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Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras

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Massaud Moiséscom a glória, uma in<strong>de</strong>pendência individual e um título <strong>de</strong> mais, ao contrário,parece <strong>de</strong>smerecê-los e <strong>de</strong>sviá-los da liga dos homens positivos, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhososdizem: é um poeta”. Nem por ser antilusitano, <strong>de</strong>ixa ele, no entanto, <strong>de</strong> reconhecerem Camões um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> poeta superior, arrastado, exclusivamente,pelo amor da poesia e da pátria: estaria Gonçalves <strong>de</strong> Magalhães repercutindoa lição <strong>de</strong> Garrett, ao tomar o autor <strong>de</strong> Os Lusíadas como expressão, na vida e naobra, do que viria a ser a revolução romântica? Ou é pura coincidência? Numcaso ou noutro, o resultado não se altera: a Liberda<strong>de</strong> é o fundamento do Romantismo,como reconhece, aliás, o “exilado” em Paris.De on<strong>de</strong> o afã <strong>de</strong> recusar a imitação clássica, que preferia copiar o mo<strong>de</strong>loestilístico dos autores greco-latinos em vez <strong>de</strong> buscar na essência da mímese,conforme Aristóteles, o mo<strong>de</strong>lo a imitar. O tom é quase <strong>de</strong> diatribe, <strong>de</strong> fundonitidamente didático, contra os que consumiram a “mocida<strong>de</strong> no estudo dosclássicos latinos ou gregos”, que [...] [lêem] “Voltaire, Racine, Camões ou Filinto,e não cessa[m] <strong>de</strong> admirá-los muitas vezes mais por imitação que porprópria crítica”. A inquisição termina por uma pergunta que seria ferina se nãoocultasse um pedido ou uma sugestão, em que se embute claramente o patriotismoe, por conseqüência, a mesma falta <strong>de</strong> crítica própria que acusa nos outros:“apreciais vós as belezas naturais <strong>de</strong> um Santa Rita Durão, <strong>de</strong> um Basílioda Gama, <strong>de</strong> um Caldas?”. É óbvia a dissonância manifesta na preferência porestes poetas <strong>de</strong> menor envergadura que os anteriores, resultante <strong>de</strong> um patriotismonão-crítico ou uma capacida<strong>de</strong> limitada <strong>de</strong> raciocínio analítico. Nãoobstante, o clima respirado nos anos 30 do século XIX em Paris po<strong>de</strong>ria virem socorro do autor se preten<strong>de</strong>sse <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-se da restrição que o seu pensamento,transcorridos quase dois séculos, po<strong>de</strong> sugerir em todos quantos percorremo ensaio <strong>de</strong> 1836 em busca <strong>de</strong> sinais do romantismo em marcha.A esse patriotismo meio ingênuo, que incita o autor a dizer que a pátria“respira livremente, respira, cultiva as ciências, as artes, as letras, a indústria, ecombate tudo que entrevá-las po<strong>de</strong>”, soma-se, contraditoriamente, a certeza<strong>de</strong> que era <strong>de</strong> timbre europeu e, mais do que isso, <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m clássica, a literaturaproduzida na Colônia, evi<strong>de</strong>nte na poesia então praticada, qual “uma grega70

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