DIVERSIDADE DE PRÁTICAS E SABERES…CONSIDERAÇÕES FINAISA estratégia <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família v<strong>em</strong> se colocandocomo um el<strong>em</strong>ento potencializador e oportuno rumo àconstrução <strong>de</strong> uma nova ética social, orientada pela possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> mudança do mo<strong>de</strong>lo assistencial, alicerçadapelos princípios do acesso, pela qualida<strong>de</strong> no acolhimentohumanizado, pelo vínculo social e inscrevendo aintersetorialida<strong>de</strong> como campo <strong>de</strong> saber e prática. Estaquestão suscita o repensar das ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sob aégi<strong>de</strong> <strong>de</strong> um novo paradigma.A lógica da doença, centradano atendimento individual/curativo, é <strong>de</strong>slocada para aprevenção <strong>de</strong> agravos e promoção à saú<strong>de</strong>. Esse processoimplica a construção social <strong>de</strong> um novo sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>. Os dados analisados permit<strong>em</strong> reconhecer que otrabalho do ACS t<strong>em</strong> relação <strong>de</strong> compl<strong>em</strong>entarida<strong>de</strong> <strong>em</strong>relação ao dos d<strong>em</strong>ais profissionais. Contudo perceb<strong>em</strong>secontradições e expectativas neste mo<strong>de</strong>lo. A promoçãoà saú<strong>de</strong> transcen<strong>de</strong> o setor saú<strong>de</strong>. Ressalta-se tambémque, a <strong>de</strong>speito da incorporação do trabalho doACS na equipe - que notadamente hoje ganha outroscontornos - a ampla utilização <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra não qualificadapara exercer as mais diversas ações nesse campotorna-se um paradoxo para um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que sepropõe ser resolutivo e com qualida<strong>de</strong> e que reconheceser o trabalho do ACS compl<strong>em</strong>entar ao da equipe. Aestratégia do PSF revelou neste estudo uma série <strong>de</strong>probl<strong>em</strong>as na sua execução. Há que se reconhecer, porém,a incorporação <strong>de</strong> tecnologias no processo <strong>de</strong> trabalho,no planejamento e na programação das equipesque têm potencialida<strong>de</strong> e pod<strong>em</strong> ser estruturantes paraa construção <strong>de</strong> outros mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> atenção à saú<strong>de</strong>.Todavia, faltam evidências <strong>de</strong> que essa estratégia sejasuficiente para reorientar as atuais práticas sanitárias. Avonta<strong>de</strong> política e a integração entre as diversas áreasdo governo, com olhar intersetorial, são fundamentaisao entendimento da promoção da saú<strong>de</strong> como uma funçãodo conjunto da socieda<strong>de</strong> e das instituições.O estudo permitiu evi<strong>de</strong>nciar que a estratégia do PSFapresentou pontos positivos. É importante que, conscientesda necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudanças no setor, possamosacreditar nelas e continuar construindo o novo mo<strong>de</strong>lo<strong>de</strong> assistência à saú<strong>de</strong>. Finalmente o estudo permitiu <strong>de</strong>stacarcomo aspectos pro<strong>em</strong>inentes: a capacida<strong>de</strong> do ACS<strong>em</strong> articular com os d<strong>em</strong>ais integrantes da equipe; o diferencialque ele faz nas ações <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong>por estar mais próximo à vida cotidiana da população edos grupos vulneráveis a situações <strong>de</strong> risco; o papel seculardos agentes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> nas políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> o qual,a partir do PSF, ganha novo nome- atribuições.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1- Brasil. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Aprova as normas e diretrizes do Programa<strong>de</strong> Agente Comunitário <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e do Programa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família.Brasília: Diário Oficial da União, 22 <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1997. Portaria n.1886 <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1997.2- Brasil. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Secretaria <strong>de</strong> Assistência à Saú<strong>de</strong>.Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Comunida<strong>de</strong>. Saú<strong>de</strong> da Família: umaestratégia para a reorientação do mo<strong>de</strong>lo assistencial. Brasília,Ministério da Saú<strong>de</strong>. 1997.3- Minayo MC. O <strong>de</strong>safio do conhecimento: pesquisa qualitativa <strong>em</strong>saú<strong>de</strong>. São Paulo: Hucitec/ABRASCO; 1999.4- Vazquez AS. Filosofia da práxis. 2a ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Paz e Terra;1997.5- Mainguenau D. Novas tendências <strong>em</strong> análise do discurso. 3a ed.Campinas, SP: Pontes; 1997.6- Fiorin JL. El<strong>em</strong>entos da análise do discurso. 5a ed. São Paulo:Contexto; 1997.7- Peduzzi M. Mudanças tecnológicas e seu impacto no processo <strong>de</strong>trabalho <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Fiocruz; 1997.8- Paim JS. Reforma Sanitária e os mo<strong>de</strong>los assistenciais In: RouquayrolM.Z. Epid<strong>em</strong>iologia e Saú<strong>de</strong>. 5a ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Medsi; 1999.9- Men<strong>de</strong>s EV. Uma agenda para a saú<strong>de</strong>. São Paulo: Hucitec; 1996.10- Teixeira CMl. SUS, mo<strong>de</strong>los assistenciais e vigilância da saú<strong>de</strong>. FNS,IESUS, Brasília, 1998 abr/jun.; 7 (2): 7-34 .11- Nogueira RP. A análise institucional <strong>de</strong> um trabalhador sui generis,o agente comunitário <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Texto para discussão, encaminhadopara publicação, fevereiro, 2000.12- Chauí M. Conformismo e resistência: aspectos da cultura popularno Brasil. São Paulo: Brasiliense; 1986.13- Piancastelli CH; Faria HP; Silveira, M. R. O trabalho <strong>em</strong> Equipe. In:Santana JP. Organizador. Organização do cuidado a partir <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as:uma alternativa metodológica para a atuação da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dafamília. Brasília: OPAS/Representação do Brasil; 2000. p. 45-5064 REME – Rev. Min. Enf; 9(1):59-64, jan/mar, 2005
O SUJEITO E A INSTITUIÇÃO:A REFORMA PSIQUIÁTRICA COMO POSSIBILIDADE DE(RE) CONSTRUÇÃO DA SINGULARIDADETHE INDIVDUAL AND THE INSTITUTION:PSYCHIATRIC REFORM AS A POSSIBILITY OF(RE) CONSTRUCTING SINGULARITYEL SUJETO Y LA INSTITUCIÓN:LA REFORMA PSIQUIÁTRICA COMO POSIBILIDAD DE(RE)CONSTRUIR LA SINGULARIDADAndréa Oscar 1Annette Souza Silva Martins da Costa 2Paula Cambraia <strong>de</strong> Mendonça Vianna 3RESUMOO artigo aborda a vivência do portador <strong>de</strong> sofrimento psíquico <strong>em</strong> uma instituição <strong>de</strong> assistência <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> mental. Paraisso, foi realizada uma breve revisão teórica focalizando o modo como são estabelecidas as relações do sujeito junto àsinstituições. Referimo-nos aos princípios da reforma psiquiátrica como possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> repensar a relação sujeito/instituição,<strong>de</strong>stacando-se a valorização do direito dos usuários como sujeitos e a construção <strong>de</strong> sua cidadania..PALAVRAS CHAVE: Transtorno Mental; Reabilitação; Desinstitucionalização; Hospital Psiquiátrico.ABSTRACTThe article addresses the experience of the individual with psychic suffering in mental health care institution. To achievethis, a brief review of the literature was carried out to focus on how such relationships are established between theindividual and the institutions. The principles of psychiatric reform are presented as a possibility to rethink the individual/institution relationship by <strong>em</strong>phasizing respect for users' rights as individuals and building of their sense of citizenship.KEY WORDS: Mental Disor<strong>de</strong>rs; Rehabilitation; Deinstitutionalization; Psychiatric HospitalsRESUMENEl artículo enfoca la experiencia <strong>de</strong> individuos con probl<strong>em</strong>as psiquiátricos en una institución <strong>de</strong> asistencia a la saludmental. Fue realizada una breve revisión bibliográfica sobre cómo se establecen las relaciones entre sujetos e institución.Mencionamos los principios <strong>de</strong> la reforma psiquiátrica como posibilidad <strong>de</strong> repensar la relación sujeto/ institución, resaltandola valoración <strong>de</strong>l <strong>de</strong>recho <strong>de</strong> los usuarios como sujetos y la construcción <strong>de</strong> su ciudadanía.Palabras clave: Servicios <strong>de</strong> Salud Mental; Rehabilitación; Desinstitucionalización; Hospitales Psiquiátricos.1Enfermeira; Especialista <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> Mental e Clínica; Estudante <strong>de</strong> Psicologia.2Enfermeira; Doutoranda <strong>em</strong> Enfermag<strong>em</strong> pela <strong>Escola</strong> <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> da USP; Professora assistente da <strong>Escola</strong> <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> da <strong>UFMG</strong>.3Enfermeira; Doutora <strong>em</strong> Enfermag<strong>em</strong> pela <strong>Escola</strong> <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> da USP; Professora adjunta da <strong>Escola</strong> <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> da <strong>UFMG</strong>.En<strong>de</strong>reço para correspondência: Rua Lunardi nº302, ap.101. Caiçara. Belo Horizonte/MG E-mail: andreaoscar@ig.com.brREME – Rev. Min. Enf; 9(1):65-69, jan/mar, 2005 65