Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
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O PT é, então, identificado como um dos espaços de confluência das<br />
classes populares e compunha o quadro de ações coletivas que buscavam<br />
a alteração do modo de vida e da organização política da sociedade.<br />
[…] as votações recolhidas pelo MDB nas eleições a partir de 1974, a extensão<br />
e as características de movimentos populares nos bairros de periferia da<br />
Grande São Paulo, a formação do chamado ‘Movimento do Custo de Vida’,<br />
o crescimento de correntes sindicais contestadoras da estrutura ministerial<br />
tutelar, o aparecimento das comunidades de base, as greves a partir de 1978,<br />
a formação do Partido dos Trabalhadores seriam manifestações de um comportamento<br />
coletivo de contestação da ordem social vigente. 22<br />
Pela simetria das matrizes discursivas é possível qualificar a fundação da AB-<br />
VMP como uma vertente audiovisual do comportamento coletivo de contestação<br />
da ordem social vigente. Visualizar essa dimensão histórica da Associação<br />
Brasileira de Vídeo no Movimento Popular contribui com a compreensão<br />
de seu significado e realidade. Os pressupostos e modos de agir da ABVMP<br />
serão alterarados ao longo dos anos pelo espelhamento ou refração das alterações<br />
dos pressupostos e modos de agir do PT e dos movimentos populares.<br />
A importância da Associação estava em seu sentido coletivo, em seus<br />
<strong>vídeo</strong>s e no modo de agir entre os grupos que tinham, muitas vezes, atuações<br />
locais, especificas e pontuais. A ação local, a micropolítica, não perdia<br />
pontos de contato com o contexto macro; na década de 1980 as diferentes<br />
<strong>lutas</strong> e segmentos da sociedade percebiam com clareza sua interdependência<br />
e a importância do intercâmbio. Sendo a proposta central do movimento<br />
dar voz e ser a expressão daqueles que, excluídos econômica e politicamente,<br />
não tinham acesso aos meios de comunicação, os <strong>vídeo</strong>s acabam<br />
por revelar parte da história que não foi contata pelos meios de comunicação<br />
oficiais além de serem um quadro de referência de procedimentos<br />
22 <strong>Ed</strong>er Sader, Quando novos personagens entram em cena (São Paulo: Paz e Terra,<br />
1988), 30.<br />
BUSCA DE IDENTIDADE DO COLETIVO DE VÍDEO POPULAR DE SÃO PAULO COMO POSICIONAMENTO POLÍTICO... 69