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versão completa em PDF - Escola de Enfermagem - UFMG

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OFICINAS DE SENSIBILIDADE E CRIATIVIDADEO momento foi <strong>de</strong> <strong>em</strong>polgação, movimento liberador<strong>de</strong> energias físicas e <strong>em</strong>ocionais.Na produção <strong>de</strong> dados, eles permaneciam mais<strong>de</strong>scontraídos e menos ansiosos. Pedimos que o grupopensasse a partir da seguinte frase: o que pinta para mimquando penso na palavra droga? Para a exposição do pensamentodos participantes foi utilizada a técnica ativida<strong>de</strong>com materiais <strong>de</strong> sucatas, havendo sido orientados autilizar os diversos materiais (linhas, tintas guache, pincéis,lápis <strong>de</strong> cera e <strong>de</strong> cores, revistas, jornais, grãos, cola,tesoura, algodão, pedaços <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, fitas coloridas eoutros), dispostos no centro da sala, expressando livr<strong>em</strong>entesua imaginação através <strong>de</strong> produção plástica. Oobjetivo <strong>de</strong>ssa técnica foi a escolha do t<strong>em</strong>a gerador.Com base nas produções plásticas do grupo e exposiçõesorais a estas referentes, observamos a presençamarcante <strong>de</strong> aspectos como violência, morte, prazer,exclusão, relações sociais, familiares e fé, associados aouso <strong>de</strong> drogas. Mesmo assim, saímos s<strong>em</strong> fechar o t<strong>em</strong>agerador <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> idéias e opiniõessobre a t<strong>em</strong>ática, permeadas <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong>. Na oficinaseguinte <strong>de</strong> produção, elaboramos o t<strong>em</strong>a gerador.3 a Oficina <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> e criativida<strong>de</strong>: produção<strong>de</strong> dados através do t<strong>em</strong>a gerador drogas -uma relação <strong>de</strong> prazer e violênciaIniciamos a “conversa franca” ou acolhida antecipandoao grupo a intenção <strong>de</strong> que retomaríamos as produçõesda ativida<strong>de</strong> com materiais <strong>de</strong> sucatas realizadasna oficina imediatamente passada, cujo objetivo erafechar o t<strong>em</strong>a gerador.Por mais que a oficina passada tivesse revelado situaçõesrelacionadas à percepção dos adolescentes sobreas drogas, na condição <strong>de</strong> facilitadores da pesquisa, aindanão tínhamos certeza da real <strong>de</strong>finição do t<strong>em</strong>a gerador.Talvez isso acontecesse por se tratar <strong>de</strong> algo tãod<strong>em</strong>ocrático e <strong>de</strong> tamanha importância para a pesquisaque utiliza a sociopoética através do método do grupopesquisadorcomo forma <strong>de</strong> produzir dados, pois a fase<strong>de</strong> negociação (planejamento e tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões)exige muito do pesquisador-facilitador. Entend<strong>em</strong>os que,certamente, esse é um dos maiores <strong>de</strong>safios da pesquisaque utiliza ou se inspira no referencial teóricometodológicoda sociopoética, pois n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre os pesquisadoresestão dispostos a mudar seus probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong>pesquisa, uma vez que o nosso <strong>de</strong>sejo <strong>em</strong> pesquisar umaprobl<strong>em</strong>ática qualquer está ligado também às nossas implicaçõespolíticas, libidinais, materiais, <strong>em</strong>ocionais eoutras <strong>de</strong> ord<strong>em</strong> técnica e burocrática.Muitas vezes t<strong>em</strong>os que retomar com a mesma técnicado encontro anterior, trazendo novamente para discussãoos resultados produzidos e até fazendo uma avaliaçãodo impacto que ele possa ter causado aos participantes.Foi isso o que ocorreu nessa oficina e <strong>em</strong> outrosmomentos da pesquisa.Nesse dia, iniciamos os trabalhos <strong>de</strong> produção dosdados, retomando as produções plásticas realizadas naoficina passada, através da técnica ativida<strong>de</strong> com materiais<strong>de</strong> sucatas e posteriormente utilizamos a técnica,O Vampiro <strong>de</strong> Estrasburgo (7) , no momento do relaxamento,com finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> extravazar a ansieda<strong>de</strong> e atensão do grupo com gritos e risadas. Escolh<strong>em</strong>os umvampiro através <strong>de</strong> sorteio. Todos <strong>de</strong>veriam andar pelasala <strong>de</strong> olhos vendados, inclusive o vampiro. Este procurariaatacar pessoas, apertando-lhes o pescoço e qu<strong>em</strong>fosse atacado passaria a ser vampiro também. Quando jáestavam envolvidos e misturados, a técnica foi interrompida,e solicitamos que parass<strong>em</strong> on<strong>de</strong> estivess<strong>em</strong>. Formamosduplas com aqueles integrantes corporalment<strong>em</strong>ais próximos. Essas duplas <strong>de</strong>veriam escolher uma produçãoda técnica ativida<strong>de</strong> com materiais <strong>de</strong> sucatas,que não fosse <strong>de</strong> nenhum <strong>de</strong> seus integrantes e analisálas,apresentando o que significava, ou seja, que impressãotrazia para a dupla.A produção do grupo-pesquisador nessa oficina foi aescolha do t<strong>em</strong>a gerador para a pesquisa: “Drogas - relação<strong>de</strong> prazer e violência”. Essa escolha <strong>de</strong>corre dofato <strong>de</strong> que, durante esses dois encontros, o prazer e aviolência foram aspectos ligados às drogas que estiverammuito presentes nas falas, produções plásticas e atéatitu<strong>de</strong>s. O grupo apresentou-se mais envolvido, passandoa impressão <strong>de</strong> que, após o fechamento do t<strong>em</strong>a gerador,seus integrantes sentiram-se ainda mais responsáveispelas oficinas. Isso foi transparecendo a cada encontro,pois, no começo, o grupo que se mostrava muitodisperso foi evi<strong>de</strong>nciando maior envolvimento.Com o objetivo <strong>de</strong> promover a integração, o aquecimentoe a <strong>de</strong>scontração do grupo, o que, até então,achávamos não ter atingido, realizamos a técnica, Balãono Pé (6) , na qual todos <strong>de</strong>veriam inflar um balão e amarrarcom um cordão no tornozelo direito; <strong>em</strong> seguida,dançar<strong>em</strong> ao som <strong>de</strong> uma música alegre e, quando parassea música, po<strong>de</strong>riam estourar os balões dos outros.O prazer e a violência corporal estiveram presentes durantea técnica, representados pelo <strong>em</strong>purra-<strong>em</strong>purra<strong>de</strong> seus corpos, risos, <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns, mensagens não atendidas,balões estourados antecipadamente. Enfim,vivenciaram aquele momento do jeito <strong>de</strong>les.Ao terminar a técnica “Balão no Pé”, eles estavammais calmos e tranqüilos. Pedimos que formass<strong>em</strong> duplacom qu<strong>em</strong> tivess<strong>em</strong> maior intimida<strong>de</strong> e cada dupla fizesseuma escultura com seus corpos, pensando no t<strong>em</strong>a<strong>de</strong> pesquisa: Drogas - relação <strong>de</strong> prazer e violência.Seqüencialmente, cada dupla explicaria o motivo daquelaexpressão. A ação era repetida com as outras duplas.Essa Técnica da Estátua permitiu a criação, através<strong>de</strong> seus corpos, com posições, gestos e impressões.Durante a sua realização, todos envolveram-se, ficandoatentos às esculturas dos colegas. Finalizamos odia com a avaliação, quando falamos <strong>de</strong> nossas ansieda<strong>de</strong>s,<strong>de</strong>sejos e dúvidas com relação às oficinas, dizendoque gostaríamos que eles também trouxess<strong>em</strong> idéias <strong>de</strong>como seria a socialização do t<strong>em</strong>a <strong>de</strong> pesquisa. Ness<strong>em</strong>esmo dia, o grupo <strong>de</strong>cidiu que criaria uma banda musicalque comporia uma música com a letra voltada à relaçãoentre droga, violência e prazer, que seria socializadacom uma apresentação na festa <strong>de</strong> com<strong>em</strong>oração do Diadas Mães, que aconteceu no próprio abrigo. A apresentaçãoda banda musical “Meninos do Abrigo” foi a socialização<strong>de</strong> nossa pesquisa.80 REME – Rev. Min. Enf; 9(1):77-83, jan/mar, 2005

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