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JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

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pensava. A Dor me vinha em imensas vagas diversas vezes por dia e frequentemente<br />

eu tinha que sair quase chorando. Todas as noites<br />

sonhava que meus pais me rejeitavam e até mesmo me odiavam e despertava<br />

com um soluço na garganta. Achava difícil sair da cama e quase impossível funcionar<br />

como professora durante a semana. Parecia-me que aquela Dor duraria para sempre.<br />

Agora já fazem nove meses que comecei com a terapia. Já sou uma nova<br />

pessoa, ou antes, já sou eu mesma. Os meus sintomas psicossomáticos estão<br />

começando a desaparecer. Já não sinto mais a tensão que pensara ter de suportar<br />

durante toda a minha vida.<br />

Embora tivesse atravessado um período de promiscuidade sexual eu era<br />

frígida antes, durante e depois dessa época. Não conseguia sentir coisa alguma, nem<br />

mesmo o prazer sexual. Verifico agora que quando tento conter a manifestação de<br />

um sentimento, fico absolutamente frígida, mas logo que sinto alguma coisa de mim<br />

mesmo, já não estou mais nessa condição.<br />

Não preciso mais de drogas para me esconder do fato de minha solidão<br />

absoluta. Aprendi que preciso sentir a minha Dor para poder livrar-me dela<br />

definitivamente em lugar de mantê-la afogada em drogas. Já não preciso mais de<br />

drogas. Já sinto e percebo que meus pais nunca me amaram nem jamais me amarão<br />

como sou. Escolhi ser eu mesma em lugar de tentar, consciente e<br />

inconscientemente, descobrir o que eles desejam em troca de seu amor. Sou livre.<br />

Suicídio<br />

O recurso ao suicídio, na minha opinião, é quando falharam todas as<br />

tentativas da pessoa para matar a sua Dor. Quando a neurose não consegue aliviar a<br />

Dor, a pessoa pode ser forçada a medidas mais drásticas. Pode parecer paradoxal,<br />

mas o suicídio é o último refúgio da esperança para o neurótico decidido a ser irreal<br />

até o fim.<br />

Uma moça de vinte e nove anos que se submeteu à Terapia <strong>Primal</strong> tentou o<br />

suicídio alguns meses antes de começar o tratamento. Tinha sido abandonada pelo<br />

amante. Ela implorou, pediu e finalmente ameaçou-o, mas foi tudo em vão. Foi para<br />

casa e preparou tudo metodicamente. Separou noventa pílulas em lotes de seis que<br />

começou a engolir inteiramente desligada. Mas a certa altura, quando começou a<br />

sentir a respiração difícil, ela entrou em pânico, chamou uma amiga e pediu-lhe que<br />

viesse com o médico.<br />

Quando foi abandonada pelo amante sentiu-se desprezada e sem amor. Logo<br />

que ele saiu ela começou a reviver todo o vazio que sentira quando era criança,<br />

quando fora também rejeitada pelos pais. Tentou matar-se quando sentiu o impacto

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