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Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras

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João Cointha, um heterodoxo na França AntárticaAnchieta, quando volta a expor a história <strong>de</strong> Cointha, o acusa <strong>de</strong> ser a figuracentral da polêmica religiosa que fora criada na América portuguesa, indicandoconhecer o seu <strong>de</strong>stino fora do Brasil:“Um dos moradores <strong>de</strong>sta Fortaleza (<strong>de</strong> Coligny) era um João <strong>de</strong> Bolés,homem douto nas letras latinas, gregas e hebraicas e muito lido na SagradaEscritura, mas gran<strong>de</strong> herege. Este, com medo <strong>de</strong> Villegaignon, que pretendiacastigá-lo por suas heresias, fugiu com alguns outros para São Vicente,nas canoas dos Tamoios, que iam lá à guerra, com pretexto <strong>de</strong> os ajudar. Echegando à Fortaleza da Bertioga, se meteu nela com os seus e se ficou emSão Vicente. Ali começou logo a vomitar a peçonha <strong>de</strong> suas heresias. Aoqual resistiu o Padre Luís da Grã e o fez mandar preso à Bahia. E daí foimandado pelo Bispo Dom Pedro Leitão a Portugal, e <strong>de</strong> Portugal foi para aÍndia e nunca mais apareceu.” 28O Senhor <strong>de</strong> Bolés, com a <strong>de</strong>rrota dos franceses no Rio <strong>de</strong> Janeiro, voltounovamente a São Vicente, on<strong>de</strong> já polemizara com o Padre Luís da Grã. Este,da primeira vez que Cointha se refugiara em Bertioga e começara a questionaro catolicismo, o <strong>de</strong>nunciara à Inquisição, agindo assim novamente com o retornodo francês que ajudara os portugueses a <strong>de</strong>rrotar os compatriotas. Bolés,ao embarcar para o reino português para receber recompensas pela ajuda queprestara a Mem <strong>de</strong> Sá na conquista do Forte Coligny, <strong>de</strong>sconhecia tais <strong>de</strong>núnciasdo jesuíta; quando o navio em que viajava parou na Bahia, o Bispo D. PedroLeitão, que recebera as <strong>de</strong>núncias, o mandou pren<strong>de</strong>r. Ele ficou nos cárceresbaianos por cerca <strong>de</strong> três anos. Depois <strong>de</strong> muito apelar até mesmo ao Inquisidor-Geral,Cointha foi remetido para a prisão da Santa Inquisição <strong>de</strong> Lisboa,a fim <strong>de</strong> ser julgado pelo crime <strong>de</strong> heresia. Lá, acabou sendo absolvido das acusaçõesnos processos oriundos da América, pelos relevantes serviços prestados28 ANCHIETA, S.J., Joseph <strong>de</strong>. Cartas, Informações, Fragmentos Históricos e Sermões. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Civilização <strong>Brasileira</strong>, 1933, p. 312. In: Informação do Brasil e <strong>de</strong> suas Capitanias (1584).30

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