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JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

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permita a sua sobrevivência.<br />

O que aconteceu com essa mulher lá no seu orfanato foi o resultado do<br />

sistema de proteção do corpo. As defesas corporais que a acompanharam durante<br />

sua vida tinham se desenvolvido porque o seu trauma e split haviam começado antes<br />

do desenvolvimento do intelecto e a possibilidade de defesas intelectuais. Eu não<br />

acredito que houvesse exercícios que mais tarde pudessem reavivar o seu sistema<br />

muscular. Depois de sua terapia, em que reviveu os traumas infantis que haviam<br />

enrijecido e tolhido a sua musculatura, ela sentia-se liberada e "leve." Pela primeira<br />

vez podia dançar com desembaraço sem sentir-se tolhida e morta como vinha<br />

acontecendo desde que nascera. Tornara-se mais viva depois de verificar como<br />

estivera morta.<br />

Recentemente tivemos em nossa Terapia <strong>Primal</strong> um atleta levantador de<br />

pesos. Tinha o vício de namorar seu corpo num espelho. Tudo que via era uma<br />

tensão cuidadosamente construída. Contemplava o seu sistema de defesa e tentava<br />

construí-lo fisicamente, tudo para fugir à impressão de ser fraco e desamparado. Sua<br />

atitude inconsciente funcionava da seguinte maneira: "Não tenho quem tome conta<br />

de mim. Tenho que ser forte para proteger-me." O simbolismo é: "se eu agir e tiver a<br />

aparência de um homem, eu então serei um homem." Na Terapia <strong>Primal</strong> ele<br />

começou a sentir-se como o menino fraco e desprotegido que realmente era.<br />

Tivemos que suspender todos os seus exercícios com pesos, ou seja, deixá-lo sem<br />

proteção o bastante para que ele sentisse essa fraqueza.<br />

A cura da neurose deve sempre atentar para todo o sistema. Nós, terapeutas,<br />

passamos décadas falando para a fachada irreal de nossos pacientes pensando ser<br />

possível convencê-los a abandonar as necessidades e as Dores que a produziam. Não<br />

há força na terra que consiga fazer isso.<br />

Talvez possa haver quem diga que isso não faz diferença. Que o principal é a<br />

pessoa sentir-se bem e que não há razão para achar que pode ficar melhor do que<br />

está simplesmente porque alguém diz que isso é possível. É claro que a coisa não é<br />

assim. Eu estou pensando em muita gente como os homossexuais, por exemplo, que<br />

acabaram resignando-se com a sua doença porque chegaram à conclusão sincera de<br />

não haver outra alternativa. Embora a maioria dos neuróticos não esteja satisfeita,<br />

eles sofrem apenas um ligeiro mal-estar enquanto suas defesas funcionarem. Mas é<br />

preciso que eles saibam que há uma alternativa, que há uma condição de bem-estar<br />

que eles nem podem imaginar. É possível que tenham se valido do LSD em algum<br />

período de sua vida para atingir um estado de incrível magnitude. Talvez tenham<br />

atribuído à droga essa sensação. Eu não concordo. As drogas não trazem sensações.<br />

São as pessoas que as sentem. Isto é, são as pessoas sem neuroses, e eu creio que a<br />

maior contribuição da Terapia <strong>Primal</strong> é permitir que as pessoas experimentem suas<br />

próprias sensações.

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