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JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

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espeito de alguma forma. Não pode ser objetivo nem aprecia devidamente o que<br />

não lhe diz respeito, e isso aplica-se também aos seus filhos. As conversas neuróticas<br />

raramente transcendem assuntos pessoais e o "eu" está sempre presente, porque o<br />

interesse do neurótico encontra-se no "eu" não realizado. A pessoa normal interessase<br />

por si mesma de forma diferente. Não é preciso que tudo no mundo se relacione<br />

com ela, mas, ainda assim, está sempre pronta a relacionar-se com o mundo. Nunca<br />

usa o seu mundo externo para cobrir o interno.<br />

O indivíduo normal nunca se sente solitário. Ele pode sentir-se só, mas é de<br />

forma muito diferente daquela que sentia antes. É uma sensação diferente em que<br />

não entra o pânico nem o medo. A solidão do neurótico não permite ficar só pois<br />

tem necessidade de companhia para fugir ao catastrófico sentimento <strong>Primal</strong> de ser<br />

rejeitado e solitário durante toda a sua vida. Os inventores do rádio no automóvel<br />

compreendiam a solidão neurótica. Isso é quase como um remédio para a Dor. É uma<br />

defesa fornecida de graça para que o neurótico não sinta a sua solidão. Para o<br />

normal esse rádio pode ser considerado como uma invasão de sua intimidade.<br />

O normal é direto e podemos sentir isso pela forma como reage. A vida do<br />

neurótico é sempre exagerada para mais ou para menos. Desde que percebe o<br />

repúdio por suas reações verdadeiras ele é obrigado a agir de forma falsa ou então<br />

de não reagir de forma alguma. Por exemplo, uma paciente convidou uma amiga<br />

neurótica para vir ver seu novo apartamento. Perguntou-lhe o que achava da<br />

decoração e a outra disse que bem desejaria que o seu tapete fosse tão bonito<br />

quando o dela. Ela só via o aposento em termos de suas próprias necessidades e a<br />

sua reação foi tipicamente neurótica. Sempre que ouvem alguma anedota, os<br />

neuróticos procuram sempre abafá-la com uma outra melhor.<br />

Sempre que alguém sente necessidade de "identificar-se" em lugar de sentir,<br />

nós presenciamos essa reação imprópria. Assim, o normal reage de forma<br />

apropriada, não porque esteja procurando produzir efeito ou porque tenha lido em<br />

algum livro de etiqueta, mas sim porque ele sente o que é apropriado. Isso significa<br />

que para ser um bom pai ele não precisa andar às voltas com o Manual dos Bons<br />

Pais. Ele será sempre uma pessoa natural e permitirá que seus filhos sejam também<br />

naturais.<br />

Uma vez que já não precisa esconder o sentimento da falta de importância,<br />

ele não precisa também lutar para ser tratado como alguém muito especial em toda<br />

a parte onde vai. Para o neurótico isso é geralmente uma ocupação de tempo<br />

integral. Parte da necessidade do neurótico é verse sempre rodeado de gente, para<br />

não sentir-se solitário, ou então entrar para clubes para esconder o sentimento de<br />

nunca haver pertencido a uma verdadeira família. Para o normal toda essa luta<br />

incessante já acabou.<br />

As lutas dos neuróticos são todas elas fabricadas. Assim uma mulher pode<br />

passar anos fazendo compras sem jamais sentir-se satisfeita com o que comprou. E é

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