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versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG

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conversar com essas pessoas sobre a higiene da casat<strong>em</strong> que saber como começar a falar” (ACS 1.34).Perceb<strong>em</strong>-se, nesses discursos, dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>orientação à população, pois, parece que ela se mostrapouco susceptível às alterações do modo <strong>de</strong> vida,tornando-se muitas vezes arredia. Isso evi<strong>de</strong>ncia anatureza dialética do processo e a dificulda<strong>de</strong> dapopulação <strong>em</strong> absorver os princípios da promoção dasaú<strong>de</strong>. Também d<strong>em</strong>onstra que só orientações einformações não são suficientes para reverter essequadro. Na situação estudada, as ativida<strong>de</strong>s maisreferidas entre aquelas <strong>de</strong>senvolvidas pelo ACS diz<strong>em</strong>respeito a cadastramento e atualização das famíliasna área <strong>de</strong> abrangência; i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> famíliasexpostas a situações <strong>de</strong> risco; visitas domiciliares, comretorno aos d<strong>em</strong>ais m<strong>em</strong>bros da equipe sobre osprobl<strong>em</strong>as encontrados; busca ativa dos usuários sobcontrole nos programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> oferecidos pela UBS.Perceb<strong>em</strong>-se conotações paradoxais nos discursossobre o campo <strong>de</strong> suas ações. Apesar do reconhecimentoda importância <strong>de</strong> seu papel <strong>de</strong> vigílância junto às famílias,no que se refere ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ações <strong>de</strong>promoção à saú<strong>de</strong>, estas ainda estão voltadas para a doençae se sobressa<strong>em</strong>, o que é uma contradição ao papelque lhe é atribuído. A estratégia <strong>de</strong> incorporação do ACSaos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> busca o horizonte da promoção àsaú<strong>de</strong> e passa pelo <strong>de</strong>safio da capacitação permanenteda equipe numa constante a<strong>de</strong>quação às particularida<strong>de</strong>sda diversida<strong>de</strong> do contexto social, político, culturale econômico. A capacitação e o monitoramento <strong>de</strong> suasações pela equipe se revelaram como tendências necessáriaspara garantir os pressupostos do PSF conforme seobserva:“... o trabalho da equipe flui melhor quando o ACS éb<strong>em</strong> treinado, né? B<strong>em</strong> orientado para estarexecutando seu papel na comunida<strong>de</strong>...” (ENF 2.7).A capacitação po<strong>de</strong> estabelecer mecanismos para aconstrução do conhecimento tanto para a equipe quantopara a comunida<strong>de</strong> e esse processo <strong>de</strong>ve ser contínuoe permanente.O ACS E A FAMÍLIAPercebe-se, na área da saú<strong>de</strong>, um movimento <strong>em</strong> prolda focalização da família no seu contexto social, expressonas iniciativas das políticas públicas governamentais eque inclu<strong>em</strong> na agenda, a família e a comunida<strong>de</strong> comoum espaço privilegiado <strong>de</strong> intervenção, reconhecida comoinstância favorável à abordag<strong>em</strong> e intervenção conjunta<strong>de</strong> alguns probl<strong>em</strong>as que afetam o núcleo familiar. O PSF,centrado na dinâmica da família, v<strong>em</strong> acrescentando importânciano êxito da estratégia ora preconizada, umavez que é nesse espaço que se constro<strong>em</strong> as relaçõesintra e extrafamiliar, um campo on<strong>de</strong> as relações pessoaise afetivas se sobressa<strong>em</strong>. (12)A abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> maneira integrada e articulada torna-sepr<strong>em</strong>ente para o enfrentamento <strong>de</strong>sta concepçãoe nesse processo é o ACS que estabelece vínculos <strong>de</strong>compromisso e co-responsabilida<strong>de</strong> da equipe com a famíliapor estar ele próximo do cotidiano da POPULA-ÇÃO. Para um entrevistado,“... o ACS é fundamental por causa do elo <strong>de</strong>comunicação que eles formam entre a comunida<strong>de</strong> ea equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Por ser um morador da comunida<strong>de</strong>,conhec<strong>em</strong> b<strong>em</strong> a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta população, osprobl<strong>em</strong>as que eles enfrentam. Acho que a comunida<strong>de</strong>se sente mais à vonta<strong>de</strong> com o ACS para estarpassando muitos probl<strong>em</strong>as que, às vezes, não passapara nenhum outro componente da equipe” (ENF 2.3).Este discurso reafirma ser o ACS um el<strong>em</strong>entoconectivo entre a população e o serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, aguçandoo senso comunitário.O ACS E A EQUIPEA concepção <strong>de</strong> equipe está vinculada à <strong>de</strong> processo<strong>de</strong> trabalho e sujeita-se às transformações pelas quais estev<strong>em</strong> passando ao longo do t<strong>em</strong>po. Não há como concebera equipe à marg<strong>em</strong> do processo <strong>de</strong> trabalho. No contexto<strong>de</strong> aprimorar as metas preconizadas pelo PSF, otrabalho <strong>em</strong> equipe po<strong>de</strong> ser entendido como uma tática<strong>de</strong> otimização do cuidado on<strong>de</strong>, cada um, individual ecoletivamente, representa uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> parceriaprópria, particular, no <strong>de</strong>senvolvimento das ações, nacompl<strong>em</strong>entarida<strong>de</strong> do conhecimento e no enriquecimentomútuo. (13) Tal fato se constitui <strong>em</strong> uma questão inovadora,traduzida, hipoteticamente, <strong>em</strong> melhoria <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>dos serviços, humanização do atendimento e alargamentodas respostas terapêuticas. Reconhece-se que adiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimentos e habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ve enriquecero trabalho como um todo e, <strong>de</strong>ssa forma, aumentaras chances <strong>de</strong> atingir o objetivo precípuo do PSF, ou seja,a coor<strong>de</strong>nação do cuidado ao indivíduo, à família e a comunida<strong>de</strong>.Para uma entrevistada:“... O ACS faz busca ativa da comunida<strong>de</strong>, traz osprobl<strong>em</strong>as para a equipe resolver e a gente vai fazendoas visitas também, atrás dos agentes, né? Com asinformações que o ACS traz, é possível a equipe traçarum plano <strong>de</strong> ação “(ENF. 4.21).Po<strong>de</strong>-se inferir que o fato do processo <strong>de</strong> trabalhodo ACS estar mais próximo à população favorece o <strong>de</strong>senvolvimentodas ativida<strong>de</strong>s dos outros m<strong>em</strong>bros daequipe. Paralelamente, a equipe torna-se referência pararesolução dos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong>tectados, respaldando assim,suas ações. Outra evidência feita a partir das observaçõese dos discursos diz respeito à inserção do ACS noprocesso <strong>de</strong> trabalho da equipe. A referida inserção <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ráda aceitação, da orientação e do acompanhamentodos profissionais no rol <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s.Paraoutra entrevistada:“... a função do ACS é essencial na equipe. Ela traduztodo um trabalho <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública. Eletraz os probl<strong>em</strong>as, as falas da população, para a equipeintervir. Então, isso facilita muito o trabalho da gentecomo equipe, porque daí a gente vai diversificando asnossas ativida<strong>de</strong>s... (ENF. 3.7”).Neste discurso, percebe-se que o trabalho do ACSt<strong>em</strong> contribuído para a cooperação dos distintos profissionais,com perspectiva <strong>de</strong> compl<strong>em</strong>entarida<strong>de</strong> e cominter<strong>de</strong>pendência das ações, cont<strong>em</strong>plando a dimensãotécnica e ética no reconhecimento e na consi<strong>de</strong>ração aotrabalho do outro.REME – Rev. Min. Enf; 9(1):59-64, jan/mar, 2005 63

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