Missão Francesa <strong>de</strong> 1816:esplendor e rupturaAlfredo BrittoAtransferência da Família Real para a colônia no Novo Mundoem 1808 aten<strong>de</strong>u diretamente a interesses <strong>de</strong> Portugal e aquestões européias. Para o Brasil, no entanto, suas conseqüências seesten<strong>de</strong>ram por todo o século XIX, acelerando o processo <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendênciae implantação do Império, e operando transformaçõesem todos os setores da vida nacional.A chegada <strong>de</strong> 15 mil europeus numa cida<strong>de</strong> com cerca <strong>de</strong> 60 mil(25% a mais) não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> causar um enorme impacto. Haviacarência <strong>de</strong> quase tudo. De habitação a víveres. Uma rápida e violentaintervenção foi feita em sua estrutura física, para po<strong>de</strong>r dotar eoferecer o mínimo <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> habitabilida<strong>de</strong> para os fidalgos.Mas não só um cotidiano funcionando satisfaria as exigências <strong>de</strong>ssecontingente acostumado a mordomias, a favores e lazeres.D. João VI logo percebeu a carência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s para o alimentodo espírito e o progresso do saber. Seu conselheiro mais proeminente,Antônio <strong>de</strong> Araújo Azevedo, o Con<strong>de</strong> da Barca, a figura <strong>de</strong>maior prestígio e brilho do reino, que acumulava po<strong>de</strong>r nos postosArquiteto.Co-autor (comAlberto Xavier eAna LuizaNobre) do livroArquiteturaMo<strong>de</strong>rna no Rio <strong>de</strong>Janeiro. Rioarte /FundaçãoVilanova Artigas/ Pini, Rio <strong>de</strong>Janeiro, 1991.57
Alfredo Britto<strong>de</strong> Ministro da Marinha e Domínios Ultramarinos, <strong>de</strong> interino no Ministérioda Guerra e dos Estrangeiros, além <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>nte do Real Erário no período <strong>de</strong>1814 a 1817, o convenceu a contratar um grupo <strong>de</strong> artistas e artífices capazes<strong>de</strong> aqui fundar uma escola <strong>de</strong> ciências, artes e ofícios.Portugal vivia um mau momento na produção e no ensino <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s.Apesar dos <strong>de</strong>sgastes com a França, <strong>de</strong>vido ao conflito napoleônico, houvecomum acordo <strong>de</strong> lá se buscar os mestres <strong>de</strong>sejados. Em 1815 o Encarregado<strong>de</strong> Negócios <strong>de</strong> Portugal em Paris, Francisco José Maria <strong>de</strong> Brito, procurouJoaquim Lebreton, secretário perpétuo da classe <strong>de</strong> Belas Artes do Institut <strong>de</strong>France, que naquele momento <strong>de</strong> restauração do reino dos Bourbons haviasido afastado <strong>de</strong> todos os cargos por suas fortes convicções napoleônicas.Com apoio <strong>de</strong> Nicolau A. Taunay, também do Institut <strong>de</strong> France, procuroureunir os que, além da competência comprovada, não estivessem vinculados afunções públicas no novo reinado.Foi ao encontro <strong>de</strong> duas figuras já consagradas no meio artístico francêsque, por coincidência, acabavam <strong>de</strong> ser convidados por Perrier e Fontaine, seusantigos mestres, a seguir para São Petersburgo, para servirem como arquitetosda Casa Imperial do Czar Alexandre I e professores da Imperial <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>de</strong>Belas Artes – o arquiteto Auguste Henri Victor Grandjean <strong>de</strong> Montigny(1776-1850) e Jean-Baptiste Debret, o pintor e <strong>de</strong>senhista encarregado do ensinoe registro dos panoramas e costumes da Colônia portuguesa. O fascíniotropical e a imagem <strong>de</strong> um paraíso <strong>de</strong>sconhecido, em substituição a geleiras conhecidas,e o formalismo russo fez-lhes mudar o rumo.Lebreton assumiu a chefia da Missão, resolvendo vários conflitos pessoais,e completou o grupo com: Nicolau-Antoine Taunay, pintor e membro do Intitut <strong>de</strong> France; Auguste-Marie Taunay, escultor, Gran<strong>de</strong> Prêmio <strong>de</strong> Roma; Charles Simon Pradier, gravador; Segismund Neukomm, compositor, organista; Francis Ovi<strong>de</strong>, engenheiro mecânico.58
- Page 2 and 3: A França no BrasilPaulo Napoleão
- Page 4 and 5: A França no BrasilIgualmente, não
- Page 6 and 7: A França no Brasilmorreria nessas
- Page 8 and 9: A França no BrasilOutro problema d
- Page 10 and 11: A França no Brasilmentos, sobretud
- Page 12 and 13: João Cointha, umheterodoxo na Fran
- Page 14 and 15: João Cointha, um heterodoxo na Fra
- Page 16 and 17: João Cointha, um heterodoxo na Fra
- Page 18 and 19: João Cointha, um heterodoxo na Fra
- Page 20 and 21: João Cointha, um heterodoxo na Fra
- Page 22 and 23: João Cointha, um heterodoxo na Fra
- Page 24 and 25: João Cointha, um heterodoxo na Fra
- Page 26 and 27: João Cointha, um heterodoxo na Fra
- Page 28 and 29: João Cointha, um heterodoxo na Fra
- Page 30: João Cointha, um heterodoxo na Fra
- Page 33 and 34: Alberto Venancio FilhoA reflexão d
- Page 35 and 36: Alberto Venancio Filhoseus costumes
- Page 37 and 38: Alberto Venancio Filhotrigo. As pr
- Page 39 and 40: Alberto Venancio Filhocoches”, re
- Page 41 and 42: Alberto Venancio Filhodepoimentos d
- Page 43 and 44: Alberto Venancio FilhoA festa brasi
- Page 45 and 46: Alberto Venancio FilhoMontaigne”.
- Page 47 and 48: Alberto Venancio Filhoque o homem a
- Page 49: Retrato de Granjean de Montigny, ar
- Page 53 and 54: Alfredo BrittoMal as obras se inici
- Page 55 and 56: Alfredo BrittoGrandjean de Montigny
- Page 57 and 58: Alfredo BrittoArnaud Julien Palliè
- Page 60 and 61: Paris, berço doRomantismo brasilei
- Page 62 and 63: Paris, berço do Romantismo brasile
- Page 64 and 65: Paris, berço do Romantismo brasile
- Page 66 and 67: Paris, berço do Romantismo brasile
- Page 68 and 69: Paris, berço do Romantismo brasile
- Page 70 and 71: Paris, berço do Romantismo brasile
- Page 72 and 73: Paris, berço do Romantismo brasile
- Page 74: Paris, berço do Romantismo brasile