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Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

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grupo de homens maravilhosos, do que há de melhor na terra, nada disso.<br />

Somos como todo mundo, com as contradições, com os problemas. Vamos<br />

avançar muito se a gente colocar como meta que não seremos refém de<br />

ninguém, nem de nós mesmos, entendeu? A gente não vai virar refém de<br />

nós mesmos daqui a dois anos. Eu tenho experiência. Se a gente fica falando<br />

que somos bonzinhos, daqui dois anos o cara te cobra uma decisão coletiva<br />

que talvez não seja a melhor possível, talvez num dado momento a<br />

melhor decisão é bater de frente com o coletivo, falar assim: “Epa, nós<br />

estamos há quatro anos aqui e a gente não tá enxergando, inclusive, que a<br />

gente é a maior opressão da quebrada”. Por exemplo, a CeiCine, em certo<br />

sentido ela é opressora já na Ceilândia: como ela criou uma evidência muito<br />

forte, é um parceiro muito forte, eu imagino que pros grupos novos seja<br />

dificílimo aparecer no lugar, entendeu? Aí às vezes os caras falam assim:<br />

“Ah, eu tentei formar um coletivo”, como se nos pedisse a benção, falei:<br />

“Cara, vai embora, pelo amor de Deus. Mata a gente, bate na gente, porque<br />

vocês pedirem a nossa benção é besteira, a gente não é político, nem é ninguém,<br />

não. Vocês precisam fazer o que vocês querem, o que vocês querem”.<br />

Eu quero dizer o seguinte, se os coletivos ficarem nessa carapuça de que<br />

eles são legais, que eles já têm a fórmula e a fórmula correta pra fazer as<br />

coisas, eles vão ser opressores. Entendeu o que eu estou falando? A gente<br />

tem que ir inclusive pro mercado. Todos nós desses coletivos vamos nos<br />

foder, todos, sem problema algum. Precisamos entender que a gente vai se<br />

lascar daqui a cinco, dez anos. Então não dever isso, no sentido de não ter<br />

apego a isso. Não tenho apego de eu foder meu coletivo ou o cinema de<br />

quebrada. Não ter apego a isso, então joga pro outro, passa a bola, sabe?<br />

Até temos o nosso valor, nosso valor histórico inclusive, mas a gente construiu<br />

isso até aqui, vamos botar na mesa pra outro pegar e reconstruir. Talvez<br />

o outro pegue e piore, aí a gente volta e dá um pau, mas sem ter apego<br />

a essas decisões de pensar que o coletivo é uma coisa importante. Esse<br />

coletivo, na minha cabeça, só terá a potência coletiva se a gente souber<br />

expor os nossos defeitos. Uma coisa é se a gente vem como bloco inteligente<br />

e empoderado, influenciando nas políticas públicas – isso é fundamental<br />

–, a influência digital, a gente tá influenciando a universidade também,<br />

ENTREVISTAS – ADIRLEY QUEIRÓS 241

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