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versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG

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OFICINAS DE SENSIBILIDADE E CRIATIVIDADEINTRODUÇÃOO trabalho com grupos é um dos recursos utilizadospor vários profissionais na área da saú<strong>de</strong> para aten<strong>de</strong>rclientelas especificas. A partir da busca <strong>de</strong> trabalhos <strong>de</strong>senvolvidossobre grupos, observamos que há poucosregistros na literatura <strong>de</strong> grupos que <strong>de</strong>senvolvam assistênciaà saú<strong>de</strong> com adolescentes . Esse t<strong>em</strong>a é cont<strong>em</strong>pladopor consi<strong>de</strong>rarmos que, ao vivenciar<strong>em</strong> uma fase<strong>de</strong> transição, esta se traduz <strong>em</strong> um momento <strong>de</strong> crisecaracterizada pela metamorfose à qual os sujeitos sãosubmetidos na passag<strong>em</strong> entre a infância e a vida — adulta/ a adolescência. Nesse período, é percebida a busca porexperiências novas, uma das quais, observamos, é o usodas drogas psicoativas, iniciado cada vez mais precoc<strong>em</strong>ente.Estudos apontam para o aumento do uso abusivoe in<strong>de</strong>vido <strong>de</strong> drogas entre os adolescentes dar-se cadavez mais cedo, por volta dos <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, <strong>em</strong> ambosos sexos. (1)Foi sobre a relação do adolescente com as drogaspsicoativas que realizamos esta pesquisa, tendo comofoco central a apreensão dos sentimentos <strong>de</strong> um grupo<strong>de</strong> adolescentes institucionalizados . Para isso, trabalhamoscom um grupo <strong>de</strong>les, utilizando como recurso oficinas<strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> e criativida<strong>de</strong> como uma das formasencontradas para favorecer a expressão <strong>de</strong> sentimentosrelativos ao uso <strong>de</strong> drogas, por meio <strong>de</strong> dispositivoscriativos, e i<strong>de</strong>ntificar o modo como os adolescentesvivenciam o uso <strong>de</strong> drogas <strong>em</strong> seu cotidiano; procuramos,então, extrair da realida<strong>de</strong> examinada el<strong>em</strong>entosimportantes para uma aproximação maior da probl<strong>em</strong>áticae fornecer subsídios para a reflexão <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong>que precisa ser transformada. (2)As oficinas são vivências grupais que permit<strong>em</strong> aosseus participantes sentir<strong>em</strong>-se sujeitos construtores eagentes transformadores, possibilitando uma açãoeducativa, <strong>de</strong> modo que os trabalhos grupais sejam maisafetivos, participativos e <strong>de</strong> espaço para construçãocoletiva do conhecimento. Toda essa construção acontecea partir do saber-vida que começa <strong>de</strong>spertando ossentidos e visualizando, o máximo possível, o cotidianodos participantes. (3)T<strong>em</strong>os como objetivo, neste estudo, <strong>de</strong>screver a coor<strong>de</strong>naçãodas ativida<strong>de</strong>s realizadas durante oficinas <strong>de</strong>sensibilida<strong>de</strong> e criativida<strong>de</strong> com adolescentesinstitucionalizados.CONSTRUÇÃO DO PROCESSO TEÓRICO- METODOLÓGICOConsi<strong>de</strong>rando o fato <strong>de</strong> preten<strong>de</strong>rmos apreen<strong>de</strong>r ossentimentos dos adolescentes com relação ao uso <strong>de</strong>drogas, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejarmos utilizar algo inovador, queproporcionasse a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar a sensibilida<strong>de</strong>,a criativida<strong>de</strong> e a relação com o outro, <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>osuma pesquisa qualitativa inspirada no referencialteórico-metodológico da sociopoética, através do métododo grupo-pesquisador, utilizando subsídios da teoriada análise institucional.O método do grupo-pesquisador é dividido <strong>em</strong> seismomentos: a entrada no grupo sujeito da pesquisa(a formação do grupo-pesquisador), <strong>em</strong> que o facilitadorda pesquisa negocia a sua entrada e sua aceitação pelossujeitos da pesquisa ou co-pesquisadores; a escolha dot<strong>em</strong>a a ser pesquisado; a produção <strong>de</strong> dados; a análiseexperimentaçãodos dados; a contra-análise dos dadose, por último, a socialização da pesquisa. (4)A seqüência <strong>de</strong>scrita faz parte do método do grupopesquisador.Foram esses seis momentos <strong>de</strong> construçãoque procuramos <strong>de</strong>senvolver ao longo <strong>de</strong>sta pesquisa,cuidadosamente respeitando o rigor do método e preservandoa privacida<strong>de</strong> e o sigilo dos dados produzidos,juntamente com o anonimato dos integrantes do grupo,conforme <strong>de</strong>termina a Resolução 196/96, sobre as normas<strong>de</strong> pesquisa envolvendo seres humanos. O projetofoi aprovado pelo Comitê <strong>de</strong> Ética <strong>em</strong> Pesquisas comSeres Humanos sob o protocolo número 19/02.O local escolhido para o cenário do estudo foi umabrigo público <strong>de</strong>stinado ao atendimento <strong>de</strong> adolescentes<strong>em</strong> situação <strong>de</strong> risco, unida<strong>de</strong> oriunda do<strong>de</strong>sm<strong>em</strong>bramento da antiga FEBEMCE (Fundação <strong>de</strong>B<strong>em</strong>- Estar do Menor – Ceará), que faz parte <strong>de</strong> umare<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistência à criança e ao adolescente.Atualmente, encontra-se vinculado à SETAS/CE – Secretariado Trabalho e Ação Social do Estado do Ceará. Oabrigo é uma unida<strong>de</strong> mista que é um recurso <strong>de</strong>internação total viabilizado como medida <strong>de</strong> proteção,<strong>em</strong> caráter provisório e excepcional, para aqueles <strong>em</strong>situação <strong>de</strong> risco pessoal e social, porém, os adolescentesnão são privados <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. Consi<strong>de</strong>ra-se adolescente,para os efeitos <strong>de</strong> lei, a pessoa entre doze e <strong>de</strong>zoitoanos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. (5)Os sujeitos que constituíram o estudo eram <strong>de</strong> ambosos sexos, vinculados ao abrigo. Um dos critérios <strong>de</strong>inclusão na pesquisa foi o <strong>de</strong> que cada um dos sujeitosaceitasse participar do grupo-pesquisador e já tivesse feitouso <strong>de</strong> drogas. O número <strong>de</strong> participantes foi <strong>de</strong>finido<strong>de</strong> acordo com a disponibilida<strong>de</strong> e interesse <strong>em</strong> participarda investigação. Formamos um grupo com 15 adolescentesinstitucionalizados. Além <strong>de</strong> uma sala que foidisponibilizada para reuniões do grupo, dispúnhamos <strong>de</strong>outros recursos, como aparelho <strong>de</strong> som, quadro <strong>de</strong> escrever,máquina fotográfica e os diversos materiais utilizados<strong>em</strong> cada oficina (balões, canetas, tesouras, cola, tintas,vários tipos <strong>de</strong> papéis, lápis <strong>de</strong> cera, revistas, jornais,faixas <strong>de</strong> tecidos, barbantes, fita a<strong>de</strong>siva, entre outros).Quanto ao planejamento <strong>de</strong>ssas oficinas <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>e criativida<strong>de</strong>, tudo foi planejado após <strong>de</strong>cisões tomadascom o grupo-pesquisador, o qual <strong>de</strong>nominamos<strong>de</strong> “Meninos do Abrigo”. Foram oito encontros, assimdistribuídos: uma oficina <strong>de</strong> aproximação e tomada <strong>de</strong><strong>de</strong>cisões com o grupo-pesquisador, quatro <strong>de</strong> produção<strong>de</strong> dados, duas <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> dados e uma <strong>de</strong> restituiçãodos dados.As oficinas <strong>de</strong> produção e análise ocorreram <strong>em</strong> espaçodo abrigo, já que o grupo só po<strong>de</strong>ria sair autorizadopela direção do serviço, por estar sob guarda judicial.Cada oficina <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> e criativida<strong>de</strong> teve duashoras <strong>de</strong> duração e uma periodicida<strong>de</strong> programada <strong>de</strong>acordo com a disponibilida<strong>de</strong> do grupo-pesquisador.Como categorias t<strong>em</strong>áticas nas oficinas, utilizamos ascores primárias (azul, amarelo e vermelho), secundárias78 REME – Rev. Min. Enf; 9(1):77-83, jan/mar, 2005

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