Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
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migração para ondas abertas, possível com a TV Digital. Algumas emissoras,<br />
como a TV Aberta de São Paulo, transmitem semanalmente cerca de<br />
170 programas produzidos por incontáveis associações de diferentes orientações<br />
políticas e ideológicas, numa lógica de tolerância e coexistência.<br />
As TVs comunitárias têm sido criticadas pelos desníveis na qualidade<br />
técnica dos programas exibidos ou pela baixa audiência dos programas.<br />
Contudo, há que se entender sua existência exatamente nessa limitação:<br />
a diversidade dos conteúdos e dos realizadores traz naturalmente a discrepância<br />
de qualidade, que deve ser entendida como característica dessas<br />
emissoras e não como deficiência. A busca da uniformidade da qualidade,<br />
como acontece nas TVs convencionais, dificulta a participação de novos<br />
produtores; elimina a possibilidade de diversidade; impede a experimentação<br />
e a inovação, sempre em nome de um padrão de qualidade. Para as<br />
emissoras locais e comunitárias, a saída é a busca por políticas públicas que<br />
facilitem o investimento em melhores equipamentos, em cursos de formação<br />
técnica e de ampliação de repertório audiovisual para os realizadores.<br />
No que concerne aos baixos índices de audiência, uma indagação parece<br />
atravessar a história do audiovisual popular: para que produzir se<br />
ninguém vê? Essa questão assombrou os produtores populares nos anos<br />
1980 e 1990, quando existiam apenas espaços de exibição junto a grupos de<br />
discussão. Chegar a uma TV era a vitória máxima. A busca por audiência similar<br />
à das grandes redes, com sua programação voltada ao grande público,<br />
sempre foi o ponto fraco das emissoras educativas, públicas, universitárias<br />
e comunitárias. Afinal, de que adianta uma TV diferenciada, de qualidade,<br />
se ninguém a vê? Aqui, há um equívoco na definição de público e audiência.<br />
A questão não deve ser equacionada em termos de audiência absoluta, mas<br />
de audiência dentro de um limitado público-alvo.<br />
Em seu livro The Daily Planet, Patricia Aufderheid 6 tem uma frase interessante<br />
sobre a relação entre TVs públicas e TVs comunitárias e o con-<br />
6 Patrícia Aufderheid, The Daily Planet (Minneapolis: University of Minnesota<br />
Press, 2000), 115.<br />
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