Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
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disso, porque às vezes a gente planejava o dia da gravação e quando ia ver<br />
os equipamentos, tavam emprestados pra um outro grupo, outra pessoa,<br />
desenvolvendo um trabalho, então a gente tinha que ficar na fila.<br />
WILQ: Esse espaço que o NEGRO JC falou era um centro de mídia<br />
juvenil, né, ficava na Ação <strong>Ed</strong>ucativa, que funcionou como um espaço<br />
de democratização de acesso a alguns equipamentos, mas não<br />
funciona mais. Emprestavam equipamentos pra vários grupos na periferia<br />
de São Paulo, que podiam agendar e pegar projetor, câmera,<br />
podiam ir lá acessar a ilha de edição, tinha oficina de <strong>vídeo</strong>, enfim.<br />
No fundo quem deveria fazer isso era a USP. Enfim, outros espaços<br />
públicos deviam cumprir esse papel que a Ação <strong>Ed</strong>ucativa acabou<br />
cumprindo durante um tempo. De certa forma abriu as portas.<br />
MONTANHA: Abriu, abriu as portas, porque você alugava uma PD 170, que<br />
na época era bala pra quem não tinha dinheiro, né. Essa câmera era top de<br />
linha e a gente tinha, pô. Uma coisa é você falar que a gente consegue fazer<br />
produções com uma qualidade maior, que a gente consegue editar o <strong>vídeo</strong><br />
usando o Final Cut, usando Mac, por que não? No caso, essas ONGs realmente<br />
abriram as portas e depois de um tempo outras começaram a circular<br />
também. Lógico que existem ONGs e ONGs, e tem os ongueiros também que<br />
só vivem disso, né. Mas ok, eu acho que é importante, desde que você tenha<br />
os princípios. Porque eu lembro que também tem ONG que tinha muito esse<br />
tipo de trabalho, né: “Vou pegar os caras da periferia e vamos levar pro restaurante<br />
chique”, depois até vi isso sendo retratado no Quanto Vale Ou É Por<br />
Quilo. E foi louco porque o quando eu assisti, numa sala de cinema, vi muito<br />
ongueiro xingando: “Ah, mas os trabalhos que as ONGs fazem é importantíssimo,<br />
se não fossem as ONGs vocês não teriam isso, vocês não teriam aquilo”.<br />
Eu falei: “Mano, mas tá brava por quê?”. Teve gente que se levantou e saiu<br />
andando, eu falei: “Mano, que bagulho louco, velho”, o pessoal se incomodou<br />
mesmo. E aí você vê e pensa: “Tem algo errado aí, né”. Mas com a Ação <strong>Ed</strong>ucativa<br />
a gente teve sempre um bom relacionamento. A Ação <strong>Ed</strong>ucativa sempre<br />
foi uma casa. Naquela época telefone era escasso, às vezes a gente ia até<br />
a Ação <strong>Ed</strong>ucativa pra conseguir ligar pra entrar em contato com as pessoas.<br />
ENTREVISTAS – FILMAGENS PERIFÉRICAS 205