Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
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o gueto da arte é o gueto, assim, essa é uma discussão que eu tenho muito<br />
com as pessoas, eu falo justamente isso: “Ó, não me chamem de artista,<br />
por favor”, porque eu nego essa condição. Porque o artista é o cara do gueto,<br />
o artista é o cara que vai ganhar menos nos editais públicos, o artista<br />
é o cara que tá empoderado e que não tem empoderamento, que não vai<br />
ter salário de cinema, que não vai ter distribuição, e ele acha bonito isso,<br />
de estar num lugar que poucas pessoas podem ver ou que poucas pessoas<br />
podem compreender. Enfim, é uma questão mais complexa, mas eu quero<br />
dizer que tem essa contradição em relação ao ensino público, porém penso<br />
que o acesso à universidade pública é o maior avanço que a gente teve nos<br />
últimos dez anos.<br />
LORENA: Já que você mesmo tocou nesse ponto, como você acha que<br />
seriam, num mundo ideal, as políticas públicas necessárias pra democratização<br />
da produção e distribuição também do cinema nacional?<br />
ADIRLEY: Então, a experiência que eu tenho no cinema é muito pouca na<br />
verdade, se pensar em relação a de muitas pessoas. Eu estou no cinema de<br />
2005 até hoje, tenho nove anos de cinema, vamos dizer assim, nove anos<br />
ininterruptos, eu vivo 24 horas pensando em cinema. Eu termino um já<br />
querendo fazer o próximo, eu sou muito compulsivo nesse sentido, eu já<br />
quero fazer sempre, sabe? O festival terminou na terça-feira, na quarta a<br />
gente estava fazendo entrevista na rua pra uma pré-esquete, pra colocar<br />
na feira. É que a gente gosta de cinema, a gente gosta de estar filmando, e<br />
isso nos leva a pensar em muitas coisas, se o cinema da gente poderia ser<br />
comunicável ou não no nível, vamos dizer assim, “popular”, entre aspas,<br />
né? Popular é muito relativo, na verdade, mas será que o nosso cinema<br />
poderia dialogar com uma comunidade maior, com um grupo maior? Eu<br />
penso que sim, eu acho que o cinema conseguiria dialogar com muitas<br />
pessoas, existem vários cinemas e o nosso também poderia. O “nosso cinema”<br />
que eu falo é de várias pessoas que ocupam o circuito, que passa<br />
desde Tiradentes a Brasília esse ano, foi muito sintomático. Semana dos<br />
Realizadores, esses festivais que têm um certo tipo de cinema, né? Em São<br />
Paulo tem um grupo muito forte – que é o pessoal, o Lincoln [Péricles], o<br />
ENTREVISTAS – ADIRLEY QUEIRÓS 219