Missão Francesa <strong>de</strong> 1816: esplendor e rupturaE mais os assistentes: Francis Bonrepos, para o escultor Taunay; CharlesHenri Levasseur e Louis Sinforian Meurié, especialistas em estereotomia, parao arquiteto Montigny; e um grupo <strong>de</strong> seis artífices para o ensino dos ofíciosmecânicos.Chegam ao Brasil em 26 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1816, gravando para a história as referências– Missão Artística <strong>de</strong> 1816 e Missão Francesa <strong>de</strong> 1816.Nos tempos <strong>de</strong> negociação e recepção os franceses foram cercados <strong>de</strong> todaatenção e mordomia. O encarregado na França, Francisco J.M. Brito, haviaadiantado 10.000 francos ouro <strong>de</strong> suas economias para garantir a passagemdos principais componentes da Missão, especialmente Grandjean e Pradier,com suas famílias completas. Nicolau Taunay também se fez acompanhar dafamília (mulher, cinco filhos e governanta), mas às próprias custas.No Brasil, Dom João VI, o Con<strong>de</strong> da Barca e Lebreton se empenharam emgarantir-lhes conforto e segurança.Esse tratamento especialíssimo aliado ao encantamento pela natureza da cida<strong>de</strong>levaram os principais membros da Missão – Grandjean, Debret, os doisTaunay e Pradier – a apresentar formalmente ao Encarregado <strong>de</strong> Negóciosuma carta em que se <strong>de</strong>claravam agra<strong>de</strong>cidos e amparados “pela munificiênciado Rei, secundada pela carida<strong>de</strong> solícita e generosa <strong>de</strong> seus ministros”.O meio <strong>de</strong>spreparado, a lentidão da administração pública, o <strong>de</strong>scontentamento(ciúme e inveja) <strong>de</strong> alguns com aquelas regalias a estrangeiros, foramcriando dificulda<strong>de</strong>s para a atuação da Missão.Mais <strong>de</strong> quatro meses se passaram para que fosse editado, em 12 <strong>de</strong> agosto<strong>de</strong> 1816, o <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> criação da Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios, noqual se estabeleciam os objetivos da Missão e a remuneração anual <strong>de</strong> cadaum <strong>de</strong> seus membros.Os entusiasmados franceses já vinham <strong>de</strong>senvolvendo suas ativida<strong>de</strong>s didáticasem locais improvisados, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua chegada. Grandjean as acumulava coma tarefa, <strong>de</strong> que fora incumbido logo no <strong>de</strong>sembarque, <strong>de</strong> projetar o prédio da<strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>. Ao apresentá-lo, poucos meses <strong>de</strong>pois, provocou gran<strong>de</strong> impactoàs autorida<strong>de</strong>s, por sua monumentalida<strong>de</strong> e rigorosas feições neoclássicas.59
Alfredo BrittoMal as obras se iniciaram, foram interrompidas e os franceses sofreram seuprimeiro gran<strong>de</strong> golpe – morria o Con<strong>de</strong> da Barca, em 21 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1817.Ainda abalados com a perda do mentor, o quadro adverso se ampliou com amorte <strong>de</strong> Lebreton, em 29 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1819, e sua substituição pelo medíocree rancoroso pintor português Henrique José da Silva, que <strong>de</strong>dicou sua maiorenergia na <strong>de</strong>struição e difamação dos artistas franceses.As dificulda<strong>de</strong>s se intensificaram nas duas décadas seguintes. A atenção e apoioaos franceses reduziram-se drasticamente. Os principais dirigentes tinham suasatenções absorvidas pela crescente ebulição política brasileira, marcada pelo: regresso dos soberanos portugueses à Europa; intensificação da luta pela in<strong>de</strong>pendência e a constituição da nova nacionalida<strong>de</strong>; revoluções republicanas e separatistas; abdicação do Imperador; primeiros tempos tormentosos das regências.Ao vir para o Brasil, Grandjean <strong>de</strong> Montigny já era um profissional <strong>de</strong> nomeada.Tinha pleno domínio <strong>de</strong> seu métier. Aluno <strong>de</strong> Charles Perrier e PierreFontaine, a famosa dupla <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s mestres franceses do século XVIII,Grandjean, com apenas 23 anos (1799), conquistou a maior distinção <strong>de</strong> arquitetura<strong>de</strong> seu tempo – o Grand Prix <strong>de</strong> Roma.Em seu período romano (1801-1805) percorreu a Itália e se aprofundouno estudo da obra <strong>de</strong> Palladio. O resultado <strong>de</strong>sse período foi a publicação,com a colaboração <strong>de</strong> seu colega Faninni, do livro L’Architeture Toscane, apresentadoem 1806 à <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Francesa <strong>de</strong> Belas Artes, e <strong>de</strong> importância fundamentalpara o ensino e para a cultura arquitetônica da época.A linguagem neoclássica já havia marcado presença em nosso país. Poucosanos antes da chegada da Missão, o arquiteto Antônio José Landi <strong>de</strong>ixara belasobras, <strong>de</strong> sabor italiano, na próspera Belém do Pará.60
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