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Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras

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Paris, berço do Romantismo brasileiro...contemporânea, <strong>de</strong> viés romântico, que revelará até que ponto havia assimiladogran<strong>de</strong> parte da sua doutrina. Afinal, havia chegado a Paris em 1832 e <strong>de</strong> lásairia em 1837.A menção <strong>de</strong> alguns nomes é sintomática: referindo-se àqueles que se ocuparamcom as nossas letras, não se esquece <strong>de</strong> registrar a colaboração <strong>de</strong> Sismon<strong>de</strong><strong>de</strong> Simondi, <strong>de</strong> Bouterweck e, notadamente, <strong>de</strong> Ferdinand Denis, mas éMadame <strong>de</strong> Staël quem lhe fornece subsídios <strong>de</strong> monta, transcritos e glosadoscom o ardor dos neófitos, convicto <strong>de</strong> que ali se encontrava o padrão <strong>de</strong> conhecimentomerecedor <strong>de</strong> acolhida e reverência: “A glória dos gran<strong>de</strong>s homensé o patrimônio <strong>de</strong> um povo livre; <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua morte, todos participam <strong>de</strong>la”;“O gênio no meio da socieda<strong>de</strong> é uma dor, uma febre interior <strong>de</strong> que se <strong>de</strong>vetratar como verda<strong>de</strong>ira moléstia, se a recompensa da glória não lhe adoça aspenas”. Estas abonações <strong>de</strong>ixam à vista um subtexto duplamente romântico epatriótico, forjado no culto à liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensamento e <strong>de</strong> expressão que setornaria a base do individualismo romântico.Gonçalves <strong>de</strong> Magalhães o diz como as suas próprias palavras, a dar testemunho<strong>de</strong> respeito e a<strong>de</strong>são à doutrina que Madame <strong>de</strong> Staël <strong>de</strong>fendia: interessa-lhesobretudo “a história da literatura do Brasil”, pois “toda história, comotodo drama, supõe lugar da cena, atores, paixões, um fato progressivo, que se<strong>de</strong>senvolve, que tem sua razão, como tem uma causa e um fim”. Aqui, a i<strong>de</strong>ntificaçãoda história com o drama já é um indício claro <strong>de</strong> que o autor buscava libertar-sedo passado neoclássico que, apesar das novas idéias emergentes, insistiaem permanecer. É sob a ban<strong>de</strong>ira da Liberda<strong>de</strong>, em que é fácil <strong>de</strong>scortinaro influxo do meio cultural em Paris, que Gonçalves <strong>de</strong> Magalhães raciocinaou sente, com a eloqüência própria <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>scobria, na capital francesa,um cenário diverso daquele que <strong>de</strong>ixara na pátria: “Não; as ciências, a poesia eas artes, filhas da Liberda<strong>de</strong>, não são partilhas do escravo; irmãs da glória, fogemdo país amaldiçoado on<strong>de</strong> a escravidão rasteja, e só com a Liberda<strong>de</strong> habitarpo<strong>de</strong>m”.O texto fala por si: que país é esse senão o “que foi colônia portuguesa, [...]um país no qual ainda hoje o trabalho dos literatos, longe <strong>de</strong> assegurar-lhes,69

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