12.07.2015 Views

Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras

Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras

Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Paris, berço do Romantismo brasileiro...romântica, e imprecar contra a imitação servil: “nas obras <strong>de</strong> gênio o únicoguia é o gênio, que mais vale um vôo arrojado <strong>de</strong>ste que a marcha refletida eregular da servil imitação”.Falavam, em seu favor, os acontecimentos e obras recentes: seria talvez <strong>de</strong>spropositadopedir-lhe que tivesse a luci<strong>de</strong>z crítica para suspeitar que a troca <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>lo po<strong>de</strong>ria gerar semelhante cópia servil em relação aos poetas franceses,como <strong>de</strong> fato aconteceu. No entanto, inspirou mais <strong>de</strong> um poeta <strong>de</strong> gênio entrenós, uma vez que exerciam o seu ofício em outro clima, o da Liberda<strong>de</strong>, eesta vinha nas pegadas da Revolução Francesa e <strong>de</strong> tudo o mais que se seguiuno terreno das ciências e das letras. Essa mesma liberda<strong>de</strong> obrigava-o a reconhecer,no entanto, que se <strong>de</strong>via a um escritor fora do âmbito francês (Schiller),a afirmação <strong>de</strong> que “o poeta in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte [...] não reconhece por lei senãoas inspirações <strong>de</strong> sua alma e por soberano o seu gênio”. De qualquer modo, erasob a égi<strong>de</strong> da Liberda<strong>de</strong> que tudo isso acontecia.Colocando à parte o mérito do seu conteúdo, o “manifesto” <strong>de</strong> Gonçalves<strong>de</strong> Magalhães é, em si, fruto dos novos tempos pós-in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> 1822.Nos séculos coloniais, segundo afirma, não vislumbrava a existência <strong>de</strong> um documentosemelhante, ainda que não <strong>de</strong>liberadamente doutrinário, que ilustrasseou preconizasse uma das correntes dominantes nos séculos XVII e XVIII, abarroca e a neoclássica ou arcádica. Impossibilitados <strong>de</strong> pensar fora dos cânonesvigentes na Europa, os escritores não se aventuravam a duvidar da valida<strong>de</strong>do receituário estético que vinha da Metrópole, mesmo porque as duas vertenteseram, cada uma à sua maneira, dogmáticas ou i<strong>de</strong>ologicamente orientadas.A liberda<strong>de</strong> romântica implicava a in<strong>de</strong>pendência doutrinária, refletida claramenteno texto publicado em Niterói. Gonçalves <strong>de</strong> Magalhães ainda evi<strong>de</strong>nciaráo seu amor à cultura francesa por meio <strong>de</strong> uma resenha, estampada nas páginaisfinais do número inaugural <strong>de</strong> Niterói, em torno <strong>de</strong> Voyage Pittoresque et Historiqueau Brésil, ou séjour d’un artiste français au Brésil, <strong>de</strong>puis 1816 jusqu’en 1831 inclusivement,<strong>de</strong> J.B. Debret.J.M. Pereira da Silva navegará nas mesmas águas nos “Estudos sobre aLiteratura”, publicados no n.º 2 da revista, entre as páginas 214 e 243. Pela73

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!