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Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

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também eu acho que existe uma poesia e uma necessidade de falar que é<br />

diferente nas pessoas que não estão necessariamente na universidade ou<br />

no curso de cinema, que é fundamental para que o cinema possa evoluir.<br />

Eu acho que o rompimento do cinema passa, na minha cabeça, por um<br />

rompimento gramatical, no sentido de a gente falar diferente, de ter um<br />

tempo e um ritmo diferentes, a gente é gago, a gente fala rápido, blá, blá,<br />

blá, essas coisas, e isso imprime uma força muito grande na tela. Então,<br />

é fundamental assumir que esse é o lugar de fala e que essa gramática é<br />

muito rica, e acho que ainda a universidade tende a podar isso. Ela tende a<br />

nos jogar pro lugar do senso comum ou de uma, ou de um tipo de cinema<br />

que é um muito status quo, vamos dizer assim, cinema de mercado – e é<br />

um absurdo o mercado no Brasil. O que é esse mercado, né? A gente não<br />

vai para lugar nenhum. Ou ainda tem uma coisa que eles estão colocando<br />

como cinema de arte, que eu gosto pra caramba, gosto tanto de cinema<br />

de mercado quanto de arte. Eu assisto Blade Runner, Mad Max, me amarro<br />

nesses filmes, sabe? São filmes que eu vi na minha infância e até hoje eu<br />

assisto, vamos dizer assim, o cinemão. E gosto daquele cinema de arte, só<br />

que também tenho muito medo desse cinema de arte, assim, tenho muito<br />

medo de ser colocado nesse lugar. Eu acho que é um lugar falso pra gente,<br />

assim, porque arte é gueto, sabe, e arte te remete a um lugar diferente, de<br />

elite. Eu acho que é muita besteira, eu acho que nosso cinema é um cinema<br />

de operário também, é um cinema de correria, que a gente constrói as<br />

coisas e seria bom se a gente pudesse trabalhar nisso. Se eu tiver algum ou<br />

não, isso é o tempo que vai me dizer, mas acho que não é necessariamente<br />

assim: “Eu quero fazer um filme de arte”, acho que isso é uma besteira<br />

também, a gente quer fazer um filme que você goste, independente de qual<br />

seja o enquadramento. Mas só pra fechar tua pergunta, se a universidade,<br />

principalmente com o cinema, ao mesmo tempo que ela possibilita esse<br />

avanço, então acho que a contradição tá nessa balança aí: ao mesmo tempo<br />

que ela possibilita esse avanço, ela também é perigosa, no sentido de<br />

a gente achar que é diferente por ser universidade, de a gente pensar que<br />

somos seres maravilhosos, tocados por uma excelência, por uma inteligência.<br />

Eu acho isso uma besteira porque joga a gente no gueto da arte. Porque<br />

218 QUEBRADA?

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