coletiva teve marcas <strong>de</strong> pegadase matizes <strong>de</strong> uma aquarela pintada a várias mãos,oportunida<strong>de</strong> <strong>em</strong> que as cores esboçaram sentimentos,vivências e experiências compartilhadas. Com esta pesquisaa<strong>de</strong>ntramos no enigmático mundo das drogas, sendoguiadas por um grupo <strong>de</strong> adolescentesinstitucionalizados através dos caminhos sinuosos <strong>de</strong> suasvivências, buscando propiciar dispositivos não convencionaisou habituais que lhes permitiss<strong>em</strong> expressar seussentimentos na relação entre droga, violência e prazer.Para trabalharmos tal probl<strong>em</strong>ática, fomos buscar inspiraçãona sociopoética, na fundamentação <strong>de</strong> idéias queperpassam esse método <strong>de</strong> pesquisa, sua visão <strong>de</strong> mundo,<strong>de</strong> pesquisa e seu tipo <strong>de</strong> abordag<strong>em</strong>, da qual nosapropriamos, o método do grupo-pesquisador, o quallança mão <strong>de</strong> uma abordag<strong>em</strong> grupal para a realização daprodução ou coleta <strong>de</strong> dados.A pesquisa sociopoética consi<strong>de</strong>ra os sujeitos da pesquisacomo atores, os quais se transformam <strong>em</strong> grupopesquisador,sendo co-autores <strong>de</strong> toda a produção. Diantedisso é que ressaltamos o quanto grupos <strong>de</strong> adolescentespod<strong>em</strong> ser favorecidos por este método que buscavalorizar as pessoas como sujeitos co-pesquisadores,propondo a percepção das dimensões afetiva, sensitiva,intuitiva, imaginativa e, também, racional no processo <strong>de</strong>pesquisa. Dessa forma, o que faz o diferencial daSociopoética é a utilização das diversas linguagens corporaiscomo fonte <strong>de</strong> conhecimento, sendo expressopor técnicas grupais.Com a utilização das técnicas <strong>de</strong>scritas, consi<strong>de</strong>ramosque essas oficinas tenham sido um espaço propíciopara o aprendizado entre os co-pesquisadores, pois todostiveram a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r uns com osoutros, <strong>de</strong> reaver sua auto-estima, o doce sabor da vida,<strong>de</strong>scobrir<strong>em</strong>-se, falar<strong>em</strong> <strong>de</strong> suas vidas e seus sentimentosquanto às drogas e também vivenciar<strong>em</strong> o momentodas oficinas como sendo um espaço terapêutico, <strong>em</strong>borativéss<strong>em</strong>os consciência <strong>de</strong> que, naquele momento, tornaro trabalho terapêutico para os adolescentes não erao objetivo.Essas oficinas <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> e criativida<strong>de</strong> trouxerammudanças para a vida dos adolescentes. Sentimos,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo, o quanto estavam sendo importantes para avida daqueles meninos e meninas, uma vez que as transformaçõesocorridas mostravam-se a todo instante, namudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>, na socialização, na participação dasativida<strong>de</strong>s, na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> parar e refletir sobre suasvidas e pensar <strong>em</strong> saídas para probl<strong>em</strong>as antigos, entretantas outras mudanças. As oficinas possibilitaramvivências tão fortes para cada um dos participantes, que,<strong>em</strong>bora não seja este o objetivo <strong>de</strong>sse método, houveseus efeitos terapêuticos. E isso se <strong>de</strong>u, simplesmente,pelo fato <strong>de</strong> representar um espaço <strong>de</strong> livre expressão<strong>de</strong> pensamentos e <strong>de</strong> sentimentos, um reconhecimentolegítimo do direito <strong>de</strong>sses adolescentes à vez e à voz.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Carlini EA, Galduróz JCF, Noto AR. IV levantamento sobre o uso <strong>de</strong>drogas entre estudantes <strong>de</strong> 1º e 2º grau <strong>em</strong> 10 capitais brasileiras. SãoPaulo: UFSP/CEBRID; 1997.2. Moraes LMP. Adolescentes institucionalizados e sua relação com asdrogas: uma abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> inspiração sociopoética [dissertação]. Fortaleza:Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará; 2003.3. Oliveira MVASC. Educação popular <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> para além das palavras:um encontro com o sentir. In: Rodrigues LD, Vasconselos EM. Novasconfigurações <strong>em</strong> movimentos sociais – Vozes do Nor<strong>de</strong>ste. João Pessoa:Ed. Universitária/UFPB; 2000. p.95-115.4. Gauthier J. Sociopoética: encontro entre Arte, Ciência e D<strong>em</strong>ocraciana Pesquisa <strong>em</strong> Ciências Humanas e Sociais Enfermag<strong>em</strong> e Educação.Rio <strong>de</strong> Janeiro: Editora <strong>Escola</strong> Anna Nery/UFRJ; 1999.5. Ceará. Secretaria do Trabalho e Ação Social. Fundação Estadual doB<strong>em</strong>-Estar do Menor do Ceará – FEBEMCE. Estatuto da Criança e doAdolescente. Fortaleza: Imprensa Oficial do Ceará – IOCE; 1990.6. Brasil. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Coor<strong>de</strong>nação Nacional <strong>de</strong> Doenças SexualmenteTransmissíveis e Aids. Manual do multiplicador:adolescente..Brasília;1997.7. Boal A. Jogos para atores e não atores. Rio <strong>de</strong> Janeiro: CivilizaçãoBrasileira; 1998.8. Gauthier JHM, Cabral IE, Santos I, Tavares CMM, organizadores.Pesquisa <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong>: novas metodologias aplicadas. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Guanabara Koogan; 1998.9. Liebmann M. Exercícios <strong>de</strong> arte para grupos. São Paulo: Summus;2000.10. Silveira LC. Equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental do hospital – dia: produzindo ainterdisciplinarida<strong>de</strong> [dissertação]. Fortaleza: Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral doCeará; 2001.REME – Rev. Min. Enf; 9(1):77-83, jan/mar, 2005 83

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