12.07.2015 Views

Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras

Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras

Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Paulo Roberto PereiraDo lado ibérico, o principal relato é fornecido por José <strong>de</strong> Anchieta emdois diferentes momentos. Primeiro, na sua carta “Ao Geral Pe. Diogo Laínes,<strong>de</strong> São Vicente, 1 o <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1560”, em que, ao relatar a fuga <strong>de</strong>quatro franceses, na luta pela posse do Rio <strong>de</strong> Janeiro, para o lado português,testemunha como Cointha espalhava idéias contrárias à religião católicaentre o povo:“Nesse meio tempo, um <strong>de</strong>les, instruído nas artes liberais, grego, e hebraico,e muito versado na Sagrada Escritura, ou por medo <strong>de</strong> seu capitão, quetinha diversa opinião, ou por querer semear seus erros entre os portugueses,veio-se para cá, com outros três companheiros idiotas, que, como hóspe<strong>de</strong>se peregrinos, foram recebidos e tratados muito benignamente. Este, quesabe bem a língua espanhola, começou a blasonar que era fidalgo e letrado,e, com esta opinião e uma fácil e alegre conversação, que tem, fazia admirar-seos homens e que o estimassem.” 26A distância <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> quatrocentos anos confirma que o projeto da FrançaAntártica estava fadado ao fracasso <strong>de</strong>vido à atmosfera sombria criada pelaspolêmicas religiosas, cujo principal causador era o próprio chefe da colônia,Villegaignon, pois, como lembram Vasco Mariz e Lucien Provençal, ele “pecoupelo excesso <strong>de</strong> disciplina e <strong>de</strong> intransigência religiosa. É verda<strong>de</strong> que eletentou acomodar-se com o agressivo zelo catequizador dos pastores protestantese, na semana santa <strong>de</strong> 1557, <strong>de</strong>cretou até uma espécie <strong>de</strong> páscoa ecumênica,mas isso não bastou. Os calvinistas radicalizaram e Villegaignon, em vez<strong>de</strong> insistir na busca <strong>de</strong> uma trégua religiosa, agiu como bom cavaleiro <strong>de</strong> Maltae bateu <strong>de</strong> frente com os calvinistas.” 2726 ANCHIETA S.J. José <strong>de</strong>. Cartas. Correspondência ativa e passiva. Edição do Pe. Hélio AbranchesViotti, S.J. São Paulo: Loyola, 1984, p. 164.27 MARIZ, Vasco & PROVENÇAL, Lucien. Villegaignon e a França Antártica. Rio <strong>de</strong> Janeiro: NovaFronteira/ Biblioteca do Exército, 2000, p. 123.28

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!