Caracterização dos fatores...INTRODUÇÃOA Hipertensão Arterial (HA) é <strong>de</strong>finida pela elevaçãosustentada dos níveis tensionais da pressão arterial (1,2) ,acima dos limites consi<strong>de</strong>rados normais, ou seja, pressãoarterial sistólica ≥ 140 mmHg e/ou pressão arterialdiastólica ≥ 90 mmHg. (3) É uma doença multifatorial, consi<strong>de</strong>radacomo resultado da interação <strong>de</strong> fatores genéticoe ambiental. (4)A prevalência da Hipertensão Arterial está associadaa diferentes fatores <strong>de</strong> risco, tais como: sexo, ida<strong>de</strong>, dieta,etilismo, tabagismo, peso corporal, raça, entre outros(5,6,) sendo que quando duas ou mais <strong>de</strong>ssas variáveisestão presentes, torna-se maior o risco final para o <strong>de</strong>senvolvimentoda Hipertensão Arterial. (7)Reconhecida como a entida<strong>de</strong> clínica <strong>de</strong> maiorrepresentativida<strong>de</strong> no mundo <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> prevalência,a Hipertensão Arterial atinge índices <strong>de</strong> 10 a 20 % nosindivíduos adultos (8,9) , po<strong>de</strong>ndo elevar-se <strong>em</strong> 50 % nosindivíduos após 55 anos. (10) Ainda que pes<strong>em</strong> os diversostrabalhos versando sobre o assunto, a magnitu<strong>de</strong> da HAno Brasil é estimada mediante taxas estabelecidas <strong>em</strong> trabalhosinternacionais. (11) Os dados disponíveis que apontamtaxas variando <strong>de</strong> 14% a 47,9% são originários <strong>de</strong>estudos restritos a <strong>de</strong>terminadas cida<strong>de</strong>s ou populaçõesespecíficas não havendo ainda uma média nacional <strong>de</strong>finida.(12)Segundo Lolio (6) , além <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada por si só,um dano para o organismo, a Hipertensão Arterial é umimportante fator <strong>de</strong> risco, comprometendo órgãos nobres,conhecidos por "órgãos alvo", como o coração,encéfalo, rins, retina e vasos.A mortalida<strong>de</strong> por Insuficiência Cardíaca e por DoençaCerebrovascular é <strong>de</strong>terminada com forte intensida<strong>de</strong>,por HÁ. (13) No Brasil, a partir <strong>de</strong> 1960, as doençascardiovasculares representam a principal causa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>no país, sendo a HA um dos principais fatores <strong>de</strong>risco para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssas doenças. (14) Em concordânciacom esses relatos, <strong>em</strong> Diamantina, no ano <strong>de</strong>1997, as doenças do aparelho circulatório foram responsáveispor 35,2 % dos óbitos, ocupando <strong>em</strong> 1999 o segundolugar, precedido apenas pelos óbitos porcausas <strong>de</strong>sconhecidas. Neste mesmo ano, a HA foidiretamente responsável por 4,94% dos óbitos nomunicípio. (15)Portanto, sendo a HA <strong>de</strong> alta prevalência; associada adiversos fatores <strong>de</strong> risco; e <strong>em</strong> face do papel central queela <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha na patogênese, tanto da Doença ArterialCoronária, como do Aci<strong>de</strong>nte Vascular Cerebral, ambasconsi<strong>de</strong>radas como principais causas <strong>de</strong> morbimortalida<strong>de</strong>da população adulta dos países <strong>de</strong>senvolvidos, faz-se necessáriosua <strong>de</strong>tecção, para que medidas <strong>de</strong> prevenção econtrole possam ser implantadas.Este estudo t<strong>em</strong> como objetivo <strong>de</strong>tectar, na populaçãoparticipante das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> extensão promovidaspelas Faculda<strong>de</strong>s Fe<strong>de</strong>rais Integradas <strong>de</strong> Diamantina(FAFEID), durante as "S<strong>em</strong>anas <strong>de</strong> Prevenção", alguns fatorespredisponentes à HA, visando a implantação d<strong>em</strong>edidas <strong>de</strong> prevenção e/ou controle mais direcionadas aesta doença <strong>em</strong> futuras ativida<strong>de</strong>s.METODOLOGIANeste estudo <strong>de</strong>scritivo do tipo transversal, os dadosforam coletados durante as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> extensãointituladas "S<strong>em</strong>anas <strong>de</strong> Prevenção", promovidas anualmentepelas Faculda<strong>de</strong>s Fe<strong>de</strong>rais Integradas <strong>de</strong> Diamantina(FAFEID). Eleg<strong>em</strong>os o ano <strong>de</strong> 1995 por ter sido o primeirono qual as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aferição <strong>de</strong> Pressão Arterial(PA) foram realizadas, e o ano <strong>de</strong> 2000 pelo fato <strong>de</strong> nesseano as mesmas ter<strong>em</strong> sido suspensas. No período entre1996 a 1999, apesar das ativida<strong>de</strong>s persistir<strong>em</strong>, nenhumamedida <strong>de</strong> intervenção foi aplicada. A coleta dos dadosfoi realizada pelos acadêmicos dos cursos <strong>de</strong> Odontologiae Enfermag<strong>em</strong>, submetidos a treinamento anterior esob supervisão <strong>de</strong> docentes <strong>de</strong>sta Instituição. Os trabalhosforam realizados <strong>em</strong> diversos bairros da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Diamantina.A seleção da amostra foi por conveniência, após divulgaçãodo evento por meio <strong>de</strong> propaganda local, queespecificava as diversas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atendimento,como medida <strong>de</strong> PA, <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> grupo sangüíneo,atendimento odontológico etc.Como critério <strong>de</strong> inclusão foram avaliados os indivíduos<strong>de</strong> ambos os sexos, com ida<strong>de</strong> a partir <strong>de</strong> 15 anos.Uma ficha clínica foi elaborada e preenchida pelos examinadores,para avaliação das variáveis a ser<strong>em</strong> estudadas,como registro da pressão arterial, sexo, ida<strong>de</strong>, raça epresença <strong>de</strong> tabagismo e etilismo. Na variável raça, utilizaram-setrês classificações, branca, morena e negra, <strong>de</strong>vidoà gran<strong>de</strong> miscigenação populacional. Foram classificadoscomo tabagistas àqueles que fumavam qualquerquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cigarros na época, e os que não relataramt<strong>em</strong>po <strong>de</strong> abandono do mesmo; este critério também foiutilizado para os etilistas.As aferições foram realizadas utilizandoesfigmomanômetros do tipo anerói<strong>de</strong> e estetoscópiosbiauriculares * , previamente calibrados. Segundo critério<strong>de</strong> Na<strong>de</strong>r e Halake (16) , foram realizadas três medições daPA, com intervalos entre elas, consi<strong>de</strong>rando a cifra mínimaobtida da Pressão Arterial Sistólica (PAS) nesta leituraseriada, como a real PAS. A 1ª fase <strong>de</strong> Korotkoff (aparecimentodos ruídos) foi usada como referência para a<strong>de</strong>terminação da PAS. A 4ª fase <strong>de</strong> Korotkoff, caracterizadapelo <strong>de</strong>saparecimento dos ruídos fortes e vibrantes,foi usada para <strong>de</strong>terminar a Pressão Arterial Diastólica(PAD). Esta técnica foi utilizada <strong>em</strong> 1995 e para padronização,da mesma foi mantida <strong>em</strong> 2000. Na interpretaçãodos dados, a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> Pressão Arterial Elevada(PAE) seguiu os critérios do VII Joint NationalCommittee (3) e World Health Organization – InternationalSociety of Hypertention (2), ou seja, PAS ≥ 140 mmHg e/ou PAD ≥ 90 mmHg. Aqueles com PAE foram subdivididos<strong>em</strong> três tipos: PAE Sistólica (PAS ≥ 140 mmHg ePAD < 90 mmHg); PAE Diastólica (PAS
Gráfico 1 - Frequência <strong>de</strong> Pressão Arterial Elevada (PAE) na amostra estudada nosanos <strong>de</strong>19995 e 2000, <strong>em</strong> DiamantinaRESULTADOSEm 1995, o total <strong>de</strong> atendimentos foi <strong>de</strong> 516 pessoas,sendo 189 mulheres (36,63 %) e 327 homens (63,37 %).No ano <strong>de</strong> 2000, foram atendidas 205 pessoas, 99mulheres (48,29 %) e 106 homens (51,71 %).No ano <strong>de</strong> 1995 constatou-se que 44,77 % (231 pessoas)da amostra pesquisada apresentava PAE, enquanto <strong>em</strong>2000 este número foi <strong>de</strong> 33,66 % (69 pessoas). (gráfico 1)Verificou-se no grupo com PAE, que o tipo maisfreqüente foi <strong>de</strong> Pressão Arterial Elevada Mista (gráfico 2).Em relação ao sexo, da população masculina avaliada <strong>em</strong>1995, constatou-se que 50,76% apresentavam PAE contra34,39% da população f<strong>em</strong>inina, enquanto <strong>em</strong> 2000 esses valoresforam <strong>de</strong> 34,91% e 32,32%, respectivamente. Entre aquelescom PAE, <strong>em</strong> 1995 os homens representavam 71,86%<strong>de</strong>ssa amostra, enquanto <strong>em</strong> 2000 representavame 53,62%.Gráfico 2 - Frequência <strong>de</strong> Pressão Arterial Elevada (PAE) <strong>em</strong> relação ao tipo, entre o grupocom PAE, nos anos <strong>de</strong>19995 e 2000, <strong>em</strong> DiamantinaREME – Rev. Min. Enf; 9(1):35-40, jan/mar, 2005 37