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Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

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O livro originalmente publicado em 1985, foi sintomaticamente republicado<br />

em versão revista e ampliada, em 2003, em pleno boom de filmes<br />

sobre o povo. 5 A nova edição registra, na Apresentação e em capítulo<br />

do Apêndice, ter sido escrito antes que o autor tivesse a chance de ver<br />

Cabra marcado para morrer, 6 obra que o crítico registra como “divisor de<br />

águas”. 7 O filme de <strong>Ed</strong>uardo Coutinho, apontado como marco também<br />

por Ismail Xavier, 8 realiza uma revolução nessas relações. O diretor assume<br />

a primeira pessoa do singular em uma das vozes over que compõem<br />

o complexo plano sonoro de um filme, que articula trechos filmados antes<br />

que a irrupção do golpe militar interrompesse o filme e as vidas das<br />

pessoas que trabalhavam nele. Materiais de arquivo são intercalados com<br />

as andanças de Coutinho para encontrar os personagens daquele projeto<br />

anterior e com registros contemporâneos desses personagens assistindo<br />

ao material captado quase 20 anos antes. O resultado é uma autorreflexão<br />

sobre o fazer fílmico, especialmente sobre as relações entre cineasta e personagens<br />

populares, e também sobre as conexões entre a luta política do<br />

pré-64, o golpe, a repressão desigual, a migração para a cidade grande e<br />

os novos bairros que ela engendra, a democratização, a televisão e o fazer<br />

cinema em 1984. Cabra se estabelece como cinema de indagação, aberto<br />

aos questionamentos suscitados pelo próprio fazer fílmico. Em 2010, a<br />

mostra “Cineastas e Imagens do Povo” retoma o livro de Bernardet associado<br />

aos filmes estudados, renovando a atualidade da reflexão em torno<br />

de quem filma o que, como, onde e para quem, repostas do pensamento<br />

contemporâneo a partir de diversas perspectivas pós-estruturalistas, de<br />

Pierre Bourdieu a Jacques Rancière.<br />

A conexão Bernardet/Coutinho instiga desafios interessantes. O<br />

percurso do cinemanovista, participante como produtor de Cinco x favela<br />

5 J. C. Bernardet, Cineastas e imagens do povo (São Paulo: Companhia das Letras,<br />

2003).<br />

6 1984, <strong>Ed</strong>uardo Coutinho.<br />

7 Bernardet, Cineastas, 9.<br />

8 I. Xavier, O <strong>Cinema</strong> Brasileiro Moderno (São Paulo: Paz e Terra, 2001).<br />

106 QUEBRADA?

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