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Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

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eflexão é que os filmes que a gente faz são de enfrentamento, em todas<br />

as instâncias. Creio que as comunidades gostam muito dos nossos filmes,<br />

principalmente quem tá numa questão de produção, de reflexão, eles respeitam<br />

e gostam dos filmes, mas não tenho a ilusão de que os nossos filmes<br />

serão populares. Agora, eu também tenho muita vontade de fazer um<br />

filme popular – assim, também não sei o que significa popular, popular<br />

significa “isso”, eu não tenho essa noção. Eu tenho uma pista, uma suspeita<br />

do que seria isso, tenho uma ideia para o cinema popular –, eu quero<br />

filme de ação. Meu próximo filme é propositadamente um filme de ação,<br />

que vai ter bangue-bangue, gangues, todos esses aspectos assim, sabe,<br />

perseguição de carro, tudo isso. O filme é Grande Sertão <strong>Quebrada</strong>s, são as<br />

Veredas na Ceilândia, sabe? Vai ter o bangue-bangue, vai ter, mas é um<br />

filme, vai queimar cartório. O filme propõe ter uma gangue que vai matar<br />

latifundiários, mas é uma ação comum, então em vez dos cavalos do Grande<br />

Sertão, serão os carros velhos, tipo Mad Max. Na verdade, vai ser Mad<br />

Max, com os arquétipos de herói, de vilão. Eu queria fazer um filme, tentar<br />

entender um filme que assimilasse muito mais a relação de gênero tradicional,<br />

o gênero de um filme americano, mas que o mesmo tempo tentasse<br />

jogar esses personagens, numa gramática, num corpo de periferia, assimilando<br />

radicalmente esse gênero, pensando que o gênero não tem dono.<br />

Quem disse que o gênero é de Hollywood? O gênero é do mundo, é desde<br />

Aristóteles, né. Entre o Grande Sertão, a gente tá fazendo agora um filme<br />

chamado Era Uma Vez Brasília, que é um filme louco também. Vocês não<br />

devem conhecer o Spectreman, que era um seriado japonês dos anos 1970,<br />

não sei se você lembra, que deu origem ao Jaspion. Pronto. Ele evoluiu pra<br />

outra série, virou Jaspion. Vai ter um disco voador no filme. É um documentário,<br />

mas vai ter um disco voador no filme e um cara chega pra alguns<br />

personagens da Ceilândia, que são os mesmos personagens da cidade<br />

de Branco Sai. Vão chegar pra esses caras e falar que existe um grande<br />

complô internacional em Brasília, que toda a bancada evangélica na verdade<br />

é uma bancada abduzida por seres extragalácticos que querem dominar<br />

o mundo, blá, blá, blá, e eles vão ser treinados pra combater, como<br />

o Jaspion. Vai ter uma grande maquete de Brasília, de isopor, e vai existir<br />

226 QUEBRADA?

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