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JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

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Eu considero como sinal de neurose quando os meus pacientes ainda sentem<br />

raiva. Primeiro, porque isso implica uma falsa esperança. Segundo, porque a raiva<br />

implica as necessidades que continuam a existir nas criancinhas que ainda não se<br />

desligaram dos pais. Não existe a raiva de adulto, se o paciente já é realmente<br />

adulto, pela mesma razão que ele não se zangaria pelo comportamento neurótico<br />

em qualquer outra pessoa. Seria um adulto vendo objetivamente a neurose dos pais.<br />

A objetividade é a ausência de sentimentos inconscientes que fazem uma pessoa<br />

desviar a realidade da Dor encaminhando-a para a satisfação da necessidade. Seriam<br />

apenas mais dois adultos neuróticos. Só há raiva contra os pais quando a pessoa quer<br />

que eles mudem para o que ela quer. Desde que a necessidade seja satisfeita a raiva<br />

desaparece.<br />

O que realmente existe nos pacientes Primais é o grande sentido de tragédia<br />

quanto a uma infância desperdiçada. Há, ao mesmo tempo, um grande alívio já que<br />

terminou a luta de uma vida inteira. Os pacientes não se interessam por vinganças<br />

pelo que aconteceu no passado, já que dão mais importância para a nova vida que<br />

têm diante deles.<br />

Ciúme e Inveja<br />

O ciúme e a inveja são outras duas faces da raiva, e também são causados<br />

pelo sentimento de falta de amor dos pais. Como a criança não pode mostrar uma<br />

hostilidade direta pelos pais, ela tende a se desviar para os irmãos que passam a ser<br />

apenas símbolos.<br />

Por que será a criança zangada e ciumenta? Talvez porque desde cedo os pais<br />

transmitem a elas uma noção que o amor é, de certa forma, uma quantidade<br />

limitada e que depressa se gasta. Então estão sempre mostrando os irmãos como<br />

exemplo para tudo e a criança fica então com a impressão que não está recebendo<br />

toda a sua parte e daí o ciúme. Implícito nesse sentimento está a existência de partes<br />

e isso acontece nos lares de neuróticos onde os pais não dão abertamente e sim<br />

apenas vão distribuindo aos poucos e sempre com alguma "condição." A criança é<br />

então obrigada a lutar por tudo que quiser e poderá mostrar-se zangada com os<br />

outros que estão ameaçando a sua porcentagem.<br />

A ausência de ciúme ou inveja significa um amor completo. Na minha opinião<br />

essa condição não existe naturalmente nas crianças, e aliás, nem tampouco a raiva. É<br />

possível que brigue com os irmãos, mas são geralmente os pais que mais exigem,<br />

criticam e negam o que a criança precisa. São os pais que se mostram impacientes e<br />

irritáveis com manifestações infantis e que talvez podem mostrar preferências por<br />

uns em detrimento de outros. O que os pais neuróticos veem quando olham para os<br />

filhos é a esperança, a imagem do que precisam — respeito, adulação, atenção. Estão

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