12.07.2015 Views

Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras

Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras

Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Montaigne e os canibais: influência no Brasiljá na Renascença, tenta “as navegações <strong>de</strong> Pantagruel”; Molière alegra as suascomédias com divertimentos orientais; As Aventuras <strong>de</strong> Telêmaco, <strong>de</strong> Fénelon, e<strong>de</strong>pois As Cartas Persas, <strong>de</strong> Montesquieu são passeios pacificantes.Afrânio Peixoto mostrava, entre os muitos temas a serem estudados, o exotismoque, segundo ele, vem <strong>de</strong> longe, está na Ilíada e, certamente, na Odisséia,enas viagens saídas <strong>de</strong> Ítaca. O que encanta é a novida<strong>de</strong>, a riqueza dos lugares,das habitações e das gentes. Ulisses erra pelo Mediterrâneo e o seu poema é umguia <strong>de</strong>sse exotismo, mas a seu ver o primeiro exemplo <strong>de</strong> exotismo literário dotempo seria a Ciropédia, <strong>de</strong> Xenofontes.No século XVIII nasce o exotismo fora da Europa e além do Orienteclássico. Voltaire no Cândido busca o El Dorado; Bernardin <strong>de</strong> Saint-Pierre,em 1787, escreve o romance tropical Paulo e Virgínia; <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong>pois, Chateaubriandpublica Natchez. É o advento do selvagem na literatura. Apósessa síntese, afirma Afrânio Peixoto: “Fora precursor <strong>de</strong>le Montaigne, queno capítulo Dos Canibais refere ter visto índios brasileiros em Ruão, lhes terfalado, e <strong>de</strong> um companheiro <strong>de</strong> Villegaignon ter-lhes aprendido duas canções:é a aurora da literatura brasileira.” Indica Afrânio Peixoto que Montaignetranscreve duas canções brasileiras, traduzidas por um companheiro<strong>de</strong> Villegaignon, dizendo em que uma <strong>de</strong>las chega a ser anacreôntica; ambasmereceram a tradução em alemão <strong>de</strong> Gœthe. E acrescenta: “Os selvagens<strong>de</strong> Montaigne são filósofos e estadistas”, e mostra como se admiravam<strong>de</strong> que na Europa velhos homens provectos fossem comandados porsuperiores jovens e incapazes, e alguns ricos e fartos dominassem o exército<strong>de</strong> miseráveis sem qualquer pretexto: “É a crítica à monarquia hereditária eà socieda<strong>de</strong> capitalista feita por dois tupinambás, cuja inferiorida<strong>de</strong> paraos humanos era apenas não terem roupa.”Afonso Arinos <strong>de</strong> Melo Franco, em 9 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1935, pronunciou naSocieda<strong>de</strong> Felipe d’Oliveira conferência sob o título “O Índio Brasileiro naEuropa nos séculos XVI e XVII”, publicada posteriormente na revista LanternaVer<strong>de</strong>, como resumo do livro que seria publicado dois anos <strong>de</strong>pois.49

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!