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JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

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se ligando a um símbolo e não à criança. A criança que recebe aquilo que se parece<br />

com amor é aquela que se torna, portanto, um neurótico simbólico em lugar de<br />

alguém que pode se dizer dono de sentimentos próprios. Pois é esse filho preferido<br />

que foi completamente destruído quem, a mais das vezes, funciona bem em sua<br />

vida. O rebelde, aquele que não se conformou nem se submeteu, talvez nunca<br />

funcione bem, mas, ainda assim, talvez se aproxime mais de um ente humano do que<br />

o seu outro irmão que funciona bem.<br />

A pobre criança que é a favorita muitas vezes apanha da outra menos<br />

favorecida e passa toda a sua mocidade pagando por um crime que foi cometido<br />

pelos pais. Em um certo sentido, esse ciúme ou inveja é a forma que o filho menos<br />

favorecido procura para conseguir a sua parte.<br />

O ciúme infantil continua pela vida inteira e o filho invejoso ou ciumento,<br />

ignorado pelos pais, pode crescer e ter filhos que ele punirá e amesquinhará quando<br />

exigirem atenção de sua mãe. Essa situação persistirá até que a pessoa encontre o<br />

contexto certo para sua raiva plenamente sentida.<br />

A criança não somente se sente zangada por não ser amada como também se<br />

sente frustrada por não ter conseguido dar amor a ninguém. Além disso há ainda a<br />

amargura de nem mesmo poder pedir o amor que necessita. Um paciente disse que<br />

exigir amor na sua casa era considerado um crime e um outro tinha medo de chegarse<br />

ao pai para não ser considerado maricas.<br />

Para aqueles que acreditam que o ciúme, a inveja e a hostilidade são instintos<br />

naturais no homem, eu só posso dizer que os sonhos de meus pacientes que<br />

terminam a <strong>Primal</strong>, e também o seu comportamento diário, são completamente<br />

desprovidos de qualquer conteúdo de raiva, ciúme ou inveja. Assim, mesmo que eles<br />

conseguissem controlar isso durante o dia, seria de esperar que tudo surgisse nos<br />

sonhos quando os controles são mais frouxos, mas não é o que acontece. Isso indica<br />

que o conceito de um conglomerado instintivo de agressão deve estar errado. Se<br />

realmente há qualquer instinto, ele deverá ser pelo amor, ou seja, pela própria<br />

pessoa.<br />

Medo<br />

Quando meu filho tinha dez anos, ele começou a ter terrores noturnos sem<br />

que eu pudesse compreender a razão. Tinha medo de um homem que estava no<br />

armário. Isso durou um mês até que eu resolvi tirar a coisa a limpo. Uma noite,<br />

quando ele ia para a cama e pediu-me que deixasse as luzes acesas e o rádio ligado<br />

eu resolvi submetê-lo a uma <strong>Primal</strong>. Obriguei-o a mergulhar naquela sensação de<br />

medo para que ela tomasse conta dele. Ele começou a tremer e a voz afinou. Dizia<br />

que não queria e que tinha medo. Eu insisti. Quando mergulhou no terror eu lhe

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