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Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras

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Massaud MoisésEis por que, na seqüência do seu pensamento, afirma que “hoje o Brasil é filhoda civilização francesa; e como nação, é filho <strong>de</strong>sta revolução famosa, quebalançou todos os tronos da Europa, e repartiu com os homens da púrpura eos cetros dos reis”. Nem se dava conta, tal era o seu afã <strong>de</strong> registrar, patrioticamente,o novo estado posterior a 1822, <strong>de</strong> que atentava contra a cronologiados fatos admitir que, como num passe <strong>de</strong> mágica, o Brasil se tornara filho dacivilização e da revolução francesa. A não ser que o “hoje” do seu argumento serefira a algo mais do que o tempo transcorrido após o grito do Ipiranga, masneste caso teria <strong>de</strong> reconhecer a contradição do seu patriotismo e, por conseguinte,da idéia <strong>de</strong> que era recente o vínculo com a civilização e a revoluçãofrancesas.Gonçalves <strong>de</strong> Magalhães não esmorece no seu intuito <strong>de</strong> repisar a importânciaque a Revolução Francesa assumia, com justa razão, aos seus olhos. Se“o Brasil <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser colônia e à categoria <strong>de</strong> reino irmão foi elevado”, <strong>de</strong>ve-sea que, “sem a Revolução Francesa, que tanto esclareceu os povos, estepasso tão cedo se não daria. Com este fato, uma nova or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> cousas abriu-separa o Brasil”, pois o Brasil “parece pautar suas ações e seguir as pegadas da naçãofrancesa”. O encômio aos liames progressistas com a França culmina coma assertiva <strong>de</strong> que “é inegável que, com a França, o nosso comércio científico eliterário particularmente tem existido. Originais ou traduzidos <strong>de</strong>ram os autoresfranceses a Portugal no século XVIII as ciências e as letras, e por conseguinteao Brasil”.Embora proce<strong>de</strong>nte, o pensamento do introdutor do nosso Romantismonão escon<strong>de</strong> o quanto havia <strong>de</strong> arroubo emocional na sua análise. O que, <strong>de</strong>resto, não lhe tira pertinência; mais ainda, refletia um estado <strong>de</strong> coisas, umespírito <strong>de</strong> época, em que tal entusiasmo se difundia por outros literatos quebuscavam na literatura francesa o mol<strong>de</strong> para as suas criações segundo os parâmetrosromânticos. Ainda surgem na pena do ensaísta outros nomes franceses,como Buffon, Montesquieu, Lamartine, sempre em <strong>de</strong>corrência dalouvação do comércio intelectual entre o Brasil e a França. A apologia terminacom um certo tom <strong>de</strong> libelo, ao louvar o gênio, segundo a concepção72

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