Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
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(1962), 9 roteirista em A Falecida (1965), 10 diretor de Faustão (1970), entre<br />
outros, e se torna documentarista a partir de sua experiência como redator<br />
e diretor no Globo Repórter. Deixa a televisão, passa pelo <strong>vídeo</strong> popular antes<br />
de se consolidar como referência no documentário brasileiro, com uma<br />
sequência de obras que reflexionam questões interessantes a esse debate.<br />
No Instituto Superior de Estudos da Religião (ISER), <strong>Ed</strong>uardo Coutinho<br />
realiza Santa Marta – duas semanas no morro, projeto para o Ministério<br />
da Justiça sobre violência nas favelas do Rio de Janeiro. Nesse filme, Marcinho<br />
VP, que 13 anos depois seria personagem de Notícias de uma guerra<br />
particular, então adolescente, participa de uma discussão filmada sobre o<br />
tema. O ano é 1986, mesmo ano da batida policial no Quadradão e também<br />
da fundação do Centro de Criação de Imagem Popular (CECIP), organização<br />
sem fins lucrativos, que integra a ABVP com seu trabalho pioneiro de<br />
televisão de rua – a TV Maxombomba – na baixada fluminense e diversos<br />
projetos em comunicação e educação. 11 Em 2014, o CECIP ainda continua<br />
ativo com seus diversos projetos nessa área. Coutinho fez parte do centro<br />
até sua morte em 2013.<br />
O trabalho de Coutinho reelabora sucessivamente uma maneira de<br />
fazer cinema que vai se tornando cada vez mais abstrata e conceitual, mas<br />
sempre em torno dos limites e potencialidades da encenação. Em 1992,<br />
durante os intervalos da filmagem de um <strong>vídeo</strong> institucional, o diretor filma<br />
Boca de Lixo no lixão de São Gonçalo, em que a visibilidade ou não da<br />
vida naquele meio é uma das questões que aparecem na relação da equipe<br />
do <strong>vídeo</strong> com as pessoas que vivem do trabalho no local.<br />
Em 1999, o CECIP produz Santo Forte, documentário que – no mesmo<br />
ano de Notícias e Fé de Ricardo Dias – opta por uma aproximação minimalista,<br />
desprovida de imagens que possam sugerir mais que as falas. Em<br />
sua busca por um cinema que valoriza o instante de filmagem e também a<br />
9 Marcos Faria, Miguel Gomes, Cacá Diegues, Leon Hirszman e Joaquim Pedro de<br />
Andrade, produzido pelo Centro Popular de Cultura em 1962.<br />
10 1965, Leon Hirszman.<br />
11 Cf. http://www.cecip.org.br<br />
O CINEMA IMAGINATIVO DE ADIRLEY QUEIRÓS 107