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versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG

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A reforma psiquiátrica permite a inclusão <strong>de</strong> conceitosimportantes que por tantos anos estiveram fora dodiscurso no trato com a loucura: <strong>de</strong>sospitalização,<strong>de</strong>sinstitucionalização, reabilitação psicossocial, cidadão,sujeito. Os serviços substitutivos traz<strong>em</strong> consigo estesconceitos e estão ligados à noção <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>, pois<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser dispositivos dinâmicos, que produzam ação epromovam uma nova concepção - a concepção da diferença.Não se trata <strong>de</strong> impor a igualda<strong>de</strong>, mas <strong>de</strong> garantiro respeito à diferença, “fazer das experiências da loucuraalgo que possa transmitir na cultura, s<strong>em</strong> exclusãoda subjetivida<strong>de</strong>, ou seja, sustentando a possibilida<strong>de</strong> dosujeito”. (12) Como diz Cavalcanti (13) “o probl<strong>em</strong>a não estátanto <strong>em</strong> ‘pirar ou não pirar’ mas <strong>em</strong> o que se faz comesta ‘piração’ (...) ajudá-lo a fazer <strong>de</strong>sta tragédia existencialalgo que vale a pena”.O portador <strong>de</strong> sofrimento psíquico po<strong>de</strong> ser sujeito<strong>de</strong> sua própria história e para que isso seja possível épreciso extinguir a lógica manicomial que circunscreve ouniverso da loucura. A reforma psiquiátrica traz essapossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interação entre a socieda<strong>de</strong>, a loucura eas instituições. Assim, a socieda<strong>de</strong> po<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a enten<strong>de</strong>re respeitar o “louco” <strong>em</strong> seu direito <strong>de</strong> ser o queele é, <strong>em</strong> sua realida<strong>de</strong> psíquica. Trata-se, portanto, <strong>de</strong>um movimento que busca restituir ao “louco” o direito<strong>de</strong> expressar sua subjetivida<strong>de</strong> com dignida<strong>de</strong>, s<strong>em</strong> estigmas,s<strong>em</strong> preconceitos.CONSIDERAÇÕES FINAISA <strong>de</strong>sinstitucionalização como um processo, objetivanão apenas a reorganização dos serviços substitutivos,mas requer a produção <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> pensar einteragir com a experiência da loucura, promovendotransformações na realida<strong>de</strong> assistencial. Salientamos quea <strong>de</strong>smontag<strong>em</strong> dos hospitais psiquiátricos implica tambémmudanças no saber e no fazer dos trabalhadores,seres <strong>de</strong> transformação do contexto e das relações.Os princípios que norteiam a reforma psiquiátricaapresentam-se como possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mudança da relaçãosujeito/instituição. Sendo um processo complexo e<strong>em</strong> construção, gera experiências que conduz<strong>em</strong> aoaprendizado e ao aprimoramento na busca da melhorforma <strong>de</strong> lidar com a loucura. Transformando a realida<strong>de</strong>assistencial, a reforma psiquiátrica oferece um entrelaceentre a cida<strong>de</strong> e a loucura, priorizando a dimensãoda cidadania. Nesse sentido, transformam-se as relações,as instituições e o contexto, produzindo possibilida<strong>de</strong>spara tornar-se sujeito.Consi<strong>de</strong>rando todas as conquistas da reforma psiquiátrica,a política atual <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental traz um avançosignificativo <strong>em</strong> relação à política que tinha ahospitalização como único mecanismo para o tratamentodo portador <strong>de</strong> sofrimento psíquico.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1-Vianna P. A reforma psiquiátrica e as associações <strong>de</strong> familiares: unida<strong>de</strong>e oposição. São Paulo: <strong>Escola</strong> <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> da USP, 2002. (Tese,Doutorado).2-Martinez P. Direitos <strong>de</strong> Cidadania: Um lugar ao sol. São Paulo:Scipione,1996.3-Machado J. O Alienista. Porto Alegre: L&PM, 1998.4- Zenoni A. Qual a instituição para o sujeito psicótico? In: Psicanálise einstituição: a segunda clínica <strong>de</strong> Lacan. Belo Horizonte: Abrecampos.Ano1, n.0 junho, 2000.5-Basaglia F. A Instituição negada: relato <strong>de</strong> um hospital psiquiátrico.Rio <strong>de</strong> Janeiro: Graal, 1985.6- Goffman E. Manicômios, prisões e conventos. São Paulo: Perspectiva,1992.7-Miranda C. O parentesco imaginário. São Paulo: Cortez, 1994.8- Desviat M. A reforma psiquiátrica. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Fiocruz, 1999.9- Amarante P (organizador). Loucos pela vida: a trajetória da reformapsiquiátrica no Brasil. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Fiocruz, 1995.10- Rotelli F. A instituição inventada. In: Rotelli F, Leonards O, Mauri D,RisoD. Desinstitucionalização. São Paulo: Hucitec, 1990.11- Delgado P. Perspectivas da psiquiatria pós-asilar no Brasil. In: TundisSH, Costa NR (organizadores). Cidadania e loucura: políticas <strong>de</strong> saúd<strong>em</strong>ental no Brasil. 2ªed.Petrópolis: Vozes, 1990.12- Lobosque A M. Experiências da loucura. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Garamond,2001.13-Cavalcanti MT. Sobre o tratar <strong>em</strong> psiquiatria. Arq Bras Psiq NeurolMed Legal, 2000.REME – Rev. Min. Enf; 9(1):65-69, jan/mar, 2005 69

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