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JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

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Durante as últimas semanas coisas estranhas estão acontecendo em meus<br />

sonhos. Eles não são muito difíceis de lembrar mas também não tenho certeza se<br />

alguma coisa acontece neles. Aliás tudo tem sido muito estranho com meu sono nas<br />

duas últimas semanas. É como se eu estivesse acordado sabendo que estava<br />

dormindo e também dormindo sabendo que estava mesmo dormindo. É um negócio<br />

louco assim. Uma ou duas vezes acordo (pelo menos penso) perguntando-me se<br />

estou mesmo acordado. É na "dimensão" dessa experiência que eu venho dormindo.<br />

Estou chorando agora porque sinto-me ainda mais louco quando escrevo isto. Mas,<br />

realmente, parece que o sono é para mim uma coisa com dimensão na qual funciona<br />

um novo sentido, talvez aquele sétimo sentido indefinido. Coisas estranhas<br />

acontecem com esse sentido, mas não consigo lembrar-me de nada.<br />

Já por duas vezes verifiquei que sei que estou dormindo. Em outras palavras,<br />

eu acredito que alguma coisa dentro da mente funciona quando estamos dormindo.<br />

Talvez seja, outra vez, o tal sétimo sentido indefinido. Eu não estava sonhando que<br />

dormia. Eu estava dormindo e aquilo era como se eu estivesse acordado por dentro<br />

enquanto a minha parte externa estava ali dormindo.<br />

2 de junho<br />

Hoje eu senti-me envolvido por um movimento, o movimento e ritmo de<br />

alguma sensação que não conseguia explicar. Afinal, dentro de uns trinta ou<br />

quarenta minutos, ela veio à tona. Tinha alguma coisa a ver com desejo, nada em<br />

especial, apenas desejo. Parecia concentrar-se inteiramente em minha boca.<br />

Finalmente esse desejo manifestou-se em voz alta. De repente senti a necessidade<br />

urgente de chamar meus pais, chamar, chamar e chamar. O chamado era tão forte<br />

como se a minha própria vida estivesse dependendo de eu ser ouvido. Eu chegava a<br />

sentir meus gritos vindo de minhas entranhas mas, mesmo assim, não sentia<br />

satisfação alguma. Naquela fração de segundo do nada, vivendo aquilo que sentia,<br />

percebi completamente que estava sendo ouvido. Na realidade, naquela fração de<br />

segundo parecia que meu corpo já havia sentido o vazio, mas a minha mente tinha<br />

que passar por três alternativas a fim de estabelecer uma ligação: 1) Eu não podia ser<br />

ouvido; 2) Eu não era ouvido; 3) Eu era ouvido. A número 3 foi a ligação instantânea.<br />

Eu era ouvido, mas eles não me ouviam, eles simplesmente não estavam ligando<br />

muito. Eu digo "eles" porque o desejo, naquele ponto da experiência <strong>Primal</strong>, não era<br />

dirigido para o pai ou a mãe especialmente. O pleno impacto daquele<br />

reconhecimento total provocou em mim uma torrente de lágrimas. As lágrimas<br />

escorriam e eu respirava bem já que o nariz não estava mais obstruído. Nesse ponto<br />

ouvi o meu grito. Para mim essa é a única verdadeira maneira de chorar quando se<br />

chora com todo nosso ser.<br />

Então pareceu que minha boca parecia estar funcionando. Senti uma<br />

premente necessidade de chupar, de chupar mesmo. Aquilo era difícil de fazer.

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